Tecnologia

Realidade virtual é aposta do futuro para indústria móvel

"Há mercados em que ainda não há nenhum líder, motivo pelo qual há muito espaço para crescer"


	Realidade virtual: "Com o mercado de smartphones desacelerado, uma das maneiras de gerar lucros é conquistando um posto nas novas categorias"
 (Kay Nietfeld / Reuters)

Realidade virtual: "Com o mercado de smartphones desacelerado, uma das maneiras de gerar lucros é conquistando um posto nas novas categorias" (Kay Nietfeld / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2016 às 17h29.

Com a desaceleração das vendas de smartphones, os fabricantes buscam o apetite do consumidor com dispositivos de realidade virtual, que permitirão ver vídeos e jogar videogames com esta tecnologia.

"Com o mercado de smartphones desacelerado, uma das maneiras de gerar lucros adicionais é conquistando um posto nas novas categorias, como os relógios inteligentes, as câmaras e os óculos de realidade virtual", explica Ian Fogg, diretor do setor móvel no escritório de pesquisa IHS.

"Há mercados em que ainda não há nenhum líder, motivo pelo qual há muito espaço para crescer", disse à AFP.

A Samsung, maior fabricante mundial de smartphones, anunciou no Congresso Mundial de Tecnologia Móvel de Barcelona que dará um capacete Gear VR de realidade virtual por cada pedido antecipado de seu novo produto estrela, o Galaxy S7, que começará a ser vendido no dia 11 de março.

Milhares de pessoas usaram o capacete para assistir à apresentação de novos smartphones na véspera da inauguração do congresso. Os espectadores aplaudiram enquanto os novos produtos apareciam flutuando diante de seus olhos.

O tumulto foi ainda melhor quando eles tiraram o capacete e viram o fundador do Facebook Mark Zuckerberg, que fez uma aparição surpresa para anunciar sua colaboração com a empresa coreana para promove o uso da realidade virtual na sua rede social.

Os capacetes, lançados no mercado em novembro, são equipados com tecnologia desenvolvida pela Oculus, uma companhia de realidade virtual comprada pelo Facebook em 2014 por 2 bilhões de dólares (1,8 bilhão de euros).

"A RV é a próxima plataforma em que todo mundo poderá experimentar o que quiser", disse Zuckerberg.

Mercado saturado

Sua concorrente sul-coreana LG, que teve prejuízo com os smartphones no ano anterior, anunciou no congresso seus próprios óculos de realidade virtual para acompanhar seu novo telefone G5.

"Se isso não te indica que a indústria avança para a realidade virtual, não sei o que poderá indicar", disse Jefferson Wang, principal sócio da IBB Consulting, especializada em conectividade sem fio e no setor tecnológico.

Essa aposta chega à medida que o mercado de smartphones desacelera, cada vez mais saturado.

A companhia de análise TrendForce prevê que as vendas mundiais desses dispositivos crescerão 8,1% em 2016. Em 2015 cresceu 10,3%.

A fabricante taiwanesa HTC decidiu concentrar-se na realidade virtual e deixar os smartphones um pouco de lado.

"Os smartphones são importantes, mas criar uma extensão natural a outros objetos conectados como os "vestíveis" e a realidade virtual é mais (importante)", afirmou em janeiro sua nova diretora-executiva, Cher Wang, ao jornal britânico The Telegraph.

No congresso de Barcelona, a realidade virtual despertou um grande interesse.

O espaço de realidade virtual instalado pela Samsung ficou cheio de gente fazendo fila para provar a montanha russa virtual.

Com o capacete, inclinam a cabeça para cima e veem um claro céu azul. Olhando para lado, está o restante do parque temático e as montanhas distantes.

Com a cabeça inclinada para baixo é possível se ver caindo por uma descida de dar calafrios. O movimento é fictício, mas as pessoas levantam os braços e gritam como se fosse real.

Chega para ficar

A empresa de estudos CCS Insight prevê que a venda desse tipo de dispositivo crescerá de 2,2 milhões em 2015 para 20 milhões em 2018, a maioria vinculados a smartphones.

"A realidade virtual no 'smartphone' deveria ser o principal impulso para essa tecnologia nos próximos anos", opina o diretor de pesquisa da CCS, Ben Wood.

Os capacetes mais sofisticados que funcionam vinculados a computadores continuarão sendo um nicho de mercado por seu alto custo, acrescentou.

Alguns usuários, entretanto, se queixaram ao ver pixels nas imagens retransmitidas.

"A qualidade dos sistemas não é boa", reconhece Edward Tang, fundador e presidente da Avegant, fabricante de capacetes de realidade virtual.

"Mas não há dúvida de que a realidade virtual está aqui para ficar".

Acompanhe tudo sobre:Internet móvelmark-zuckerbergPersonalidades

Mais de Tecnologia

Como a greve da Amazon nos EUA pode atrasar entregas de Natal

Como o Google Maps ajudou a solucionar um crime

China avança em logística com o AR-500, helicóptero não tripulado

Apple promete investimento de US$ 1 bilhão para colocar fim à crise com Indonésia