BC trabalha para manter funcionalidade do mercado, diz Ilan
O presidente do Banco Central não quis comentar possíveis efeitos da atual crise política sobre a Selic, taxa básica de juros da economia
Agência Brasil
Publicado em 18 de maio de 2017 às 20h30.
O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse hoje (18) que a autoridade monetária está trabalhando para manter a funcionalidade do mercado.
Goldfajn chegou no final da tarde ao Ministério da Fazenda para uma reunião com o ministro Henrique Meirelles.
"Estamos fazendo nosso papel de manter a funcionalidade do mercado trabalhando de forma serena, de forma firme, usando os instrumentos que a gente tem. Nós estivemos intervindo no mercado de swaps [leilão de dólares] em coordenação com o Ministério da Fazenda e o Tesouro Nacional, que anunciou alguns leilões. Estamos trabalhando para atravessar esse período", disse.
O presidente do BC não quis comentar possíveis efeitos da atual crise política sobre a Selic, taxa básica de juros da economia, atualmente em um ciclo de queda e que caiu um ponto percentual, para 11,25%, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em abril.
"A questão que estamos trabalhando hoje não tem relação mecânica e direta com a política monetária. A política monetária é uma decisão que será tomada nas reuniões ordinárias do Copom, baseada nos objetivos tradicionais do comitê", disse Goldfajn.
A próxima reunião do comitê ocorre em 30 e 31 de maio.
Ontem (17), antes de uma reportagem de O Globo antecipar a divulgação de parte do conteúdo da delação dos empresários Joesley Batista e Wesley Batista, donos do grupo JBS, dar início a uma crise política envolvendo o presidente da República, Michel Temer, e o senador tucano Aécio Neves (PSDB-MG), Goldfajn chegou a sinalizar que o Copom poderia intensificar o ritmo de redução dos juros.
O encontro com Goldfajn não estava na agenda de Meirelles, divulgada por volta das 20h de ontem (17) e foi incluído no fim da manhã de hoje (18), substituindo uma reunião com o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que foi desmarcada.
Intervenções
O BC fez hoje quatro leilões de swap cambial tradicional, o que equivale à venda de dólares no mercado futuro e ajuda a segurar a alta ou forçar uma queda da moeda.
Tanto o BC quanto o Tesouro Nacional divulgaram notas pela manhã afirmando que estavam monitorando os mercados.
O dólar nesta quinta-feira fechou com alta de 7,9%.
O Tesouro também atrasou a abertura do Tesouro Direto "devido à forte volatilidade nas taxas de juros dos títulos públicos".
Por volta das 10h, o Tesouro informou que, também em razão da volatilidade no mercado, não realizaria leilões de venda de Letras do Tesouro Nacional (LTN) com vencimentos em abril de 2018 e 2019 e em julho de 2020.
Houve ainda o cancelamento do leilão de Letras Financeiras do Tesouro Nacional (LFT) com vencimento em março de 2023.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a paralisar as atividades no início do pregão desta quinta-feira.
As operações foram suspensas por meia hora a partir do mecanismo do circuit breaker, que amortece movimentos bruscos do mercado.
A paralisação ocorre sempre que o Ibovespa cai mais do que 10%. Na abertura desta manhã, índice da bolsa chegou a cair 10,6%.