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"Batom na cueca": VEJA divulga novos áudios de Joesley

Em novos áudios, Joesley fala sobre ida a Nova York, delação premiada, a relação entre Janot e Temer, e muito mais

 (Adriano Machado/Reuters)

(Adriano Machado/Reuters)

Luiza Calegari

Luiza Calegari

Publicado em 29 de setembro de 2017 às 09h41.

Última atualização em 29 de setembro de 2017 às 11h50.

São Paulo - A revista VEJA obteve novos áudios das conversas do empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, que foram recuperados pela Polícia Federal. A revista já tinha divulgado outros trechos da conversa anteriormente.

Em um deles, o empresário informa a "Gabriel" (supostamente o deputado federal Gabriel Guimarães (PT-MG) os critérios necessários para fechar uma delação premiada.

“Ô, meu, é a coisa mais simples do mundo, porque se você tem problema e o problema é, como se diz, batom na cueca, ô, meu, corre lá e faz a porra dessa delação”, diz Joesley.

"Batom na cueca" é uma expressão utilizada para afirmar que as evidências de um ato imoral ou ilegal são incontestáveis. Nesse caso, Joesley aconselhou que, quando não é possível negar o crime cometido, é melhor fechar um acordo de delação.

As delações de Joesley Batista e Ricardo Saud, que era diretor de relações institucionais da J&F, formaram a base das denúncias contra o presidente Michel Temer.

No entanto, eles anexaram, sem querer, áudios nos quais insinuam que tiveram ajuda de dentro da PGR para fechar o acordo.

Depois disso, o ex-procurador geral Rodrigo Janot decidiu suspender os benefícios combinados. Agora, ambos estão presos.

"Eles querem f... o PMDB"

Uma das conversas foi gravada depois de uma reunião na PGR e aconteceu entre Joesley, Saud e Francisco de Assis e Silva, diretor jurídico da J&F.

Sobre as negociações, Saud diz: "achei que ganhamos eles". O diretor jurídico, então, rebate: "nós só temos um risco: o compromisso político do Janot com o Temer".

Não fica claro, mas ele parece se referir a uma suposta aliança entre o PGR e o presidente.

Saud adverte: “Mas não tem (o risco) com o Aécio. Nós temos as duas opções. Ele não pode se dar bem com o PSDB e o PMDB”. E conclui: “eles (os procuradores) querem f… o PMDB”.

Decolagem a NY

Outro trecho de áudio mostra uma conversa entre Joesley, Ricardo Saud, Francisco Assis e Silva e a advogada da JBS, Fernanda Tórtima.

A certa altura, Francisco pergunta a Joesley se ele pode marcar a decolagem. Fernanda Tórtima, então, pergunta se ele iria embora no mesmo dia.

Joesley responde: "vou amanhecer em Nova York, se Deus quiser. Eu vou ficar aqui, Fernanda? Você está louca? Soltar uma bomba dessa aí e ficar aqui fazendo o quê?".

Outros tópicos

Ainda segundo VEJA, ao longo de 38 minutos de conversa, Joesley e Gabriel comentam "estragos" da lei das organizações criminosas, que não teria sido pensada para casos de políticos.

Além disso, Joesley também detalha como montou uma estratégia de corrupção envolvendo o procurador Ângelo Goulart Villela. Ele relata ainda que contava ao senador Renan Calheiros sobre o andamento do acordo de leniência da J&F.

Ouça os áudios:

Joesley relata conselhos que diz ter dado a um amigo sobre a conveniência de fechar uma delação.

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Joesley reclama dos métodos da investigação e relata conversa com o procurador Anselmo Lopes

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Joesley fala sobre a lei de combate ao crime organizado

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Joesley comenta a velocidade com que as autoridades negociaram a leniência da JBS

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Joesley especula sobre quem serão os próximos a delatar

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Joesley fala sobre as dívidas da empresa

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