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Bolsonaro: só falta definir acertos sobre SP para fechar filiação no PL

Anúncio da filiação de Bolsonaro provocou movimentação de diretórios, sobretudo os do Nordeste, que buscam autonomia

Jair Bolsonaro (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
AO

Agência O Globo

Publicado em 10 de novembro de 2021 às 12h24.

A confirmação da filiação de Jair Bolsonaro ao PL depende ainda de um acerto sobre candidaturas em São Paulo. O presidente afirmou que irá conversar nesta quarta-feira com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e "acha" que o assunto pode ser definido ainda hoje, se essas arestas forem acertadas.

A conversa entre os dois deve ocorrer ainda nesta manhã, e o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente, deve estar presente. Bolsonaro disse que a chance de ingressar no PL, que integra o Centrão, é de 99,9%.

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— Hoje vou conversar com Valdemar Costa Neto e acho que devemos bater o martelo. Só tem um pequeno detalhe que envolve São Paulo, que tem 30 milhões de eleitores, é o segundo maior PIB do país, depois da União. Se eu vier a disputar a reeleição, quero ter candidato ao governo de São Paulo, ao Senado e uma bancada de indicados (ao Congresso Nacional). Falta acertar esse pequeno detalhe com o Valdemar, que acredito que acerte hoje — disse Bolsonaro, em entrevista nesta manhã a Rádio Cultura, do Espírito Santo.

Bolsonaro afirmou q​​​​​​​ue, se for mesmo para o PL, irá levar "mais solução do que problemas" e que irá levar com ele um grupo de deputados que hoje integram sua base. O presidente voltou a defender a necessidade de ter uma chapa forte para senadores em todo o país. — Não que o governador esteja em segundo plano — disse.

Questionado sobre a presença de um candidato da terceira via na eleição de 2022, Bolsonaro afirmou que não gostaria de misturar eleição com política, mas citou uma passagem bíblica.  — Seja quente ou seja frio. Não seja morno que te vomito - afirmou Bolsonaro, citando um trecho de Apocalipse.

Bolsonaro voltou a criticar a CPI da Covid e afirmou se tratar de "CPI Eleitoreira" dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Alas do PL resistem à chegada de Bolsonaro e acenam a adversários do presidente

Logo após o ingresso de Jair Bolsonaro ao PL ser dado como certo, parlamentares de oposição ao governo já falam em deixar a legenda, enquanto diretórios estaduais tentam assegurar a autonomia para manter acordos regionais e acenam a adversários do titular do Palácio do Planalto. A maior resistência está no Norte e Nordeste.

Os principais entraves estão no Amazonas, Ceará, Piauí, Alagoas e Pará. Além disso, em São Paulo, o PL está apalavrado com o vice-governador (PSDB) Rodrigo Garcia, que disputará o governo do estado. Nesta quarta-feira, tucanos ainda acreditavam manter o compromisso com o PL.

Na Assembleia Legislativa paulista, por exemplo, o PL tem sete deputados, e a maioria costuma votar a favor dos projetos do governador João Doria, opositor de Bolsonaro e candidato nas prévias do PSDB.

Interlocutores de Valdemar afirmam que o cacique tentará conciliar as diferenças, mas não vai se esforçar para manter na sigla quem impuser resistência. A avaliação é que, apesar de possíveis saídas, a entrada de bolsonaristas será vantajosa ao PL.

Crítico de Bolsonaro, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), não esconde o desconforto, mas diz que ainda não tomou qualquer decisão. O parlamentar, porém, já adiantou que não estará no mesmo palanque que o presidente da República:

— Incomoda (a entrada de Bolsonaro), mas não é uma decisão que eu tomarei agora no calor dos acontecimentos.

Aliado do governador Wellington Dias (PT) no Piauí, o deputado federal Fábio Abreu (PL-PI) disse ao GLOBO que obteve com o presidente do PL a garantia que poderá atuar de modo independente. Caso isso não se sustente de agora em diante, adianta que ele e a deputada Marina Santos, também filiada ao PL no Piauí, deixarão a sigla.

— No nível nacional, o partido está na base do governo, mas, nas votações, já vínhamos de forma independente e estava claro para ele (Valdemar) que continuaríamos nesse caminho. Ele deu uma garantia de que a vamos continuar com essa autonomia.

O desconforto também ocorre em Alagoas, onde o deputado federal licenciado Maurício Quintella (PL) é secretário de Infraestrutura do governo Renan Filho (MDB-AL), que deve apoiar o ex-presidente Lula (PT) em 2022. Nas redes sociais, Quintella, que foi ministro de Transporte do presidente Michel Temer, critica Bolsonaro abertamente.

“Como chegamos até aqui? Essa é a grande reflexão que nós brasileiros devemos fazer depois da tragédia de Bolsonaro!”, escreveu Quintella no Twitter, em setembro.

No Ceará, o PL é comandado pelo grupo do ex-prefeito da cidade de Euzébio Acilon Gonçalves, aliado do senador Cid Gomes (PDT) e do atual governador, Camilo Santana (PDT) — o pedetista Ciro Gomes é pré-candidato à Presidência em 2022. O grupo tem o controle de seis das 19 prefeituras da Região Metropolitana de Fortaleza.

Aliados admitem a “saia-justa” do político e não descartam uma debandada local. Em nota, o diretório estadual disse que o o partido “tem a experiência e sabedoria para unir o partido e fazer com que ele cresça cada vez mais nas eleições de 2022.”

No Pará, o PL é aliado do governador Helder Barbalho (MDB), que concorrerá à reeleição. O diretório local, porém, acredita que a situação será contornada.

— Não vemos dificuldades de Bolsonaro no nosso partido, desde que a autonomia no palanque estadual seja assegurada — disse o deputado Cristiano Vale (PL-PA).

No Rio Grande do Sul, o PL é base de apoio ao governador Eduardo Leite (PSDB-RS), que também disputa as prévias para ser candidato a presidente e costuma ser alvo de ataques de bolsonaristas, inclusive de cunho homofóbico.

Procurado, o presidente no PL do Rio Grande do Sul e vice líder do governo Bolsonaro, o deputado federal Giovani Cherini (PL-RS) preferiu não comentar o assunto

Na Bahia, os deputados federais do PL João Carlos Bacelar, Raimundo da Pesca e José Rocha, apoiam a gestão de Rui Costa. O deputado estadual Victor Bonfim costuma votar em acordo com os interesses do governador petista na Assembleia Legislativa local.

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