Tecnologia

TV, o novo passo da Amazon no Brasil

EXAME testou o Fire TV Stick, aparelho que se conecta às televisões e as transforma em Smartvs, com acesso a conteúdo streaming

Amazon Fire TV: o produto é a investida da Amazon para brigar com Google (Michael Short/Bloomberg)

Amazon Fire TV: o produto é a investida da Amazon para brigar com Google (Michael Short/Bloomberg)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 21 de novembro de 2017 às 17h56.

Última atualização em 22 de novembro de 2017 às 09h28.

Depois de ficar cinco anos vendendo apenas livros no Brasil, a varejista americana Amazon acelerou o passo de outubro para cá. Estreou o marketplace de produtos eletrônicos no mês passado, e começou a vender também produtos de casa e cozinha na sexta-feira. Nesta terça-feira, a companhia lançou o Fire TV Stick, aparelho que se conecta às televisões e as transforma em SmarTVs, com acesso a conteúdo streaming. O Fire TV Stick é a investida da Amazon para brigar com Google, que produz o Chromecast, com a Apple, que tem a Apple TV.

No limite, a companhia aumenta a competição também com a produtora de conteúdo Netflix, já que o novo produto vai facilitar o acesso ao conteúdo produzido pela Amazon, o Prime Video. O Prime Video está disponível a brasileiros desde o ano passado, mas só no final de outubro passou a ser cobrado em reais, pago com cartões de crédito nacionais e ter menu em português — a empresa também reduziu o preço do plano para 7,90 reais nos primeiros seis meses (depois disso o preço sobe para 14,90). O pacote mais barato do Netflix custa 19,90 reais. É possível assistir ao Prime Video pelo Fire TV Stick, pelo navegador do computador e também em apps para Android, iOS, Xbox One, PS4, smart TVs da Samsung e da LG.

Com a chegada do Fire TV Stick, e a recente mudança no plano de pagamentos do serviço de streaming, a empresa tenta expandir seu negócio no Brasil e abocanhar a fatia de consumidores de produtos de streaming por aqui. A Netflix tem cerca de 5,6 milhões de usuários no Brasil, cerca de 5% dos 109 milhões de assinantes da empresa, de acordo com seu último balanço trimestral, metade deles nos Estados Unidos.

Segundo uma pesquisa divulgada pelo portal Notícias da TV no final do ano passado, o número de usuários da Netflix já é maior do que o de assinantes da rede de TV por assinatura Sky, e a empresa teve no ano passado um faturamento de 1,29 bilhão de reais, o que corresponde a 30% a mais do que o canal SBT. Como a Netflix não divulga dados de acesso e de faturamento por país, a estimativa foi feita com base em tráfego de dados e acesso e tem uma margem de erro de até 10%.

A Amazon também não divulga o número de usuários do Prime Video ou do Prime, seu serviço de fidelidade (que garante acesso a entregas mais rápidas e também ao Prime Video).

As duas empresas estão investindo pesado em produção própria. O montante investido pela Netflix em conteúdo original saiu de 2,5 bilhões de dólares em 2013 para 6 bilhões este ano. Ano passado, a empresa  investiu na série 3%, primeira produção brasileira. Nesses mesmos quatro anos, a Amazon quase quadruplicou seus investimentos em produção de conteúdo no mesmo período: de 1,2 bilhão de dólares para 4,5 bilhões.

É natural que essas empresas invistam nesse mercado: de acordo com pesquisa da consultoria Boston Consulting Group, em 2020 metade do consumo de entretenimento nos Estados Unidos será sob demanda, com 32% da média de consumo de vídeo vindo de plataformas online. Atualmente, cerca de 70% do tráfego global de dados já é usado na transmissão de vídeos.

Teste em casa

EXAME recebeu da Amazon um Fire TV Stick e testou o produto durante o final de semana.

O aparelho, conectado à saída HDMI da TV, vem dentro de uma pequena caixa e é pouco maior que um pendrive. O controle também é pequeno, a exemplo do da Apple TV. Há também um cabo USB que conecta o Stick à tomada. É realmente de fácil uso e bastante responsivo, principalmente porque conta com controle remoto próprio, que permite pausas e avanços ou retornos na programação. O menu interativo da Amazon é bastante semelhante àquele de Smartvs.

É possível baixar aplicativos que dão acesso a outros serviços, como o da própria Netflix, ou mesmo YouTube e Spotify. Mas, diferente do Chrome Cast, o aparelho não conta com uma solução embutida para transmissão de celular ou computador: para conectar o aplicativo do YouTube do celular na televisão é preciso ter ou o aplicativo no Fire TV Stick ou um aplicativo de retransmissão — algo que o Chromecast torna mais fácil.

Apesar disso, o concorrente do Google é mais lento em sincronização, por sempre precisar estabelecer uma conexão entre o celular e o televisor. O aparelho da Amazon, neste caso, é mais parecido ao da Apple. O dispositivo da Amazon tem uma série de aplicativos de notícias, exercícios e jogos. É possível ter conteúdo disponibilizado pelas redes Bloomberg, BBC ou pela revista alemã Der Spiegel, por exemplo.

A instalação do aparelho é bastante simples e requer uma conexão com rede wi-fi e uma conta na Amazon, além de uma TV com entrada HDMI. O catálogo da Amazon tem produções próprias como Mozart in the Jungle, (série sobre um inusitado e jovem maestro, contratado pela Orquestra Sinfônica de Nova York) ou The Man in the High Castle (uma série eletrizante sobre como teria sido o mundo caso os nazistas tivessem vencido a Segunda Guerra Mundial). Outros títulos não originais da Amazon, como a série Mr. Robot, também estão na plataforma.

O Fire TV Stick conta com uma peculiaridade: é a versão básica do Fire TV, dispositivo que a Amazon vende nos Estados Unidos com acesso ao assistente pessoal Alexa e comando de voz. Por esse motivo, nossa versão do aparelho não conta com suporte à resolução 4K ou conteúdo HDR.

O preço do Fire TV Stick é de 289 reais no site da Amazon. É legal, mas nada muito diferente dos produtos que já estavam à disposição por aqui. A experiência completa da Amazon, por enquanto, continua distante do Brasil.

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