Brasil

Amazonas endurece isolamento e critica "pouquíssima" ajuda federal

Estado registrou oficialmente 4.801 casos de contaminação por coronavírus e 380 mortos nesta quarta-feira (29)

Amazonas: apesar do endurecimento nas regras de isolamento, governo ainda não vê necessidade de decretar fechamento total de Manaus (MICHAEL DANTAS/AFP)

Amazonas: apesar do endurecimento nas regras de isolamento, governo ainda não vê necessidade de decretar fechamento total de Manaus (MICHAEL DANTAS/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de abril de 2020 às 18h02.

O Estado do Amazonas, o primeiro que viu o seu sistema de saúde entrar em colapso por causa da disseminação da covid-19, vai endurecer as regras de isolamento social nos próximos dias.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o governador do Amazonas, Wilson Lima, disse que, o cliente que entrar em qualquer estabelecimento comercial que esteja funcionando, como um supermercado ou uma farmácia, por exemplo, obrigatoriamente terá que usar máscara, ou o local terá que dar essa máscara ao cliente, além de oferecer álcool em gel. Se não oferecer essas medidas de proteção, o local será multado. A autuação será fixada com pagamento de cestas básicas. "O cidadão não será proibido de sair na rua, mas o comércio que recebê-lo sem essas medidas de proteção vai ser multado", disse Lima.

Manaus, que vive o drama diário de não ter condições de receber e tratar seus doentes pelo novo coronavírus, tem enterrado pessoas em trincheiras. O Amazonas registrou oficialmente, nesta quarta-feira (29), 4.337 casos de contaminação e 351 mortos.

Wilson Lima disse ainda que o governo vai colocar todo o policiamento na rua, para orientar as pessoas a ficarem em casa. "Vamos colocar a polícia na rua com mais intensidade, não para coibir, mas para orientar as pessoas. A polícia também vai para as portas dos bancos fazer o distanciamento social das pessoas, que é algo que deveria ser uma obrigação do governo federal", comentou.

O governador do Amazonas criticou o governo do presidente Jair Bolsonaro pelo "pouquíssimo apoio" que o Palácio do Planalto tem prestado ao Estado. "O governo federal tem ajudado pouquíssimo, é pouco demais diante do problema que a gente tem. Precisamos de mais ajuda. O Ministério da Saúde me garantiu até o fim do dia o que irão me encaminhar", disse Lima.

Segundo o governador, é urgente o recebimento de pelo menos 100 profissionais, entre médicos, intensivistas e enfermeiros, além de cerca de 100 respiradores e equipamentos de proteção individual. "É o mínimo que precisamos para aguentar pelos próximos dez a 15 dias", comentou.

Wilson Lima disse que, por enquanto, não vê necessidade de decretar o fechamento total (lockdown) de Manaus e que o acirramento das medidas de restrição de circulação deve ajudar.

"Hoje eu devo ter uma perspectiva mais precisa de quando nós devemos ter o pico da doença. Estamos em uma situação bem complicada, mas não vislumbro a possibilidade de um lockdown. Vamos aumentar as medidas restritivas, faremos um realinhamento de medidas preventivas que nós já tomamos", disse.

Segundo o governador, apesar das medidas já tomadas de isolamento social, parte da população do Estado passou a descumprir essas medidas, o que tem potencializado o aumento de contaminações. "O problema é que tem ainda muitas pessoas nas ruas, e não em razão de falta de medidas restritivas, mas por conta do próprio entendimento das pessoas, de que isso deve acontecer. O que houve foi um relaxamento das pessoas em cumprir o isolamento social", afirmou. "Vamos para a rua com toda a nossa equipe, polícia militar, polícia civil, corpo de bombeiros fundação de vigilância e saúde, para orientar a população a ficar em casa."

Acompanhe tudo sobre:AmazonasCoronavírusMinistério da Saúde

Mais de Brasil

Bolsonaro nega participação em trama golpista e admite possibilidade de ser preso a qualquer momento

Haddad: pacote de medidas de corte de gastos está pronto e será divulgado nesta semana

Dino determina que cemitérios cobrem valores anteriores à privatização

STF forma maioria para permitir símbolos religiosos em prédios públicos