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A torre de Babel de Temer

Passados cinco dias, a clareza na comunicação está longe de ser uma qualidade do novo governo. Na segunda-feira 16, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou que o presidente poderia escolher um procurador-geral que não fosse o mais votado pelo Ministério Público. O próprio presidente Michel Temer desautorizou a declaração. Na terça 17, o ministro […]

MICHEL TEMER: nos primeiros cinco dias, comunicação clara não foi um ponto forte de seu governo / Marcelo Camargo/Agência Brasil

MICHEL TEMER: nos primeiros cinco dias, comunicação clara não foi um ponto forte de seu governo / Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2016 às 06h40.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h56.

Passados cinco dias, a clareza na comunicação está longe de ser uma qualidade do novo governo. Na segunda-feira 16, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou que o presidente poderia escolher um procurador-geral que não fosse o mais votado pelo Ministério Público. O próprio presidente Michel Temer desautorizou a declaração. Na terça 17, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (cuja campanha a deputado foi financiada por uma operadora de planos de saúde), disse que é necessário rever o tamanho do SUS. Ele mesmo recuou poucas horas depois.

A lista de desencontros vem desde antes de Temer assumir o cargo, quando o advogado Antônio Claudio Mariz, cotado para a Justiça, criticou a Lava-Jato e foi descartado. Há ainda o episódio do áudio vazado com o discurso de Temer para aliados. Para completar, começam a pipocar fatos adversos sobre os ministros, que vão desde citações na Lava-Jato até problemas no currículo — Moraes, por exemplo, advogou para uma cooperativa de ônibus ligada ao PCC em São Paulo antes de ser secretário de Segurança Pública.

“Esses erros são típicos do começo de um governo. O que a gente está assistindo é uma dificuldade de coordenação”, diz o cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira, da Fundação Getulio Vargas. Com um ministério montado às pressas, sem os dois meses que normalmente separam uma eleição da posse, não houve tempo de avaliar o impacto político exato das escolhas. A falta de mulheres no ministério é um exemplo.

O bate-cabeças, evidentemente, é péssimo para Temer. Embora o discurso seja de que não está preocupado com os índices de aprovação no curto prazo, o governo volta atrás toda vez que surge uma polêmica. Essa insegurança não contribui para o começo de um governo que precisa enfrentar temas espinhosos. Ontem, segundo o jornal Folha de S.Paulo, Temer definiu que o deputado André Moura (PSC-SE), aliado de Eduardo Cunha, será o líder do governo na Câmara. A medida deve ser duramente criticada. Vem mais recuo por aí?

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