Ocupação: o movimento foi para as ruas ganhar maior visibilidade e chamar a atenção da população para os problemas enfrentados pelas escolas públicas (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2016 às 16h00.
Estudantes que integram o movimento Ocupa Escola que, segundo a Secretaria Estadual de Educação, já atinge 67 escolas da rede publica do estado do Rio, realizam hoje (4) manifestações em várias unidades de ensino que tiveram as atividades escolares suspensas em decorrência da mobilização.
Iniciado no dia 21 de março, o movimento pretende não só unificar como levar para as ruas a mobilização estudantil, dando maior visibilidade às reivindicações procurando unificar as ocupações de escolas.
Na zona sul da cidade, por volta das 9h de hoje, 30 a 40 alunos do Colégio Estadual Amaro Cavalcanti interromperam parcialmente a Rua Bento Lisboa, no Largo do Machado, como parte das manifestações.
Com faixas e cartazes com frases de efeito como “Educação precarizada, nossa resposta: escola ocupada” e “Tira das Olimpíadas e investe na educação”, eles ocuparam parte da rua por cerca de 2h provocando um grande congestionamento.
Para uma das alunas que participavam do ato, Pollyana Vasconcelos, o movimento foi para as ruas ganhar maior visibilidade e chamar a atenção da população para os problemas enfrentados pelas escolas públicas.
“Nós estamos lutando pelos nossos direitos contra o descaso das autoridades com a educação. Só assim a gente conseguirá ser ouvido. Nossa reivindicação, no fundo, é simples: que haja avanço no ensino e melhores condições em todas as escolas”, disse à Agência Brasil.
Pauta
Entre as melhorias, constam da pauta de reivindicações dos alunos da Amaro Cavalcanti a manutenção da rede hidráulica, o que ocasiona com frequência falta d'água, a entrega imediata de todo o material didático e uniforme para os alunos e o fim do currículo mínimo e da prova do Saerj (Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro).
Em manifesto distribuído à população, os alunos do Amaro Cavalcanti criticaram o fato de que as Olimpíadas estão custando R$ 39 bilhões aos cofres públicos e a “obra irresponsável” da ciclovia Tim Maia, apresentada pela prefeitura como um “legado olímpico”, cerca de R$ 45 milhões.
Professor
Em meios aos alunos, uma professora do Amaro Cavalcanti chamava a atenção pela empolgação com que apoiava o movimento. Silvana Mesquita, que dá aula de História há mais de 15 anos, ressaltou a precarização da escola do Largo do Machado.
“Eu apoio o movimento, participei do primeiro dia de ocupação e acho justo que os alunos briguem pelas escolas da rede estadual. E a Amaro chegou a tal ponto que os alunos deram um basta. E este movimento é um basta dos alunos ao descaso com as escolas e a forma com que são tratados pelo governo do estado. Nós, professores, sempre fazemos greve contra esse descaso, essa precarização e o baixo salário pago aos professores”.
Movimento Desocupa
Em reação ao Ocupa Escola, um grupo de alunos contrário à iniciativa criou um movimento que segue direção contrária: Desocupa Já.
São estudantes que discordam da ocupação e pedem outras formas de protesto para que se obtenha melhorias nas unidades de ensino da rede estadual.
Eles querem a retomada imediata das aulas e entendem que a ocupação não é a melhor forma de reivindicar o direito dos estudantes.
Nota oficial
Em reação às manifestações de hoje, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informou, em nota, que disponibilizará cota extra excepcional de até R$ 15 mil para cada escola da rede visando a realização de manutenção e reparos “considerados menores”
Segundo a nota, “essa é mais uma ação da secretaria que demonstra vontade em negociar e resolver a situação das ocupações”.
Na nota, a Seeduc enumerou os prejuízos causados pelos mais de 40 dias do movimento Ocupa as Escolas e anunciou providências. Segundo a nota, desde a última segunda-feira (2), as 67 escolas ocupadas entraram oficialmente em recesso escolar.
“Isso significa que essas unidades ficam sem receber, no mês de maio, verba de merenda e manutenção; sem serviço de limpeza; o cartão de estudante será suspenso; e docentes não necessitam assinar a frequência”.
Explica, ainda, que as aulas nos colégios ocupados ocorrerão em agosto de 2016 e janeiro de 2017 e aos sábados do segundo semestre deste ano.
E que o Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, o primeiro a ser ocupado há 27 dias, “precisará, para repor suas aulas, de todo o mês de agosto e de sábados letivos no próximo semestre, enquanto uma escola que ficou dez dias ocupada necessitará de dez sábados ou de dez dias úteis em agosto para a reposição”.
Na mesma nota, a secretaria anuncia providências para amenizar os prejuízos, inclusive a montagem de escolas provisórias.
“Para evitar que alunos contrários às ocupações, “que são maioria”, fiquem sem estudar, a Seeduc busca espaços novos para montar escolas provisórias. Outra medida adotada que pode ajudar é a autorização para transferência de alunos dos colégios ocupados.