Eduardo Leite, Arthur Virgílio e João Doria em Brasília durante as prévias do PSDB (Divulgação./Divulgação)
Agência O Globo
Publicado em 23 de maio de 2022 às 15h29.
Última atualização em 23 de maio de 2022 às 15h37.
Pré-candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSDB, o ex-deputado Marcus Pestana (MG) anunciou nesta segunda-feira que, junto com outras lideranças tucanas, defenderá que o partido tenha candidatura própria na eleição deste ano. Ele também criticou a decisão da direção da sigla comandada por Bruno Araújo de apoiar a senadora Simone Tebet, do MDB, como candidata única da terceira via.
"Esse caminho vai levar o PSDB à morte. Em nome da minha história de 34 anos de PSDB como seu fundador, em nome da ousadia da geração de 86/88 e da memória de Covas, Montoro e José Richa, manterei a defesa da candidatura própria amanhã na Executiva. (...) Essa estratégia da atual cúpula é liquidacionista e capitula à uma candidatura da valorosa senadora Simone que está longe de ter maioria no MDB", afirmou ele, ressaltando que tem do seu lado nomes influentes do PSDB, como o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, o deputado Aécio Neves, o senador Zé Aníbal e o ex-ministro Pimenta da Veiga.
A aliança com o MDB em prol do nome de Tebet será o tema de uma reunião da Executiva do PSDB convocada para esta terça-feira. Os dirigentes deverão deliberar se aprovam ou não o nome da senadora — haverá reuniões simultâneas nas Executivas do MDB e no Cidadania para discutir o mesmo assunto.
Vitorioso das prévias realizadas no fim do ano passado, o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) desistiu hoje da disputa presidencial, abrindo caminho para a consolidação da candidatura de Tebet. Assim como Doria, a senadora ainda não é um nome de consenso dentro do PSDB. Declarações recentes de Pestana e Aécio indicam que a ala mineira se manifestará contra a formação da coligação neste momento — o grupo apoiou a pré-candidatura de Eduardo Leite nas primárias, que foram vencidas por Doria.
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A ala mais antiga da legenda, representada por Pestana, Pimenta da Veiga e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é contrária à ideia de o partido não encabeçar a chapa do chamado "centro democrático". Eles argumentam que esta será a primeira vez na história que o partido não terá um postulante à Presidência da República.
"Não há sentido em um retorno a um MDB sem Ulysses [Guimarães] e na proposta subjacente de uma futura fusão. O PSDB ou surgirá das cinzas com candidatura própria ou experimentarrá uma eleição terminal rumo ao suicídio político", disse Pestana.
Um grupo mais jovem do PSDB que é representado por Bruno Araújo e lideranças no Congresso Nacional, como o deputado Adolfo Viana (BA), defendem que a sigla deve investir mais dinheiro e energia nas candidaturas a governos estaduais e na ampliação da bancada na Câmara e Senado. Na visão deles, o partido precisa "dar um passo para trás, para dar dois a frente" antes de pensar em disputar o Palácio do Planalto.
Ao O Globo, Pestana afirmou que a construção da candidatura de terceira via parece o enredo de uma "novela de baixa qualidade, que acaba se estendendo demais". "O autor não consegue chegar a um desfecho e, no fim, só vai perdendo audiência. É um caso inédito na nossa história de terceirizar angústias e incertezas. Nós já tínhamos a nossa [candidatura] e aí vamos para o MDB torcer os dedos para o Renan [Calheiros] não puxar o tapete de Tebet", afirmou ele, referindo-se à resistência interna que a senadora enfrenta dentro da sua própria sigla, cujos caciques estão divididos entre apoiar a candidadura dela, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou do presidente Jair Bolsonaro (PL).
(Agência O Globo)
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