Brasil

Barraca de pastel em São Paulo vale até R$ 500 mil

Devido o pequeno número de autorizações para vender comidas nas ruas, conseguir um cadastro clandestinamente pode sair muito caro

Pastel da Maria: segredo do bicampeonato foi a raspa de limão siciliano (Divulgação)

Pastel da Maria: segredo do bicampeonato foi a raspa de limão siciliano (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2012 às 09h55.

São Paulo - É possível experimentar quase tudo nas ruas de São Paulo. Mas, sem regulamentação oficial, só pastel, caldo de cana e cachorro-quente podem ser vendidos livremente. E, mesmo assim, em barracas e carrinhos cadastrados. Hoje, são 1.554. O número reduzido de autorizações rende um mercado clandestino de compra e venda de licenças, praticado especialmente nas feiras, onde um pasteleiro cobra até R$ 500 mil pelo cadastro.

A transferência não é proibida pela Prefeitura, mas a cobrança, sim. Segundo feirantes ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, porém, a única forma de trabalhar nesse meio é investir pesado na compra de uma matrícula da Supervisão de Abastecimento de São Paulo. Os preços variam de acordo com o número de feiras que o vendedor tem autorização para trabalhar e a localização delas.

Quem compra recebe toda a estrutura para montar a barraca. E, dependendo do negócio, o pacote inclui caminhões e acessórios diversos, como fogões e mesas. O mesmo vale para o caldo de cana, com uma diferença: o preço cai pela metade.

O cálculo leva em conta o faturamento dos produtos. "Normalmente, vende-se um copo de caldo de cana a cada três pastéis. Por isso, o pastel é mais caro", explica Angela Maria Kyota, de 43 anos. Segundo a feirante, quem vende o cadastro busca a aposentadoria.

Às vezes, as propostas enchem os olhos de quem ainda não conseguiu fazer uma poupança, apesar de dar duro nas feiras há anos. É o caso do pasteleiro Eiji Teshima, de 46 anos, que vende pastel desde os 16. Recentemente, recebeu uma oferta de R$ 500 mil. "Era um dinheiro muito bom, que usaria para comprar um imóvel. Mas, e depois? Não teria trabalho", diz.

Para quem está começando, o investimento vale a pena. Há três anos, S.S., de 39, voltou ao Brasil após uma temporada de 12 anos no Japão. "Desisti de morar lá por causa da crise e resolvi me arriscar no ramo dos pastéis. Na época, tive sorte e encontrei uma família que queria vender a licença e ainda parcelou em 24 vezes", diz. Hoje, a barraca tem sete funcionários e cinco feiras.

Nos fins de semana, a venda de pastéis chega a dobrar, principalmente nas feiras mais tradicionais, como a do Pacaembu, onde a mais famosa pasteleira de São Paulo, bicampeã do concurso que elege o melhor pastel da cidade, também comprou seu espaço. "Não me lembro quanto paguei, mas hoje não vendo nem por R$ 1 milhão", diz Maria Yonaha. A Prefeitura promete fiscalizar e coibir a prática ilegal. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasMetrópoles globaisPonto comercialsao-paulo

Mais de Brasil

Após jovem baleada, Lewandowski quer acelerar regulamentação sobre uso da força por policiais

Governadores avaliam ir ao STF contra decreto de uso de força policial

Queda de ponte: dois corpos são encontrados no Rio Tocantins após início de buscas subaquáticas

Chuvas intensas atingem Sudeste e Centro-Norte do país nesta quinta; veja previsão do tempo