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Ministra Tereza Cristina: “Estamos com safras recordes, realmente, mas essa questão dos insumos é um problema global.” (Andre Coelho/Bloomberg/Getty Images)
Reuters
Publicado em 24 de junho de 2021 às 13h09.
Os preços das commodities agrícolas deverão seguir em patamares historicamente elevados por mais um tempo, com esse "boom" prosseguindo até pelo menos 2022, diante da forte demanda global por produtos brasileiros, disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nesta quinta-feira.
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"Este ano e o próximo ano eu vejo que este 'boom' das commodities continuará acontecendo, pela demanda mundial que a gente tem visto pelos produtos brasileiros --e não só brasileiros, mas a própria safra americana, que tem sido vendida muito rapidamente", disse ela, em entrevista de manhã à CNN Brasil, na qual também comentou sobre a saída de Ricardo Salles do Ministério de Meio Ambiente.
Ela ressaltou ainda que produtores têm aproveitado os patamares de preços e fixado vendas da próxima safra, o que também colabora com o cenário. Os negócios de soja para 2021/22 atingiram, até o início do mês, 17,4% do potencial da colheita, conforme a consultoria privada Datagro.
"Então eu acredito que esse 'boom' continue pelo menos por este ano e o outro."
Ela lembrou que a inflação dos alimentos aconteceu não só no Brasil, mas no mundo todo por um desequilíbrio entre a oferta e a demanda.
"O arroz, por exemplo, foi um caso emblemático... Não teve nada a ver com a pandemia, a princípio. Houve um período de falta de incentivo à produção de arroz, o arroz ficou muito barato no Brasil, nós tivemos um decréscimo de oferta. Aí, na pandemia, houve uma mudança de hábito, se consumiu mais arroz, e o preço subiu."
Ela comparou o "boom" recente ao que aconteceu em 2007, mas disse acreditar que alguns mercados já estão vendo um equilíbrio, e os preços recuando ante as máximas históricas.
"Está havendo uma mudança global no preço dos alimentos - nos EUA tem, agora, um aumento das carnes muito acentuado. Mas isso volta. O arroz já voltou --não sei quando ele vai voltar na prateleira do supermercado, mas para o produtor o preço já caiu bastante do que foi no ano passado", disse, citando que as carnes no país também estão abaixo dos patamares históricos.
"Teve uma diminuição nos preços do frango. As coisas são assim. Agora, o que podemos fazer, qual o remédio, qual a ferramenta para isso? É produzir mais, é aumentar a oferta, e é claro que aí os preços vão se equilibrar."
No caso do milho, a cotação registra recuo de cerca de 13% em junho, abaixo de 90 reais a saca, segundo o indicador Esalq, à medida que a colheita da segunda safra progride. Já o arroz também teve recuo semelhante no acumulado de junho no Rio Grande do Sul.
A ministra comentou também que o Brasil sofreu impacto adicional de uma quebra acentuada de safra de milho devido à seca em 2021.
"Nas grandes culturas, hoje, o milho está sendo colhido. Vamos ter uma quebra significativa na safra de inverno porque tivemos um período de falta de chuvas entre março e abril. Maio e junho começamos a ter mais chuvas, então até conseguimos salvar uma área significativa do milho para que essas perdas não fossem maiores."
Para a próxima safra, ela disse que há preocupações relacionadas à crise hídrica para os agricultores irrigantes, em momento em que a água está sendo disputada para a geração hidrelétrica.
"Agora, é preocupante, porque quem irriga, depende de água, de energia elétrica... Então a gente está conversando, nós temos um comitê dentro do governo de avaliação dessa crise, para que as medidas necessárias sejam implementadas e antecipadamente", comentou, ressalvando que a grande maioria dos cultivos brasileiros não depende de irrigação.
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