Ter sangue-frio e ser rápido são as duas principais regras que precisam ser seguidas para tentar recuperar um celular ou tablet desaparecido (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2012 às 12h09.
São paulo - Lá se foi o ladrão com o celular ou tablet. Pode ter sido um furto ou, pior, um roubo, com toda a carga de estresse que uma situação como essa causa.
A vítima logo pensará sobre o que poderia ter feito para evitar essa situação. Depois, ficará imaginando se dá para recuperar o celular e os dados.
A boa notícia é que existem, sim, formas de descobrir onde está o aparelho e de apagar todo o conteúdo. A má é que a pessoa deveria ter se preparado para isso antes de ser roubada. E, mesmo tomando precauções, não há como garantir que tudo vai dar certo.
Ter sangue-frio e ser rápido são as duas principais regras que precisam ser seguidas para tentar recuperar um celular ou tablet desaparecido. Obteve a localização? A polícia deve ser acionada.
Não tente resolver o problema sozinho. Manter a calma é fundamental. São vários os passos que requerem atenção para o rastreamento dar certo. Os smartphones e tablets são aparelhos inteligentes, mas não pensam sozinhos. Se não estiverem com tudo configurado e ativado da maneira correta, as dificuldades aumentam.
Mas com sorte a busca pode funcionar. Casos em que a polícia conseguiu recuperar um aparelho e encontrar os assaltantes têm se tornado cada vez mais frequentes.
Nos últimos dois meses, pelo menos cinco foram noticiados. Policiais conseguiram localizar celulares ou tablets horas depois de os crimes terem sido cometidos em São Paulo e nas cidades paulistas de Barueri e São Carlos, no Rio de Janeiro e em Recife.
Em todos os casos, os donos dos aparelhos tinham ativado um aplicativo ou serviço de rastreamento e passaram as informações para os policiais. Com isso, foi possível surpreender os ladrões.
Instale um aplicativo já
Tanto o iOS como o Windows Phone trazem soluções antifurto. Foram batizadas de Buscar iPhone e Localizar meu Telefone, respectivamente. Para usá-las, basta acessar as configurações do aparelho e habilitá-las. Alguns fabricantes, como a Samsung, desenvolvem serviços próprios.
Há também uma série de aplicativos, gratuitos e pagos, que prometem encontrar aparelhos perdidos ou roubados. Eles estão disponíveis para download na App Store, na Play Store e no Windows Marketplace.
Usar os apps não garante que o aparelho será achado. Mas, se você não tiver nenhuma delas, suas chances são nulas. O ideal é escolher uma solução, ativá-la e entender bem como funciona, fazendo testes em casa.
Pense em ter dois aplicativos diferentes instalados, porque um deles pode falhar. No Android, é comum esse tipo de software incluir um antivírus. Nesse caso, cuidado para não ficar com dois antivírus rodando ao mesmo tempo, o que pode prejudicar a velocidade do aparelho.
Quem tem o hábito de fechar aplicativos que estão rodando em segundo plano – ou de usar programas que fazem isso automaticamente, os chamados task killers – precisa repensar se vale a pena, já que isso pode atrapalhar a localização. O melhor é deixar o Android gerenciar sozinho o que deve permanecer aberto. A partir da versão 2.2 (Froyo), o sistema foi melhorado para fazer esse controle de modo adequado.
Depois de baixar o software, vale a pena testar as principais funções disponíveis no serviço escolhido. Os recursos básicos, presentes em quase todos eles, são três: rastreamento do aparelho, mostrando a posição em que ele está dentro de um mapa; bloqueio remoto, que impede o uso por quem não souber a senha; e eliminação de todos os dados.
Alguns dos programas trazem funções mais avançadas e bem úteis, como disparar um alarme sonoro do tipo “Este celular está sendo roubado”, mostrar uma mensagem na tela ou tirar uma foto de quem estiver com o equipamento nas mãos, usando a câmera frontal.
Poucos permitem fazer o backup remoto do conteúdo. Prefira os que prometem cópias só do que for essencial, como contatos e mensagens. Os que trabalham com recuperação total não são aconselháveis, pois o processo é bem demorado e pode não dar certo. Isso acontece porque o celular ou o tablet terão de transferir uma grande quantidade de dados pela web e, para isso, precisará estar conectado.
O aparelho só irá acessar o Wi-Fi se não estiver bloqueado e o ladrão resolver navegar, fazendo login em uma rede protegida, ou se houver uma rede aberta nas proximidades. No caso do 3G, mesmo se o dono do aparelho tiver um plano de dados, pode ser que o equipamento não dê conta de enviar todos os arquivos antes de atingir a cota mensal. Depois disso, a velocidade é drasticamente reduzida.
O melhor conselho para quem não quer perder dados é fazer backups regulares e ativar serviços de sincronização automática com a nuvem.
Os aplicativos Dropbox e Google+, disponíveis para iOS e Android, salvam automaticamente cópias online de todas as imagens. Ainda no Android, prefira associar contatos e compromissos à sua conta do Google, em vez de gravá-los no aparelho. Isso garante o acesso a tudo se alguma eventualidade ocorrer.
No Windows Phone, vale a pena ir até o menu Fotos+câmera e ativar a opção Carregar automaticamente no SkyDrive, para ter uma cópia das imagens no serviço de armazenamento virtual.
Arquivos importantes também devem ser enviados manualmente para o SkyDrive. Nos dispositivos da Apple, vale a pena usar o iCloud, que armazena as últimas 1 mil fotos por 30 dias, os contatos e os compromissos, entre outros itens. Autorize também o backup do iCloud, realizado por Wi-Fi.
