Exame logo 55 anos
Remy Sharp
Acompanhe:

Qualcomm dá o primeiro passo sério no território da Intel

Com Snapdragon 8cx preparado para notebooks, empresa espera tomar parte de mercado dominado pela Intel

Modo escuro

Para notebooks: Novo processador da Qualcomm, Snapdragon 8cx entra em território dominado pela Intel (Qualcomm/Divulgação)

Para notebooks: Novo processador da Qualcomm, Snapdragon 8cx entra em território dominado pela Intel (Qualcomm/Divulgação)

G
Gustavo Gusmão

Publicado em 9 de dezembro de 2018, 07h01.

Última atualização em 18 de dezembro de 2018, 17h06.

São Paulo — Ainda faltam alguns dias para 2018 acabar de vez. Mas a fabricante de chips Qualcomm deu seus primeiros passos em 2019 nesta última semana. E um deles, talvez o maior, foi em um território que até hoje é dominado por sua tradicional rival, a também norte-americana Intel: o mercado dos notebooks. Em um evento no Havaí, a marca anunciou o Snapdragon 8cx, que promete ser sua primeira jogada séria no ramo dos computadores.

Não é a primeira tentativa da empresa na área, vale dizer. Neste ano mesmo, fabricantes de laptops lançaram alguns modelos equipados com processadores da companhia. A sul-coreana Samsung, por exemplo, trouxe seu Galaxy Book 2, enquanto a chinesa Lenovo lançou o C630. Os dois vieram equipados com um Snapdragon 850, que é uma adaptação do 845 usado em smartphones topo de linha. Ambos, porém, ficaram devendo no desempenho, assim como seus contemporâneos e as gerações anteriores de notebooks com chips da marca.

A ideia da Qualcomm com o novo Snapdragon 8cx é manter as vantagens dos antecessores — um notebook que liga rápido e está sempre online — e resolver esse problema de performance. Maior já fabricado pela empresa, o chip é, na verdade, um system-on-a-chip (SoC). Ou seja, ele junta, em uma só peça, CPU (para processamento computacional), GPU (processamento gráfico) e modem para conexão a internet móvel 4G.

Seus oito núcleos de CPU Kryo 495, segundo a marca, alcançam um desempenho similar ao de um processador de alta performance de 15 watts da Intel, mas sem precisar de refrigeração e usando apenas 7W. Portanto, nada de barulho de ventoinha nos notebooks equipados com o chip. A Qualcomm não fez uma comparação direta com um modelo da concorrência. O número, porém, é referente ao TDP — o calor gerado pela peça — de um Intel Core i7 8550U, por exemplo, usado em notebooks um pouco mais caros.

Em termos gráficos, o 8cx vem com uma Adreno 680. A fabricante diz que essa GPU é duas vezes mais rápida e 60% mais eficiente em consumo de energia do que a geração anterior, usada no Snapdragon 850. O SoC será capaz de reproduzir imagens em até duas telas com resolução 4K e ainda tem suporte a HDR, tecnologia que garante melhor contraste nas cenas.

Muitos desses avanços se devem, possivelmente, ao fato de que o processador usa uma plataforma de 7 nanômetros. É o primeiro do tipo feito para computadores. O número indica a distância entre transistores do chip. Quanto menor, melhor, já que há mais espaço para incluir mais desses elementos na peça.

O que isso significa para o mercado?

Ainda não há notebooks anunciados com o novo processador da Qualcomm. Mas quando os primeiros chegarem, deve levar um tempo para a Intel sentir um baque considerável. A empresa domina com bastante folga, ainda hoje, o ramo dos notebooks.

Fora a Qualcomm, que está dando os primeiros passos nesse ramo, sua única rival de mais peso é a AMD. A empresa norte-americana, que fez barulho com seus processadores da linha Ryzen, tem força basicamente nos desktops — e ainda assim não passa muito dos 20% de mercado, segundo informações submetidas por usuários no site PassMark, que reúne resultados de testes de performance online. Entre os laptops, a parcela é de apenas 3,2%, de acordo com o analista Christopher Rolland, da consultoria norte-americana Susquehanna.

Ou seja, ao menos no curto prazo, o império da Intel não deve ser ameaçado. O problema é o futuro: ao menos tecnologicamente falando, a Qualcomm já está um passo à frente. Seu chip Snapdragon usa uma tecnologia de fabricação que a Intel está com dificuldades para alcançar. A companhia dos processadores Core está parada nos 10 nanômetros desde 2016, ano em que, seguindo a Lei de Moore, teria que reduzir a distância entre transistores para aumentar a potência dos chips. O plano foi postergado para o final de 2018.

Mas mesmo que perca espaço entre os desktops, a companhia ainda tem amplo domínio entre os servidores com seus processadores Xeon. Seus equipamentos são usados em 98% dos data centers ao redor do mundo, segundo a Bloomberg, e a Qualcomm parece ter desistido do ramo. Mas não deve demorar muito para a concorrência aparecer no ramo também — a Amazon apresentou, no fim do mês passado, seu próprio chip para esses computadores, baseado na arquitetura ARM. É bom, então, que a Intel não pare de se mexer.

Produtos Recomendados pela Exame

Últimas Notícias

ver mais
Meta exige presença de funcionários três vezes por semana
Tecnologia

Meta exige presença de funcionários três vezes por semana

Há 11 horas
As plataformas que revolucionaram o comércio eletrônico chinês
Tecnologia

As plataformas que revolucionaram o comércio eletrônico chinês

Há 13 horas
Habilidades são o futuro, diz 1ª mulher líder do LinkedIn Japão
Tecnologia

Habilidades são o futuro, diz 1ª mulher líder do LinkedIn Japão

Há 13 horas
Amazon estuda oferta de telefonia móvel para plano Prime nos EUA
Tecnologia

Amazon estuda oferta de telefonia móvel para plano Prime nos EUA

Há 14 horas
icon

Branded contents

ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

leia mais