Diferente de Zuckerberg e Bezos, Sam Altman sai em busca antecipada por regulação de seus negócios
O CEO da OpenAI, dona do ChatGPT, em ida amigável ao senado dos EUA, criou uma relação com o governo que se distancia de outros líderes da tecnologia
Repórter
Publicado em 16 de maio de 2023 às 17h23.
Última atualização em 16 de maio de 2023 às 19h38.
Ao perceber que a forma como algo é feito não traz os resultados esperados, é prudente seguir com o mesmo comportamento? Sam Altman, CEO da OpenAI, dona do ChatGPT, certamente acredita que o caminho é mudar os fatores. Ao ver por anos que os comandantes das gigantes de tecnologia, ao nível de Mark Zuckerberg e Jeff Bezos, penaram para balizar a posição antagônica dos legisladores americanos frente aos seus negócios, o executivo-estrela do momento tentou algo diferente.
Nesta terça-feira, 16, foi ao senado dos EUA pedir por regulação antes que o debate sobre uso amplo de inteligência artificial (IA) ganhe contornos negativos. O executivo afirmou ter ciência do poder que as ferramentas de IA podem desenvolver e os danos que podem causar.
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Muito antes de precisar ser acuado e escrutinado, como ocorreu em abril com o CEO do TikTok Shou Zi Chew, Altman teve uma audiência amigável e buscou esclarecer o que poderia ser um temor, por hora exagerado, dos membros do governo americano. Por vezes, Cory Booker, democrata de Nova Jersey, referiu-se a Altman pelo primeiro nome, um claro sinal de proximidade, reportou o Wall Street Journal.
Para trazer o clima de ''ainda há tempo", o jovem inovador de 38 anos atacou em diferentes frentes. Além do depoimento público, fez um jantar com dezenas de membros da Câmara na noite de segunda-feira, 15, e se reuniu em particular com vários senadores antes da audiência. Também ofereceu abertura para flexibilizar as direções para as quais o seu negócio seguir.
“Acho que se essa tecnologia der errado, pode dar muito errado. E queremos ser sinceros sobre isso”, disse ele na audiência. “Queremos trabalhar com o governo para evitar que isso aconteça.”
No momento certo
Altman fez sua estreia pública no Capitólio quando o interesse pela IA explodiu. Gigantes da tecnologia investiram esforços e bilhões de dólares no que dizem ser uma tecnologia transformadora, mesmo em meio a crescentes preocupações sobre o papel da IA na disseminação de desinformação, substituição de empregos e com a possibilidade de se igualar a singularidade humana.
Isso colocou a tecnologia no centro das atenções em Washington. O presidente Biden disse este mês, em uma reunião com um grupo de executivos-chefes de empresas de IA, que “o que vocês estão fazendo tem um enorme potencial e um enorme perigo”.
Mas dado o cenário de parcimônia, o resultado foi favorável para Altman, que recebeu agradecimentos por sua disposição em dialogar. Altman foi acompanhado na audiência por Christina Martin, diretora de privacidade e confiança da IBM, e Gary Marcus, um conhecido professor e crítico frequente da tecnologia de IA.
Altman disse que a tecnologia de sua empresa pode destruir alguns empregos, mas também criar novos, e que será importante para “o governo descobrir como queremos mitigar isso”. Ele propôs a criação de uma agência que emita licenças para a criação de modelos de IA em larga escala, regulamentos de segurança e testes pelos quais os modelos de IA devem passar antes de serem divulgados ao público.
“Acreditamos que os benefícios das ferramentas que implantamos até agora superam amplamente os riscos, mas garantir sua segurança é vital para o nosso trabalho”, disse o Altman.
Uma resposta pode demorar a vir
Contudo, não ficou claro como os legisladores responderiam ao apelo para regulamentar a IA. O histórico do congresso americano em regulamentações de tecnologia é tortuoso e pouco eficaz. Dezenas de leis de privacidade, liberdade de expressão e segurança falharam na última década por causa de disputas partidárias e oposição feroz de gigantes da tecnologia.
Com isso, é consenso de que Estados Unidos estão atrás do mundo em regulamentações de privacidade, fala e proteção online para criança. Também está atrasado nos regulamentos de IA. Os legisladores da União Europeia devem introduzir regras para a tecnologia ainda este ano. E a China criou leis que façam com que as IAs obedeçam suas leis de controle de informações.
No Brasil, além da regulação das redes sociais via PL das Fake News, o PL 2.338/23, sobre IAs, foi apresentado ao Senado no início de maio.