Segurança digital é crucial, especialmente no Brasil, diz CEO da DocuSign
Allan Thygesen, da empresa de assinatura eletrônica, falou com exclusividade à EXAME sobre o apetite digital do país e como a empresa que comanda tem aproveitado a digitalização brasileira para crescer sua base de clientes
Repórter
Publicado em 6 de novembro de 2023 às 14h47.
Última atualização em 6 de novembro de 2023 às 14h47.
O Brasil tem um mercado próspero para a digitalização. Em um exemplo, segundo dados daInternational Data Corporation (IDC), 75% das organizações brasileiras já experimentaram assinar documentos pelo computador ou celular—ou seja, sem necessidade de impressora, caneta ou a complicada autenticação em cartório.
Os dados também mostram que o país se destacacom um crescimento de 12,9% nos gastos de empresas em Tecnologia da Informação (TI), seis vezes superior ao crescimento do PIB. Para se ter uma ideia, estima-se que os investimentos atinjam 27,4 bilhões de dólares até 2026.
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É com essa perspectiva que a líder em assinaturas eletrônicas, a americana DocuSign encontra uma oportunidade no Brasil.Listada na Nasdaq, a DocuSign teve um aumento de 11% na receita nos resultados do último trimestre, totalizando US$ 687 milhões em ganhos. A expectativa de vendas dos seus serviços para o ano de 2023 é por volta de US$ 2.73 bilhões.
Com uma fatia bastante representativa vindo do Brasil, a empresa aposta em outras medições sobre o apetite digital brasileiro. É o que afirma Allan Thygesen, CEO da DocuSign e ex-Google, que falou sobre a pesquisa da IDC e o crescimento da empresa que comanda no Brasil e no mundo. Confira os principais trechos da entrevista exclusiva à EXAME:
Considerando a plena adoção da assinatura digital, segundo mostra a pesquisa da IDC, quais são os setores para explorar e expandir esse tipo de serviço no Brasil nos próximos anos?
Os setores de finança, saúde e varejo têm sido historicamente os principais clientes, é a partir deles que vimos o segmento se consolidar. Contudo a assinatura de documentos é essencial em todos os mercados e tamanhos de empresas. Todos os setores são potenciais.
Com o crescimento das fintechs no Brasil, como a DocuSign está se integrando a essa revolução financeira, especialmente em termos de autenticação biométrica avançada e processos KYC?
A DocuSign testemunhou uma adoção significativa tanto por instituições financeiras tradicionais quanto por fintechs no Brasil. Para as fintechs, a aquisição contínua de clientes é crucial e nós fornecemos uma solução elegante. Os usuários podem comprovar sua identidade ao participar de sessões de vídeo automatizadas para verificação de identidade, aumentando a segurança e reduzindo os riscos de fraude em novas inscrições de contas.
Após a pandemia e à medida que o trabalho remoto se torna menos comum, houve uma diminuição notável no número de empresas que priorizam a segurança online. Segundo estudo da DocuSign, apenas 8% dos líderes acreditam que a tecnologia pode melhorar a segurança online. O que justifica uma porcentagem tão baixa?
É fácil acreditar que isso não acontecerá com você até que aconteça. Além disso, pode ser visto como um risco difícil de controlar. Em primeiro lugar, é crucial definir o que as pessoas entendem por segurança, especialmente em lugares como o Brasil. Agilidade, eficiência, precisão e segurança são as principais preocupações levantadas por nossos clientes aqui. A segurança, neste contexto, inclui segurança de TI, segurança de dados, segurança física, legalidade e exposição à intervenção governamental.
Ainda de acordo com o estudo, empresas no pós-pandemia focam mais em produtividade do que em segurança. Esta mudança pode afastar ou aproximar as empresas de uma abordagem mais digital?
Estamos testemunhando um crescimento significativo na produtividade organizacional e na melhoria de produtos e serviços.Os gastos das empresas em TI crescem seis vezes mais rápido que o PIB do Brasil. Cerca de 41% estão interessados em investir em segurança e ambientes híbridos para suportar o novo modelo de trabalho remoto. O custo e a complexidade técnica, incluindo a competência interna, são os desafios. As empresas devem focar em soluções com alto retorno, começando pelas que são fáceis de adotar, como a assinatura eletrônica.
Existem desafios que impedem os usuários brasileiros de usar a DocuSign com mais frequência, como medo da tecnologia ou preocupações com segurança?
As preocupações com segurança diminuíram à medida que empresas e governos aceitam amplamente a DocuSign. O principal desafio reside na priorização. A DocuSign oferece uma solução fácil de implementar e de alto retorno. Estamos investindo no Brasil com foco em aumentar a eficiência nas interações entre empresas e consumidores.Temos planos de novas funcionalidades adaptadas ao mercado brasileiro, com ênfase em um aplicativo de mensagens que é o favorito dos brasileiros.
E visto as oportunidades do setor, o que a DocuSign aposta para o futuro de sua operação no mercado brasileiro?
A DocuSign foi pioneira na categoria de assinatura global, mas nosso foco agora está na expansão para uma plataforma mais ampla, fornecendo mais valor aos clientes. Nosso objetivo é cobrir todas as etapas da jornada do contrato, desde a criação e edição de documentos até a verificação das partes, execução e gestão do contrato. Estamos investindo fortemente na inovação de produtos, lançando novos produtos mensalmente e redefinindo nossa abordagem de mercado. Nosso objetivo é ser o fornecedor líder de um conjunto integrado para gerenciamento de contratos,incorporando IApara aprimorar os processos de elaboração, edição, revisão e verificação de identidade. Estamos entusiasmados com as oportunidades de crescimento no Brasil e no mundo.