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Starlink: como a internet de Elon Musk mantém a Ucrânia conectada

Conexão via satélite é o único sistema de comunicação não russo no país atualmente; entenda como o presidente executivo da SpaceX chegou lá

 (Getty Images/Getty Images)

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LP

Laura Pancini

Publicado em 7 de março de 2022 às 12h09.

Última atualização em 8 de março de 2022 às 10h58.

O bilionário Elon Musk é conhecido por suas promessas, que tendem a ser grandes demais para serem cumpridas. O fundador da SpaceX, por exemplo, já prometeu "robôtaxis autônomos na estrada no próximo ano" todos os anos desde 2014, e o produto jamais foi lançado. Na Tesla, atrasos no lançamento do Cybertruck e uma promessa repentina de um robô humanoide também marcaram os últimos meses de trabalho do CEO.

Portanto, quando o ministro da Ucrânia, Mykhailo Federov, tuitou uma crítica a Musk por não fazer o suficiente para ajudar a fornecer a Starlink, sua internet via satélite, dúvidas surgiram sobre como e se o presidente executivo iria conseguir ajudar o país em guerra.

“@elonmusk, enquanto você tenta colonizar Marte — a Rússia tenta ocupar a Ucrânia! Enquanto seus foguetes pousam com sucesso do espaço, foguetes russos atacam civis ucranianos! Pedimos que você forneça à Ucrânia os dispositivos Starlink e peça aos russos sãos para se retirarem”, tuitou Fedorov.

A internet via satélite de Musk promete velocidade de acesso entre 100 e 200 Mbps, além de redução da latência de até 20 milissegundos na maioria dos locais. Os números devem subir na medida que mais satélites vão ao espaço.

Atualmente, a Starlink conta com mais de 2 mil satélites na órbita baixa da Terra, e a expectativa é que este número chegue a um total de 4.425 em 2024. No Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) recentemente aprovou o uso da internet de Musk no Brasil, mas é preciso pagar por volta de R$ 5 mil só para o kit completo chegar em casa.

Algumas horas após o tuíte de Fedorov, Musk respondeu: “O serviço Starlink agora está ativo na Ucrânia”. Porém, não há como acessar a internet sem a antena e roteador da Starlink, que tiveram de ser enviados.

Eles chegaram três dias depois do pedido do ministro, na última segunda-feira, 28, mas ninguém soube explicar como os kits entraram em um país que enfrenta uma invasão militar russa. Nem o próprio Musk.

“Gostaria de poder dizer mais”, disse o bilionário à SpaceNews. “Mas, sim, eu estava pensando a mesma coisa. Estranho que a SpaceX possa fazer isso.”

Ainda na segunda à noite, a internet via satélite de Musk foi testada por um engenheiro de Kiev, que, por coincidência, havia comprado um terminal Starlink em dezembro para mexer em sua oficina em casa.

Oleg Kutkov acabou se tornando um dos primeiros usuários do Starlink na Ucrânia, se não o primeiro.  Inclinando o prato para fora da janela de seu apartamento, o autodenominado "hacker de hardwares" conseguiu velocidades de download acima de 100 Mbps, de acordo com tuíte.

Porém, existem riscos. Com a Starlink sendo o único sistema de comunicação não russo em funcionamento na Ucrânia, analistas começaram a apontar que isso poderia transformar os usuários em alvos para ataques aéreos russos.

Musk alertou em seu Twitter para que os ucranianos usassem a internet com cautela. Ele pediu aos usuários para "ligar o Starlink apenas quando necessário e colocar a antena o mais longe possível das pessoas" e "colocar uma camuflagem sobre a antena para evitar a detecção visual".

Em contrapartida, o engenheiro-chefe da Divisão de Combate Especial nos Estados Unidos, Paul Hartman, disse em entrevista à SpaceNews que, quanto mais terminais Starlink implantados na Ucrânia, mais difícil será que eles se tornem alvos.

"Seria desgastante derrubá-los. (...) Custaria aos russos muito mais”, disse Hartman. “O maior problema são os danos colaterais que podem ocorrer.”

Por enquanto, não há relatos de que a rede Starlink tenha auxiliado tropas russas nos ataques. O presidente Volodymyr Zelenskiy afirmou no último sábado, 5, que mais dispositivos iriam chegar nesta semana após uma conversa com Musk.

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