Ala do PSB planeja aproximar Marina do agronegócio
Partido está compilando em um documento as propostas feitas há duas semanas pelo então candidato Eduardo Campos
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2014 às 19h15.
Brasília - Para tentar diminuir a resistência do nome da ex-ministra Marina Silva entre o setor agrícola brasileiro, o PSB está compilando em um documento as propostas feitas há duas semanas pelo então candidato Eduardo Campos, em uma sabatina na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A ideia - defendida pela ala do partido com bom trânsito no setor produtor rural - é tentar convencer Marina, que deve assumir a cabeça de chapa socialista após a morte de Campos em um acidente aéreo, a subscrever o texto numa tentativa de acalmar o setor.
Um aceno ao segmento é visto como importante também para diminuir perdas de arrecadação entre o agronegócio com a substituição da candidatura.
Responsável por mais de 40% das exportações e por cerca de 23% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, o agronegócio nutre forte resistência com relação a Marina.
Quando ministra do Meio Ambiente, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marina e o segmento entraram em rota de colisão em diversas ocasiões.
"A Marina tem que fazer um gesto: se despir de convicções individuais que ela adotou e que radicalizaram com o agronegócio", afirmou ao Broadcast Político Odacir Zonta (PSB-SC), ex-deputado federal e principal assessor da campanha de Campos na aproximação com o campo.
"É preciso que ela subscreva um documento que se torne carta-compromisso com o setor produtivo".
Dentre os tópicos que devem constar no texto e que foram defendidos por Campos na sabatina da CNA, está o reconhecimento do novo Código Florestal como a legislação ambiental a ser cumprida no País.
Nas discussões em torno da norma, o grupo ligado a Marina promoveu uma campanha contra o texto aprovado e posteriormente sancionado pela presidente Dilma Rousseff, por considerá-lo um retrocesso.
No evento da CNA, Campos também defendeu a "consolidação" do Cadastro Ambiental Rural (CAR), instrumento para a regularização ambiental de propriedades e posses rurais.
De acordo com Zonta, Marina deverá ainda reconhecer a importância do agronegócio para o País, fundamental para o emprego, a renda e o desempenho da balança comercial brasileira.
No evento da CNA, Campos também advogou pelo fortalecimento do Ministério da Agricultura - que o então candidato apontou como tendo função secundária no atual governo e sendo vítima de loteamento político.
De acordo com Zonta, a ex-ministra também terá de sinalizar ao agronegócio que concorda com investimentos em infraestrutura para o escoamento da safra, que incluem hidrovias na região amazônica.
Também precisará apontar que concorda com o uso para a produção de áreas consolidadas e já degradadas. "Todo mundo precisa ceder um pouco."