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Só 10% dos alunos do RJ tem hábito de leitura

Isso apesar de 92% dos estudantes do ensino médio da rede estadual estarem conectados à internet

Biblioteca: entre os alunos que leram mais que um livro em média nos últimos cinco anos, a pesquisa registrou que 14% leram entre 6 e 10 livros em cinco anos (Getty Images)

Biblioteca: entre os alunos que leram mais que um livro em média nos últimos cinco anos, a pesquisa registrou que 14% leram entre 6 e 10 livros em cinco anos (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2012 às 18h42.

Rio de Janeiro - Pesquisa efetuada pelo Instituto Mapear para a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro indica a necessidade de se reforçar os programas governamentais para estimular o hábito da leitura entre alunos da rede pública de ensino no estado. Para o governo fluminense, o histórico familiar explica, em boa parte, o baixo interesse pela leitura entre alunos do ensino médio.

A pesquisa Escolas Estaduais do Rio do Janeiro – Percepções e Expectativas de Alunos revela que 92% dos estudantes do ensino médio da rede estadual estão conectados à internet, mas o hábito de ler não faz parte da vida deles. De modo geral: 14% dos 4 mil alunos consultados disseram não ter lido nenhum livro nos últimos cinco anos. Um livro foi lido no período por 11% dos estudantes; dois ou três livros por 26% e quatro ou cinco livros por 17%.

Entre os alunos que leram mais que um livro em média nos últimos cinco anos, a pesquisa registrou que 14% leram entre 6 e 10 livros, 8% entre 11 e 20 e 10% leram mais que 20 livros em cinco anos.

A pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, divulgada em março deste ano pelo Instituto Pró-Livro, registra que, na faixa etária entre 5 e 10 anos, as crianças brasileiras leram 5,4 livros, no ano passado. Entre os pré-adolescentes, de 11 a 13 anos, a taxa de leitura ficou em 6,9 livros por ano e entre adolescentes de 14 a 17 anos (mesma faixa etária da pesquisa realizada no estado do Rio de Janeiro) foram lidos 5,9 livros em 2011.

Os números são menores do que os registrados na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil realizada em 2007, mas, segundo o Instituto Pró-Livro, a queda se deve a uma diferença de metodologia em relação ao estudo deste ano, não necessariamente à uma queda no número de leitores no país.

O baixo índice de leitura entre os alunos do ensino médio da rede pública estadual fluminense pode ser atribuído a um fator histórico, disse hoje (10) à Agência Brasil o subsecretário de Gestão do Ensino, Antonio Neto. O subsecretario informou que 70% dos pais de alunos não têm o ensino fundamental completo. “No ambiente familiar o aluno não encontra estímulo para a leitura”, disse.


Nas famílias de classe média, que costumam assinar jornais e periódicos, os estudantes conseguem ter mais acesso a algum tipo de leitura. “No caso das famílias mais pobres, nós não vemos isso. Vemos grandes dificuldades. O papel da escola passa a ser mais importante, porque é um quadro que tem que ser revertido desde os anos iniciais da educação”, disse Neto. A pesquisa foi pautada no ensino médio e mostra que a leitura tem que ser fortalecida desde os anos iniciais do ensino fundamental, “para que no ensino médio, o aluno tenha uma convivência com o livro muito maior”.

Incentivo à Leitura - Antonio Neto observou que, “como o mundo ideal não existe”, é preciso trabalhar com a realidade. Para fomentar ações que incentivem o gosto pela leitura entre os alunos, a Secretaria Estadual de Educação do Rio utiliza várias ferramentas. Uma delas, iniciada este ano, foi a Semana de Artes das escolas públicas estaduais, encerrada no último dia 6, no Píer Mauá.

A Semana de Artes foi resultado de trabalhos efetuados por escolas da rede estadual que envolveram várias linguagens, entre as quais música, dança, pintura, literatura, vídeo e teatro. “Essa ação de fomento à arte está necessariamente ligada à leitura”, disse. Foram cinco dias de ações escolares, o que levou a secretaria a decidir ampliar o evento no próximo ano.

Outra ação de incentivo ao hábito de ler entre os estudantes é o Salão do Livro das Escolas Estaduais,. O evento é anual e constitui uma oportunidade de as unidades escolares adquirirem novos livros para os estudantes. Cerca de 141 unidades participaram da última edição, que teve uma verba de R$ 8 milhões.


“É uma espécie de feira de livros, só voltada para nossas escolas estaduais, onde elas, por meio dos seus programas de leitura, vão a essa feira para melhorar o seu acervo de livros”. Os professores fazem a seleção dos títulos, bem como os alunos dão sugestões, porque são eles quem vão conviver com esse ambiente de leitura, explicou o subsecretário.

Futuro - Novas ações estão sendo formatadas com o objetivo de serem introduzidas na rede de ensino em 2013. Antonio Neto esclarece que a secretaria não trabalha com o conceito de bibliotecas, mas de salas de leitura nas escolas. O acervo dessas unidades considera uma proporção média de três livros, “pelo menos”, por aluno, conforme determina a legislação atual para bibliotecas.

O subsecretário disse que só o livro na escola não resulta em uma ação de leitura. Para reverter esse quadro, a secretaria criou, no ano passado, a função de “professor agente de leitura”. Esse profissional começará a ser colocado nas escolas ainda neste semestre com a função de fomentar a leitura. Ele terá também a atribuição de criar estratégias para que o aluno “utilize e trabalhe com esses livros”.

Essa função se dará por adesão entre os professores e não existia anteriormente na secretaria. Antonio Neto explicou que o governo teve o cuidado de preservar a característica de regência, de trabalho pedagógico, ao contrário do que ocorre em alguns estados, em que o professor, ao exercer uma função fora da sala de aula, perde o benefício.

A ideia é levar a figura do professor agente de leitura, de forma gradual, a todas as 1.437 escolas públicas dos 92 municípios fluminenses. Todas elas têm algum tipo de sala de leitura ou espaço dedicado a livros, como bibliotecas inclusive. “Nós queremos atingir todas elas. Mas esse é um passo gradual, porque nós temos uma deficiência de pessoal na rede ainda grande”, disse Antonio Neto.

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