Ative tudo
Além de ter pelo menos uma proteção contra assalto funcionando, é obrigatório manter sempre ligadas as duas conexões de dados, o 3G e o Wi-Fi. Isso vai aumentar o consumo de bateria, mas é um requisito para o funcionamento dos serviços de localização em diferentes situações, especialmente se o aparelho estiver dentro de um prédio ou de uma residência. Afinal, em ambientes fechados, o sinal do GPS não funciona.
Alguns aplicativos permitem ativar o 3G e o Wi-Fi remotamente, por mensagens SMS, mas é uma coisa a mais com que se preocupar. Acredite: na hora do aperto, quanto menos passos forem exigidos, melhor. Deixar o GPS ligado é ainda mais importante, porque vai permitir obter as coordenadas precisas quando o aparelho estiver em um local aberto.
A desvantagem é que também gastará bateria, mas vale a pena. Em muitos casos, o Wi-Fi só ajuda a obter localização aproximada, com grande margem de erro. Pode indicar um bairro ou uma cidade, por exemplo.
O 3G dá um resultado mais preciso, porque são usadas as antenas de celular para a localização. Nesse caso, a margem de erro fica em cerca de 100 metros. Em áreas muito populosas, porém, pode ser difícil achar o ponto exato. Com o GPS, o erro será mínimo. O ideal, portanto, é manter os três ativados.
Quase todos os serviços de localização contam com uma interface web, que dá acesso a um mapa com a posição do equipamento.
Quando o aparelho tiver sido levado, a primeira medida, depois de fazer o boletim de ocorrência, é procurar um lugar em que se possa acessar a internet, entrar no painel do aplicativo e buscar a localização. A maioria dos programas faz isso durante determinados intervalos de tempo. Por essa razão, é necessário ter paciência. Capture as telas que aparecerem e envie o material para a polícia.
Trave a tela
Outra medida importante é definir um bloqueio de tela. Isso vai atrasar a ação de criminosos menos preparados e ajudar a ganhar tempo. Com o aparelho travado, o bandido não poderá desinstalar o software de rastreamento, nem desligar GPS, 3G ou Wi-Fi.
Claro que ele ainda pode desligar o celular ou o tablet e botar tudo a perder. Também poderá levar o equipamento para um especialista, que vai restaurar as configurações de fábrica, apagando o conteúdo. Por isso, é importante tentar encontrar o aparelho o mais depressa possível.
Vários programas permitem fazer o bloqueio do smartphone ou do tablet remotamente, o que é uma ótima notícia se você não tiver o costume de travar o aparelho. Essa ação precisa ser imediata.
O procedimento é feito geralmente pela interface web do software. Além de enviar o comando para travar o celular, define-se uma senha de desbloqueio, de quatro dígitos. Ao fazer isso, anote a senha porque, no desespero, há grandes chances de esquecê-la. Aí, quando o dispositivo for recuperado, não será possível destravá-lo sem apagar o conteúdo.
Uma das decisões mais imediatas entre as pessoas que têm o celular roubado é ligar para a operadora e pedir para desativar o chip. Se você quiser ter uma chance de recuperar o telefone, não faça isso. O procedimento vai impedir uma conexão com a rede celular, desativando a localização pelo 3G.
Se o smartphone estiver bloqueado, não há motivo para pressa. Tente encontrar o aparelho. Se não conseguir, solicite a desativação. Alguns dos programas antifurto alertam se o chip foi trocado pelo criminoso e informam até o novo número do bandido. Se você receber o aviso, pode entrar em contato com a operadora.
A última recomendação é jamais andar com a bateria com pouca carga. Sempre que notar que isso pode acontecer, conecte o celular ou o tablet na energia.
Se for a algum lugar em que passará horas longe de uma tomada, carregue antes de sair. O motivo é simples: enquanto o equipamento estiver funcionando, o serviço de rastreamento ficará ativo.
As baterias atuais, de íons de lítio, não viciam e é até bom que recebam energia com frequência. De resto, basta torcer para o ladrão ficar empolgado com o aparelho roubado e nem perceber que caiu em uma armadilha. E cruzar os dedos para que tudo funcione.
Vale fazer seguro? (Por Gustavo Poloni)
Na saída do Espaço das Américas, em São Paulo, onde havia acabado de assistir o show Noel Gallagher's High Flying Birds, fui abordado por dois homens que queriam saber onde ficava a estação Barra Funda do metrô.
A conversa durou menos de um minuto e, quando entrei no carro, algo estranho aconteceu: meu iPhone 4 não se conectou ao rádio, como de costume. Bati a mão no bolso da calça, onde ele ficava, e não o encontrei. Procurei nos outros bolsos e nada. Havia sido furtado.
A raiva transformou-se em alívio quando lembrei que os dados estavam na nuvem e que pagava 18,49 reais ao mês por um plano da Zurich Minas Brasil Seguros, parceira da operadora Vivo.
Liguei para a central de atendimento e descobri que o seguro só cobre furtos qualificados. Certo de que me enquadrava nos pré-requisitos (o ladrão usara destreza para tirar o celular do meu bolso), levantei a documentação. Fui a uma delegacia fazer o boletim de ocorrência, porque a atendente disse que os BOs eletrônicos são vistos com desconfiança.
Dias depois, a surpresa. Tive o pedido recusado pela seguradora. O motivo? A Zurich só cobre furto qualificado por arrombamento. A atendente falhara ao não informar essa peculiaridade do contrato. Ou seja, perdi tempo e não recuperei o valor do meu iPhone. A dica é antiga, mas ainda vale: nunca deixe de ler as letras minúsculas dos contratos de serviços.