Ação que matou 25 no Rio: o que dizem Bolsonaro, Fachin, Castro e Freixo
A operação policial envolveu a Polícia Militar a Polícia Rodoviária Federal e foi realizada na Vila Cruzeiro, Complexo da Penha. É considerada a segunda mais letal da história
Da redação, com agências
Publicado em 25 de maio de 2022 às 15h47.
Última atualização em 25 de maio de 2022 às 16h29.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) abriu na terça-feira, 24, um procedimento investigatório criminal para apurar as circunstâncias das mortes ocorridas durante a operação conjunta do Batalhão de Operações Policiais (Bope), da Polícia Militar, e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Vila Cruzeiro, Complexo da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro.
O Ministério Público Federal (MPF) também investigará a participação dos agentes da PRF na ação que resultou em ao menos 25 mortes, entre elas a de uma moradora.
A PRF atribui à atuação da facção em roubo de cargas o principal motivo pelo qual a corporação se uniu à operação, que contou com 26 agentes e 8 carros blindados no local. A operação é considerada a segunda mais letal da história, atrás apenas da operação no Jacarezinho, no ano passado.
Assim que as principais notícias sobre a operação policial foram divulgadas, o governador do Rio, Claudio Castro (PL) saiu em defesa dos policiais. Em seu perfil em uma rede social, ele defendeu a operação e disse que "luta por um Rio de paz".
"Quem aponta uma arma contra a polícia está apontando uma arma contra toda sociedade. Isso jamais vamos tolerar. Eu luto por um Rio de paz. Toda morte é lamentável, mas todos sabemos que nossas responsabilidades impõem que estejamos preparados para o confronto", afirmou na publicação.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) exaltou nas redes sociais a operação. Na publicação, ele deu "parabéns aos guerreiros do BOPE e da Polícia Militar do Rio de Janeiro", dizendo que eles "neutralizaram pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico em confronto, após serem atacados a tiros durante operação contra líderes de facção criminosa".
"A operação vinha sendo planejada há meses e os agentes de segurança monitoravam os passos de chefões do tráfico com objetivo de prendê-los fora da comunidade, o que não foi possível devido ao ataque da facção, fazendo-se necessário o uso da força para conter as ações", escreveu Bolsonaro.
Já o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, afirmou ver com "muita preocupação" a ação policial. O ministro é o relator de uma ação na Corte que trata de medidas para o combate à letalidade em operações policiais, a chamada "ADPF das Favelas".
Em julgamento em fevereiro, a maioria do Supremo determinou ao governo do Rio a elaboração de um plano de redução da letalidade policial, a criação de um Observatório Judicial da Polícia Cidadã, a prioridade para a investigação de operações com mortes de crianças e adolescentes e a obrigatoriedade de ambulâncias onde houver confronto armado.
O deputado federal pelo Rio de Janeiro, e pré-candidato ao governo do Rio, Marcelo Freixo (PSB), criticou o modelo de segurança pública do estado. Para ele, operações como a que foi feita na terça-feira "não resolvem nada e colocam em risco a vida de moradores".
O deputado lembrou ainda quando foi presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio. "Ali mostramos que é possível enfrentar o crime de forma eficaz, com planejamento e inteligência", afirmou.
(Com Agência O Globo)
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