As posses que Cunha declarou e o que a PGR diz que ele tem

São Paulo – Suspeito de receber – no mínimo – 5 milhões de reais em propinas e com mais de 10 milhões de reais bloqueados em contas secretas na Suíça, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), declarou ao Tribunal Superior Eleitoral ( TSE ) deter um patrimônio de 1,6 milhão de reais.

O valor é quase 40 vezes menor do que a estimativa do banco americano Merril Lynch sobre o tamanho do espólio do presidente da Câmara.

Segundo cálculos do banco – feitos há cerca de 20 anos, quando Cunha abriu uma conta na instituição -, o então ex-presidente da Telerj era dono de um patrimônio de aproximadamente 16 milhões de dólares, ou o equivalente a cerca de 62 milhões de reais na cotação de hoje.

As informações foram listadas no pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para abertura de um novo inquérito contra o peemedebista apresentado ao Supremo Tribunal Federal ( STF ) na última quinta-feira para investigar as contas do presidente da Câmara no exterior.

No documento, o banco apresenta Cunha como detentor de um “perfil agressivo e com interesse em crescimento patrimonial” cuja “fortuna seria oriunda de aplicações do mercado financeiro local e do investimento do mercado imobiliário carioca”, afirma texto da PGR.

O que Cunha declarou a o Tribunal Superior Eleitoral

A lista de posses apresentada por Cunha junto com sua candidatura às eleições de 2014, contudo, sugere outro tipo de perfil.

De acordo com a declaração, o presidente da Câmara tem em seu nome três salas comerciais em um imóvel no centro do Rio de Janeiro (RJ) e metade de um apartamento na zona norte da capital fluminense. Juntos, os imóveis somam 510 mil reais.

O único veículo declarado por Cunha é um Corolla 2007.

O bem de maior valor apresentado por Cunha é a empresa C3 Participações Artísticas e Jornalísticas, da qual é sócio. O presidente da Câmara afirmou ter também ações da OGX, petroleira de Eike Batista. Veja:

O que a Procuradoria-Geral da República suspeita que ele e a esposa têm

De acordo com investigações do Ministério Público da Suíça, o peemedebista e a mulher são respondem por duas contas no banco Julius Baer, com sede no país. Em abril deste ano, a Justiça da Suíça bloqueou o equivalente a 10,3 milhões de reais em ambas contas.

Outras duas contas – uma delas em Edimburgo, na Grã Bretanha – cujo beneficiário final é Eduardo Cunha foram fechadas menos de um mês depois do início das investigações da Operação Lava Jato.

Segundo o pedido de abertura de inquérito, Cunha seria ainda beneficiário de uma conta no banco de investimentos americano Merril Lynch, que calculou que o patrimônio do peemedebista seria de cerca de 16 milhões de dólares há 20 anos.

A Procuradoria ainda suspeita que Cunha tenha recebido o equivalente a 5,3 milhões de reais de propina por um contrato de 34,5 milhões de dólares fechado em 2011 pela Petrobras, em Benin, na África.

A Procuradoria também contesta a informação de que Cunha detenha apenas um veículo. Dados da Infoseg, segundo o documento, revelam que há uma série de veículos cadastrados no nome da esposa de Cunha e nas empresas do casal.

Só os oito veículos listados no pedido inquérito somam quase 1 milhão de reais:

Na denúncia contra Cunha apresentada em agosto, a Procuradoria acusa o presidente da Câmara de ter recebido, ao menos, 5 milhões de dólares de pagamentos em propina. Até uma igreja evangélica teria sido usada para maquiar a transação. Entenda o caso.