Exame Logo

Alvos da Lava Jato, Maia e Eunício mudam discurso sobre reforma

Presidentes da Câmara e do Senado já querem voto em lista fechada para as eleições de 2018

Maia e Eunício: sistema defendido por eles vai favorecer a reeleição mesmo de alvos da Lava Jato (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de março de 2017 às 10h45.

Brasília - Alvos da Lava Jato , os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendem, desde a semana passada, o voto em lista fechada já para as eleições de 2018.

Na última discussão sobre reforma política no Congresso, entretanto, o discurso era outro. Há menos de dois anos, Maia e Eunício eram favoráveis ao sistema majoritário, conhecido como "distritão".

Veja também

Pelo voto em lista fechada, os partidos definem previamente uma sequência de filiados para assumir os cargos conquistados na eleição.

O sistema poderia favorecer a reeleição de alvos da Lava Jato no Congresso e, assim, a manutenção da prerrogativa de foro privilegiado dos investigados.

Já pelo sistema do distritão não há quociente eleitoral e os mais votados são eleitos, sem considerar os partidos e sem a necessidade de formar coligações.

Em 2015, Maia, então presidente da Comissão Especial da reforma política, era um dos principais defensores do distritão. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Maia foi questionado sobre o voto em lista, defendido pelo PT, e respondeu que não havia "a menor possibilidade" de o projeto ser aprovado no Congresso e que o texto "não representava" os interesses públicos nem tinha "eco na sociedade".

"O modelo majoritário nos garante fazer partido de verdade (...) Acredito que esse é um modelo que damos um passo a frente, nós avançamos, nós evoluímos", disse Maia na época.

Em outro discurso também em 2015, ele afirmou que o sistema majoritário era "mais próximo do que o eleitor quer, que é eleger o mais votado".

Maia argumentou ainda que o modelo acabaria com distorções do sistema atual, como os chamados "puxadores de votos".

"Esse modelo (atual) está exaurido. O distritão reduz o número de deputados e concentra nos partidos aqueles que têm ideologia", alegou em outra ocasião.

Em 2011, Eunício lembrou em discurso no Senado que o presidente Michel Temer era um "incansável defensor" da proposta. O peemedebista disse que "aqueles que têm mais votos absolutos devem vencer as eleições".

Circunstâncias

A situação começou a mudar, porém, com o fim do financiamento empresarial de campanha. Em setembro, Eunício disse que o financiamento público poderia ser mantido "desde que o sistema de votação fosse por meio de lista fechada".

A assessoria de Eunício alegou que as circunstâncias políticas mudaram, com partidos maiores e mais dificuldades no financiamento de campanha.

Para Maia, após o fim do financiamento empresarial, o voto por lista fechada "é o mais adequado".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosEunício OliveiraOperação Lava JatoRodrigo MaiaSenado

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame