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Governo Bolsonaro decide manter Bebianno como ministro

A informação foi dada ao ministro pelos colegas Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo)

Bolsonaro e Bebianno (Ricardo Moraes/Reuters)

Bolsonaro e Bebianno (Ricardo Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 14h03.

Última atualização em 15 de fevereiro de 2019 às 14h45.

Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro afirmam que ele decidiu atender aos apelos políticos e manter o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, no cargo. O presidente ainda não conversou com o ministro.

A informação foi dada a Bebianno pelos colegas Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo).

Ambos fazem parte do grupo que trabalhou para amainar a crise entre Bolsonaro e Bebianno e garantir a permanência do ex-presidente do PSL no governo.

Bebianno, que foi chamado publicamente de mentiroso pelo presidente e seu filho Carlos, avisou que não pediria demissão, apesar da pressão, e que caberia a Bolsonaro tomar a iniciativa se quisesse.

O acertado nas conversas é que o vereador Carlos Bolsonaro não mais interferirá nas questões do governo. Mas a informação de que o filho do presidente será "controlado" a partir de agora causa desconfiança de que essa parte do acordo será realmente cumprida.

Carlos tem feito ataques a membros do governo e chegou a divulgar o áudio de Whatsapp do pai para corroborar seu ataque a Bebianno, a quem chamou de mentiroso.

A disputa entre Carlos e Bebianno é antiga. O ministro deixou vazar ainda na transição que o vereador integraria o governo, o que provocou críticas até mesmo de eleitores de Bolsonaro nas redes sociais condenando o nepotismo. Esse movimento tirou de Carlos a chance de despachar do Planalto.

Onyx e Santos Cruz foram ao encontro de Bebianno após conversarem com o presidente sobre o caso. Como o jornal O Estado de S. Paulo revelou na quinta-feira, preocupados com a ação dos filhos, que em vários momentos têm trazido diferentes crises para o governo e com a proteção que eles têm recebido do pai, os "bombeiros" do Planalto entraram em campo.

Mais do que proteger Bebianno, esses interlocutores do presidente estão convencidos de que "é preciso estancar" essa ação dos filhos de Bolsonaro, que estariam prejudicando o país.

Lembram que misturar família e governo nunca deu bons resultados e isso, mais uma vez, está sendo provado com seguidos episódios nestes menos de dois meses de nova administração.

Além das desavenças com Carlos, a tensão instalada entre Bolsonaro e Bebianno tem origem em suspeitas de financiamento de candidaturas laranjas pelo PSL.

A crise ocorre no momento em que o Planalto tenta manter coesão para as negociações da pauta de votação mais importante no Legislativo, a da reforma da Previdência.

Entenda a crise

Desde o último domingo, quando o jornal Folha de S.Paulo revelou um esquema envolvendo candidaturas laranjas no PSL, o futuro do ministro no governo estava incerto.

Bebianno era o presidente do partido na época dos repasses. As suspeitas recaem principalmente em uma candidata de Pernambuco que recebeu do partido 400 mil reais de dinheiro público.

Maria de Lourdes Paixão, 68 anos, virou candidata de última hora para preencher vaga remanescente de cota feminina. Ela gastou 95% do dinheiro em uma única gráfica para a confecção de 9 milhões de santinhos e 1,7 milhão de adesivos.

Há, ainda uma segunda suspeita que recai sob Bebianno. Ele liberou, também durante o período eleitora, 250 mil reais de verba pública, para a campanha de uma ex-assessora Érika Siqueira.

Ela repassou parte do dinheiro para a mesma gráfica usada por Maria de Lourdes, que não tem maquinário para impressões em massa.

Uma outra reportagem da Folha, mostra que a empresa pertence a um membro do diretório estadual do PSL em Pernambuco e recebeu, ao todo, R$ 1,23 milhão dos fundos eleitoral e partidário.

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