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Ambulantes do DF reclamam da falta de protestos em greve geral

Reginaldo Souza declarou que nas manifestações de abril. conseguiu ganhar mais de R$ 2 mil em um só dia; hoje só conseguiu vender R$ 150 em água

Greve: o fechamento da Esplanada serviu apenas para complicar o trânsito (REUTERS/Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de junho de 2017 às 17h29.

Brasília - Na tarde desta sexta-feira, 30, o manifestante mais contrariado de toda a Esplanada dos Ministérios era Reginaldo Souza.

Nascido no Distrito Federal e ambulante há 12 anos em Brasília, Souza estava aflito com o silêncio que tomava conta da principal avenida da capital federal.

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Souza está entre os ambulantes que madrugaram para vender água, refrigerante, salgadinhos e churrasco durante as manifestações previstas para esta sexta. Mas não vendeu quase nada.

"Cadê as pessoas? O povo não está indignado? Nas manifestações de abril, fiz mais de R$ 2 mil num só dia. Hoje só consegui vender R$ 150 de água", disse Souza.

Coube ao contingente de cerca de 3 mil homens da polícia minimizar os prejuízos dos ambulantes. "Se não fossem os policiais, hoje a gente estava perdido", comentou Souza.

"São os únicos que estão aqui hoje, comprando alguma coisa."

Para tentar vender o que tinha trazido para a Esplanada, o ambulante João Paulo reduziu o preço da garrafinha de água. Em vez de R$ 3 a unidade, passou a vender três garrafas por R$ 5.

"Sai gritando o preço perto do cordão de isolamento. Os policiais compraram tudo", disse João Paulo.

Na esperança de que manifestantes dessem as caras na Esplanada, alguns ambulantes diziam que um grupo grande de pessoas estava aglomerado no entorno no estádio Mané Garrincha e que logo desceriam até a frente do Congresso.

A reportagem seguiu até o estádio para checar a informação.

O que havia no local era um grupo de pessoas que estava pegando ônibus com destino a Goiânia, localizada a 208 quilômetros de Brasília.

Durante todo o dia, o fechamento da Esplanada à espera dos manifestantes serviu apenas para complicar o trânsito na região central da cidade.

Nas proximidades da Biblioteca Nacional, tradicional ponto de encontro nos protestos no início da Esplanada, um grande pato amarelo inflável permanecia isolado, com seis pessoas que se refugiavam na sombra, por conta do sol quente.

As coisas também não estavam fáceis para Wenilson Barbosa, que trouxe seu "carrinho de pastel B&G" para tentar fazer algum dinheiro.

"Trouxe 120 pasteis para testar a manifestação, mas só vendi uns 50, e mesmo assim só para a polícia", disse.

Muitos reclamaram da "falta de organização" da manifestação, que acaba se confundindo com a greve. "Se não tem ônibus e nem metrô, como é que as pessoas vão se manifestar? Fica difícil", comentou Barbosa.

Nem mesmo a lotérica "A Esplanada", localizada entre os ministérios, conseguiu atrair algum cliente disposto em fazer uma "fezinha".

Pela manhã, a Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal chegou a estimar que cerca de 5 mil manifestantes deveriam comparecer à Esplanada para os atos de greve.

"A verdade é que não veio ninguém", disse um policial militar. "Parece até que a manifestação é da polícia."

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