Saúde digital: 78% do público diz ter interesse em usar serviços de saúde digital, segundo pesquisa encomendada pelo Sesi ao Instituto Nexus (Bevan Goldswain; /Getty Images)
EXAME Solutions
Publicado em 19 de dezembro de 2025 às 17h30.
Última atualização em 19 de dezembro de 2025 às 17h31.
Em um país em que, de acordo com o último Censo, 90% da população de 10 anos ou mais têm acesso à internet, a digitalização é considerada uma poderosa ferramenta de cuidado com a saúde. Inclusive, boa parte dos brasileiros está disposta a experimentar essa opção: 78% do público diz ter interesse em usar serviços de saúde digital, segundo uma pesquisa recente encomendada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) ao Instituto Nexus, na qual foram ouvidas cerca de 2 mil pessoas com mais de 16 anos, em todos os estados brasileiros, entre 13 e 15 de maio.
Outra boa notícia é que, entre os que já experimentaram a modalidade, 81% têm uma avaliação positiva dos serviços de saúde digital — um resultado ainda melhor do que os 73% que faziam uma boa avaliação na pesquisa anterior, realizada há dois anos. “Isso demonstra que a qualidade está crescendo e que os profissionais de saúde têm se adaptado a esse novo formato de cuidado”, diz Emmanuel Lacerda, superintendente de saúde e segurança do Sesi.
Os principais serviços de saúde digital utilizados são o agendamento de consultas e exames (57%), teleconsultas (49%), integração digital de exames laboratoriais e de imagem (33%) e a prescrição digital de medicamentos (23%).
De certa forma, a saúde digital tem todas as características do que seria a solução ideal para melhorar o acesso à saúde em um país como o Brasil: ela aproxima pacientes e profissionais da saúde e amplia o atendimento nas regiões em que ele é mais necessário.
Na pesquisa do Sesi/Instituto Nexus, 30% dos usuários desses serviços destacaram a praticidade do modelo. Outros 28% mencionaram a agilidade como uma vantagem, e 14% dos entrevistados ressaltaram a qualidade do atendimento.
“Na prática, isso significa a possibilidade de reduzir filas, acelerar diagnósticos e favorecer a prevenção”, diz Emmanuel Lacerda. “Esses benefícios são ainda mais significativos para quem vive em regiões distantes e para a população de baixa renda e podem fazer a diferença entre cuidar da saúde ou deixar de buscar atendimento.”
Ainda há, no entanto, muito espaço para melhorar. Atualmente, apenas 1 em cada 5 brasileiros já usou serviços de saúde digital. Além disso, embora mais da metade da população acredite que a modalidade facilita o acesso à saúde, quase dois terços das pessoas afirmam ter pouco ou nenhum conhecimento sobre como encontrar o serviço.
Cerca de 35% dos usuários entrevistados para o levantamento disseram que a sensação de insegurança ou a falta de confiança no atendimento online é a principal dificuldade para o acesso aos serviços de saúde digital, enquanto 23% consideram que o maior problema é a dificuldade de acesso à internet.
Parte da estratégia para solucionar essas questões passa pelo investimento no chamado letramento digital da população, com base em campanhas institucionais e na ação dos próprios profissionais de saúde, que podem orientar a população sobre como utilizar a saúde digital.
O poder público tem uma função importante, ampliando o acesso aos dados de saúde para a população, os profissionais de saúde e os gestores, por meio da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) e pelo aplicativo Meu SUS Digital.
A iniciativa privada também tem funções fundamentais. “As empresas podem ter um papel transformador na saúde digital”, diz Luis Gustavo Kiatake, diretor de relações institucionais da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde e um entusiasta da saúde digital. “O setor privado pode participar ativamente não só em ações preventivas, mas também na assistência, com a realização de exames, no uso da telessaúde de forma integrada e coordenada com o SUS e os planos de saúde, na educação dos trabalhadores e na construção de modelos mais sustentáveis na saúde suplementar.”
Para os especialistas, o desafio agora é garantir que a tecnologia caminhe lado a lado com a inclusão, a capacitação e a confiança dos usuários, para que o país colha plenamente os benefícios desse novo modelo de cuidado. Nesse cenário, a integração entre poder público, setor privado e sociedade civil será essencial para tornar a saúde digital não apenas uma alternativa, mas uma realidade acessível e eficiente para todos.