Os 5 projetos mais curiosos submetidos na primeira semana do Congresso
Da Bíblia a guarda de animais em caso de separação, a Câmara dos Deputados recebeu mais de 500 propostas de Lei em uma semana
Clara Cerioni
Publicado em 10 de fevereiro de 2019 às 08h00.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2019 às 08h00.
São Paulo — Em uma semana de trabalhos legislativos no Congresso , os deputados federais já protocolaram 551 Projetos de Lei.
Dentre as propostas, há um pouco de tudo: desde proibição de vender bebida alcoólica para quem tem porte de armas, até ferramentas para dificultar a corrupção e expansão do atendimento a vítimas de violência doméstica.
Com temas variados, o teor de algumas das propostas chama atenção, seja pela abordagem curiosa, dispensável ou absurda.
O PL que mais repercutiu negativamente nos últimos dias propunha a proibição do comércio, propaganda e distribuição demétodos contraceptivos, como o dispositivo intrauterino (DIU), e da pílula do dia seguinte.
Com as inúmeras críticas, o próprio autor, o deputado federal Márcio Labre (PSL-RJ), retirou o projeto de tramitação. Segundo ele, a ideia foi protocolada "por engano".
Outras propostas, no entanto, seguem em tramitação. Veja a seguir uma seleção das mais curiosas:
Bíblia (PL 1/2019)
O primeiro projeto apresentado na nova legislatura quer transformar a Bíblia em "Patrimônio Nacional, Cultural e Imaterial do Brasil e da Humanidade".
O autor, o Pastor Sargento Isidorio (Avante-BA), justificou que o livro "é o mais antigo e o mais lido do mundo".A proposta pode, contudo, afrontar a laicidade do Estado.
Nesta semana, em encontro na Bahia, o parlamentar negou: “Só algum endemoninhado [pode achar isso]. A Bíblia é a palavra de Deus, o livro mais lido no mundo inteiro. Aqui só quem criou problema para botar o painel ali foram pessoas desprovidas de Deus”, disse.
Guarda de animais (PL 51/2019)
São mais de 25 projetos envolvendo direitos dos animais, 21 deles protocolados pelo deputado Fred Costa (Patriotas-MG).
Uma das propostastrata de resolver um problema recorrente durante divórcios: a guarda dos bichos em caso de separação de casais.
De acordo com o projetos, o animal ficaria com quem “demonstrar maior vínculo afetivo com o animal e maior capacidade para o exercício da posse responsável”.
Erva-mate (PL 148/2019)
Heitor Schuch (PSB-RS) protocolou no primeiro dia de legislatura um PL para garantir que espécimes de erva-mate sejam preservadas e identificadas como árvore matriz.
Essas árvores são consideradas geneticamente superiores em algum aspecto a outras plantas da mesma espécie.
A proposta, no entanto, pode nem ser necessária: nesta quinta-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro sancionou a Política Nacional da Erva-Mate (Lei 13.791/19), apresentado pelo deputado Afonso Hamm (PP-RS), em 2015.
Essa foi uma das primeiras leis sancionadas pelo atual presidente.
Capital dos móveis (PL 432/2019)
Rubens Bueno (PPS-PR) solicita que o Congresso institua a cidade de Arapongas (PR) como a capital produtora de móveis do Brasil.
No ano passado, o ex-deputado Osmar Serraglio (PP-PR) entrou com a mesma proposta, que não saiu do papel.
Dentre as justificativas, os defensores do projeto apontam que o título seria uma “homenagem àqueles que centram sua inteligência e seus recursos na busca de sempre melhores resultados técnicos na produção desse importante e rico setor moveleiro”.
Armas para advogados (PL 343/2019)
De autoria do deputadoPompeo de Mattos (PDT-RS), a proposta libera a todos os advogados do Brasil o porte de armas de fogo para defesa pessoal.
Na legislatura passada, o mesmo projeto havia sido discutido na Comissão de Constituição e Justiça, mas também não obteve êxito.
A justificativa do parlamentar é a de que juízes e promotores do Ministério Público têm, por meio de lei, o direito de ter porte de arma. "É preciso de igualdade e paridade para os advogados", justifica Mattos.