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Alcolumbre e Salles buscam pontos de convergência com ambientalistas

Presidente do Senado afirma que não haverá retrocessos na política ambiental. Ele e o ministro participaram de debate com ONGs na Cop25, em Madri

Incêndios em Alter do Chão foram causados por grileiros, segundo a PF (NurPhoto/Getty Images)

Incêndios em Alter do Chão foram causados por grileiros, segundo a PF (NurPhoto/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 10 de dezembro de 2019 às 07h00.

Última atualização em 10 de dezembro de 2019 às 08h00.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defenderam o diálogo entre governo e ambientalistas para solucionar conflitos. Eles participaram de um debate com diversas ONGs durante a Cop25, conferência do clima da ONU, que acontece nesta semana em Madri, na Espanha. O evento contou com as presenças de Marina Silva e Izabella Teixeira, ex-ministras do Meio Ambiente dos governos petistas, e de Caetano Scannavino, coordenador do Projeto Saúde e Alegria, ONG que teve integrantes acusados de iniciar incêndios florestais na região de Alter do Chão, no Pará.

Salles discursou após ouvir críticas da ativista Karina Penna, da ONG Engajamundo, formada por lideranças jovens. Com um discurso semelhante ao da ativista sueca Greta Thunberg, Penna pediu responsabilidade ambiental ao governo diante da perspectiva de comprometer o futuro da juventude. “Vocês acham que, quando ficarmos mais velhos, isso vai passar?”, questionou a ativista.

Logo no início do seu discurso, o ministro concordou com um pedido feito por Scannavino. “Como bem colocado, temos de encontrar pontos de convergência”, disse. Em seguida, Salles voltou a afirmar que é preciso desenvolver economicamente a Amazônia. Ele chamou atenção para o paradoxo de se ter a região mais rica do mundo, em alusão aos recursos naturais da floresta, com o pior índice de desenvolvimento humano (IDH) do país. E cobrou dos países ricos uma solução para o impasse da monetização dos serviços florestais, por meio do mercado de carbono, que é a principal pauta de negociação do Brasil na Cop25.

O ministro, no entanto, não ficou até o final do debate. Antes de deixar o evento, Salles disse a Exame que a bioeconomia é um caminho para proteger e, ao mesmo tempo, desenvolver a Amazônia. Porém, ressaltou que a melhor maneira de manter a floresta em pé é monetizá-la.

Antes do discurso de Alcolumbre, Marina Silva e Izabella Teixeira fizeram duras críticas às políticas ambientais do governo. “Temos um ministro antiambiente”, disse Silva. Teixeira classificou como uma tentativa de “barganhar” a atuação de Salles à frente da delegação do país no evento, em referência à opinião do ministro de que os países ricos devem pagar para os países pobres conservarem suas coberturas florestais.

Em tom apaziguador, Alcolumbre afirmou que o Senado “não vai permitir retrocessos” na política ambiental. Disse estar trabalhando junto com Rodrigo Maia, presidente da Câmara, para barrar pautas que possam colocar em risco a humanidade e o meio ambiente.

O presidente do Senado também defendeu que o Brasil busque compensações pelos serviços ambientais. “Temos de jogar o jogo da verdade. No meu Estado, o Amapá, 73% ou é área indígena, ou é área protegida”, afirmou Alcolumbre a Exame. “Eles (os países desenvolvidos) dizem que há um mercado potencial de carbono de 100 bilhões de dólares. O que vai ficar para o Brasil disso?”

A pedido de Scannavino, Alcolumbre gravou um vídeo garantindo rigor nas investigações sobre o caso dos brigadistas da Saúde e Alegria acusados de incendiar a floresta. Eles foram presos em função de um inquérito da Polícia Civil, mas uma outra investigação, conduzida pela Polícia Federal, aponta que o fogo foi causado por grileiros. O delegado responsável pelo caso foi substituído a pedido do governador do Pará, Helder Barbalho.

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