A primeira Lei de Temer
Poderia ser a primeira Lei de Temer: toda decisão será revista assim que as pressões externas se mostrem difíceis de controlar. O bate-cabeças é surpreendente para um governo forjado nos corredores do Congresso, que assumiu dizendo que tomaria as decisões difíceis. Nesta segunda-feira, o jornal O Estado de São Paulo revelou que Temer havia pedido […]
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2016 às 06h25.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h49.
Poderia ser a primeira Lei de Temer: toda decisão será revista assim que as pressões externas se mostrem difíceis de controlar. O bate-cabeças é surpreendente para um governo forjado nos corredores do Congresso, que assumiu dizendo que tomaria as decisões difíceis.
Nesta segunda-feira, o jornal O Estado de São Paulo revelou que Temer havia pedido ao ministro da Educação Mendonça Filho que cancelasse todas as novas vagas para os programas Fies e Pronatec até o final do ano. A decisão foi revista algumas horas depois. Na sexta, foi a vez de o ministro das Cidades, Bruno Araújo, voltar atrás da suspensão de novas contratações do programa Minha Casa, Minha Vida.
O governo também deu meia volta na extinção do ministério da Cultura depois das reclamações de artistas, e desautorizou declarações de ministros, como a de Alexandre de Moraes, da Justiça, sobre a mudança na escolha do próximo procurador-geral da República, e a de Ricardo Barros, da Saúde, que falou sobre a diminuição do SUS. Isso sem contar as indecisões sobre o número de ministérios, ainda na era pré-presidência, e na indicação de ministros.
Dilma ficou conhecida pela teimosia em seguir seu errático projeto de país. Temer pode ficar marcado pela indecisão. O desafio colocado à frente demanda coragem para ser executado e pode levar à impopularidade, coisa que o próprio presidente falou não temer, já que não pretende tentar a eleição para a presidência em 2018. Convém ter cuidado com as próximas declarações do novo governo — elas podem se autodestruir em poucos minutos.