São Paulo - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) confirmou nesta quarta-feira, 11, que foi descoberto um quarto volume morto no Sistema Cantareira.
Segundo o governador, a quarta "reserva técnica", tem volume estimado de 40 milhões de metros cúbicos, o que equivale a aproximadamente 4% da capacidade total do manancial - quando cheio.
"Na estação de Piracaia, na reserva de Cachoeira, se verificou que abaixo do chamado zero você ainda tem uma reserva de água que poderá ser utilizada, uma parte inclusive sem obras de engenharia e outra parte com obras".
O governador não deu mais detalhes sobre o possível uso dessa quarta cota.
Questionado sobre a possibilidade de um rodízio no fornecimento ser adiado por conta das chuvas recentes em São Paulo, Alckmin repetiu que o rodízio é uma decisão técnica da Sabesp e que não há definição sobre a adoção da medida, mas sinalizou que o corte de abastecimento será evitado enquanto for possível.
"Rodízio é consumir menos água. Se nós conseguirmos isto sem precisar fechar a torneira, é melhor", afirmou, argumentando que a medida do governo de diminuir o desperdício dando desconto na conta de água garantiu uma economia de 100 bilhões de litros nos últimos meses.
Alckmin aproveitou para anunciar "boas notícias". Mostrou o crescente índice de chuvas dos últimos dias em planilhas e comunicou que foram iniciadas ontem as obras para interligar o rio Guaió à Estação de Tratamento de Água (ETA) de Suzano, na Grande São Paulo.
A obra deve ficar pronta em maio, disse o governador, e adicionar 1 m3/s à ETA de Suzano. Assim como as obras de interligação da Billings para o Sistema Alto Tietê, a interligação do Guaió é feita diretamente pela Sabesp, sem necessidade de licitação.
O governador confirmou ainda que a as obras da Billings devem começar ainda este mês. A primeira entrega dessa obra deve adicionar 2 m3/s à mesma ETA de Suzano também até maio e, posteriormente, outros 2 m3/s. Totalizando nesse conjunto de obras 5m3/s.
Alckmin argumentou que as iniciativas serão importantes para aproveitar a capacidade da ETA que hoje é de tratar 15m3/s, mas apenas 10,5 m3/s estão sendo tratados por causa da estiagem.
Dessalinização
Perguntado sobre a possibilidade de se tratar água do mar para consumo, Alckmin disse que está em estudo, mas que é uma alternativa cara para a região metropolitana.
"É uma hipótese que o presidente da Sabesp está estudando. Se estivéssemos em beira-mar, seria bastante factível. O problema é, a 700 metros de altura, o custo que você vai ter", disse comentando também a alta nos preços de energia elétrica, que é um tema delicado para o governo federal.
O governador, no entanto, disse que o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, é "um craque" e que saberá avaliar a partir dos estudos se é uma alternativa viável.
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1. Uma história de ataques e danos
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São Paulo - A relação das cidades com as
águas é um negócio curioso. Os homens sempre procuraram se fixar ao longo dos grandes rios para ter água e vias de transporte próximas. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento urbano acarretou a deterioração desses recursos hídricos, comprometendo sua quantidade e qualidade. No maior estado do Brasil, não foi diferente. A história de São Paulo com seus rios é marcada por ataques e danos, que se repetem até hoje e nos ajudam a entender a crise hídrica que assombra a região de um jeito diferente
— mais integrado. Veja nas fotos 10 números que mostram o descaso do Estado paulista com este bem tão precioso.
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2. Passe livre para poluir
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Tão importante quanto ter água em quantidade é ter água de boa qualidade. São Paulo deixa de tratar quase 57% dos esgotos gerados, segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento Básico do Ministério das Cidades. Toda essa água suja ameaça as reservas limpas e encarece os custos de tratamento no futuro.
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3. Zero tratamento
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Entre os 645 municípios do Estado, pelo menos 60 não possuem tratamento algum de esgoto. Sem rede adequada, todo o esgoto gerado vai parar nos rios próximos. Em todos eles, a coleta de esgoto não passa de 40% dos domicílios.
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4. Ainda tem gente sem acesso à coleta de esgoto
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Quase 25% da população do Estado de São Paulo ainda não conta com serviços de coleta de esgoto. Quem mora nessas situações, precisa recorrer a métodos de risco para a saúde, como o uso de fossa negra.
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5. Desperdício
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De cada 100 litros de água coletada e tratada, apenas 66 litros chegam são e salvos na casa dos paulistas. Os outros 34 litros ficam pelo caminho. Ligações clandestinas, vazamentos, obras mal executadas ou medições incorretas no consumo de água são as principais causas das perdas. Um quadro imperdoável para um recurso tão precioso e cada vez mais escasso.
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6. Despejo ilegal
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No entanto, nem toda a água que sai das indústrias em forma de esgoto retorna limpa para o meio ambiente, como deveria acontecer. A cada hora, as indústrias paulistas descartam cerca de dez milhões de efluentes cheios de resíduos tóxicos e sem tratamento algum nos rios e lagos dos municípios de São Paulo. Por dia, o descarte ilegal de esgoto industrial daria para encher dois lagos do Parque Ibirapuera, segundo estudo feito pela Grupo de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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7. Descaso com as áreas verdes piora a crise
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Nos últimos 50 anos, a região da Cantareira teve quase 80% de sua vegetação nativa desmatada, segundo um
levantamento feito pela Fundação SOS Mata Atlântica. Atualmente, restam apenas 21,5% da cobertura original nas bacias hidrográficas e nos 2.270 quilômetros quadrados do conjunto de seis represas que compõem o Sistema Cantareira. Os impactos do
desmatamento em áreas de manancial são significativos. A floresta tem papel essencial na prevenção de secas, pois reabastece os lençóis freáticos e impede a erosão do solo e o assoreamento de rios.
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8. "Joga no rio que o rio resolve"
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A política do laissez-faire com relação ao manejo do lixo resulta em situações como a que deixou atônita a população da região de Salto, em Sorocaba, em julho do ano passado. Por conta da estiagem severa, o Rio Tietê, que corta o centro da cidade, transformou-se num fio de água e expôs toneladas de lixo acumulado ao longo de décadas.
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9. Clandestinidade impera
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Na grande maioria dos casos é dos poços artesianos que os caminhões pipa retiram água. A cidade de São Paulo tem cerca de 2000 poços outorgados pelo DAEE, mas especialistas do setor estimam em mais de 8 mil o número de clandestinos, que incluem tantos poços operantes, como paralisados.
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10. Rodízio "vetado"
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O rodízio de água era a primeira opção apresentada pela Sabesp para contornar os níveis decadentes do sistema Cantareira. O plano foi formalmente entregue em janeiro de 2014 ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), mas foi descartado pelo governo Alckmin. Na ocasião, o rodízio proposto era de 48 horas com água e 24 horas sem para as localidades atendidas pelo Cantareira. Se tivesse sido implementada há um ano, a medida poderia ter resultado em uma economia de 120 bilhões de litros em 2014.
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11. Tietê na UTI
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O mais importante rio do estado de São Paulo também é o mais poluído do Brasil, segundo o levantamento “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável”, do IBGE.
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12. Água no ralo
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