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Arroz: exportações brasileiras caem 31,7% no primeiro semestre de 2024

Vendas externas recuaram 22,1% no período

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 12 de julho de 2024 às 09h44.

Última atualização em 12 de julho de 2024 às 09h57.

As exportações brasileiras de arroz (base casca) ultrapassaram meio milhão de toneladas no primeiro semestre de 2024, queda de 31,7% em relação ao mesmo período de 2023. As vendas externas totalizaram 556,4 mil no período, com uma receita de US$ 219,9 milhões, recuo de 22,1% ante o primeiro semestre do ano anterior, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira, 12, pela Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz).

Por outro lado, aos embarques de arroz beneficiado, o produto maduro que se encontra desprovido da casca, nos primeiros seis meses de 2024 chegaram a 446 mil toneladas, totalizando US$ 175,3 milhões. Em 2023, o Brasil exportou 383,7 mil toneladas desse tipo de arroz, com uma receita de US$ 120 milhões, o que representa um aumento de 16,2% em volume e 46% em receita.

De acordo com a gerente de exportação da Abiarroz, Beatriz Sartori, as enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional do cereal, afetaram severamente a infraestrutura e a logística. “Estradas foram destruídas, regiões ficaram isoladas por longos períodos e houve alterações no calado do Porto de Rio Grande. Esses fatores têm impactado fortemente os resultados das exportações brasileiras, pois dificultam e encarecem a logística.”

Além disso, a gerente pontua que as conjunturas globais tem afetado o setor. “Além da menor disponibilidade de rotas provocada pela alteração do calado no Porto de Rio Grande, há uma alta nos fretes marítimos em todo o mundo, pressionada pelos ataques aos navios no Mar Vermelho devido à guerra entre Israel e Hamas.”

Em termos de importações, o Brasil adquiriu 813,8 mil toneladas de arroz no primeiro semestre deste ano, com um desembolso de US$ 356,3 milhões, um aumento de 11% em volume.

Segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os preços do arroz têm operado próximo da estabilidade ao produtor no Rio Grande do Sul, oferecendo um patamar de preços vantajoso para os produtores que conseguiram colher sem os impactos das enchentes. A projeção do mercado, que equilibra oferta e demanda de arroz, sugere que os preços devem permanecer remuneradores ao longo de 2024 e a expectativa "é de acentuada expansão de área do grão em todo o país", afirmou o órgão.

Programa Arroz da Gente

No começo do mês, o governo lançou o programa "Arroz da Gente", uma iniciativa para incentivar a produção de arroz em diversos estados e fortalecer a agricultura familiar. O programa oferecerá, além do apoio financeiro, fomento, acompanhamento técnico, garantia de comercialização e facilitará o acesso a tecnologias adaptadas à realidade local, como pequenas máquinas, colheitadeiras e silos secadores de pequeno porte.

"É determinação do presidente Lula que a gente plante mais arroz, que a gente tenha arroz como temos soja, milho, carne bovina e suína, aves. Em abundância. Se sobrar, vamos exportar, gerar renda no campo e excedentes na balança comercial brasileira”, disse o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, durante o lançamento.

Com a iniciativa, cerca de 10 mil famílias produtoras deverão receber incentivo para aprimorar o cultivo de arroz — a expectativa do governo é de que a ação atenda inicialmente 200 municípios de 14 estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste, Norte e Sudeste do país. Além disso, as medidas serão implementadas em cidades do Maranhão, Alagoas, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Ceará, Bahia, Pará, Rondônia, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.

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