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Por que precisamos de cidades inteligentes e como criá-las

Investir em novas tecnologias pode ser a solução para alcançar o desenvolvimento sustentável e suprir uma crescente demanda energética

Áreas urbanas: infraestrutura totalmente digitalizada e eletrificada é a chave para o desenvolvimento eficiente e sustentável (DrAfter123/Getty Images)
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Vanessa Daraya

Publicado em 18 de agosto de 2017 às 14h32.

Última atualização em 18 de agosto de 2017 às 14h40.

Estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que a população mundial estará próxima dos 10 bilhões em 2050. Além disso, dois terços das pessoas viverão em áreas urbanas. Isso significa que as cidades enfrentarão um enorme desafio para garantir o fornecimento de energia a todos os habitantes.

Assim como o crescimento populacional, a demanda energética das cidades deve aumentar. “As residências estarão conectadas à internet, o que exige energia elétrica. O fenômeno da internet das coisas será cada vez mais forte e, à medida que a sociedade usa novos bens e serviços, a demanda por energia sobe”, diz Nivalde Castro, professor e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Mas como as cidades podem comportar o uso crescente da tecnologia? Uma solução é a criação de cidades inteligentes. Uma infraestrutura totalmente digitalizada e eletrificada é a chave para o desenvolvimento eficiente e sustentável. Veja, a seguir, algumas formas de transformar as áreas urbanas em lugares melhores para se viver.

Controle energético eficiente

“Até 2050, as casas terão equipamentos conectados à internet que vão gerar muitos dados. E é preciso ter uma rede inteligente na cidade onde essas informações possam trafegar”, diz Rafael Lazzaretti, diretor de estratégia e inovação da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL).

Por meio de medidores inteligentes, o consumidor poderá acessar a rede para avaliar o consumo em tempo real e identificar problemas na distribuição, e redesenhar as linhas automaticamente. “Se um carro colidir com um poste, por exemplo, um bairro inteiro não terá que ficar sem luz. Será possível restringir o problema apenas à rua, até que ele seja resolvido”, explica Lazzaretti.

As possibilidades de uma rede inteligente são muitas e, inclusive, podem ajudar a promover o consumo racional de energia. Como a demanda por energia é mais baixa em determinados horários – principalmente durante a madrugada –, a eletricidade é vendida mais barata nesses períodos para empresas. Mas o benefício pode ser expandido aos consumidores no futuro. Com isso, uma máquina de lavar roupas inteligente, por exemplo, pode se programar para funcionar apenas nesse horário, o que resultaria em uma redução na conta de luz.

Veja outro exemplo: “Se eu saio de casa e não apago a luz, ela permanece acesa. Mas um sensor na sala pode identificar a ausência de alguém e desligar a luz”, diz Castro, da UFRJ.  Para Lazzaretti, todo esse controle energético pode ajudar a distribuir melhor a demanda por energia não apenas dentro das casas, mas em toda a cidade.

Mobilidade flexível e elétrica

Além da gestão do consumo, a rede pode melhorar o cotidiano urbano. Semáforos inteligentes com sensores de trânsito, por exemplo, podem alterar o intervalo de tempo entre as luzes de acordo com a quantidade de carros nas ruas.

Há também a possibilidade de se reduzir a dependência de combustíveis fósseis. “A rede mais moderna e inteligente vai criar espaço para o uso de veículos elétricos, pois surgirão baterias e pontos de recarga espalhados pelas cidades”, diz Lazzaretti, que aponta para uma tendência mundial. “Grandes centros urbanos, como Londres e Paris, têm incentivado a adoção do carro elétrico. Em Xangai, a compra de carro a combustão está sendo restringida.”

Para Castro, da UFRJ, a eficiência é o motivo da substituição dos motores a combustão pelos elétricos. “Um carro ou ônibus elétrico consome menos energia e, além de tudo, ainda está conectado à rede inteligente, o que permite rastrear sua posição. Com isso, é possível reduzir o número de acidentes, por exemplo.”

Fornecimento seguro

Energia produzida distante de grandes centros urbanos exige um longo processo de transmissão, o que gera um enorme desperdício de eletricidade. Esse cenário, ainda presente no Brasil – com a geração feita em hidrelétricas e termelétricas –, já começou a mudar. “Nos últimos dez anos, acompanhamos a expansão da energia eólica, do gás natural, da biomassa e da energia solar; e há, hoje, uma tendência de descentralização. No futuro, a geração vai ser mais diversificada, complexa e distribuída”, diz Lazzaretti.

Com o tempo, equipamentos como painéis solares serão cada vez mais baratos e presentes nas cidades. Com isso, os consumidores se tornarão produtores e, nos momentos do dia em que as placas gerarem mais energia do que o necessário, será possível devolver essa eletricidade para a cidade. “O consumidor se torna produtor. Não falta energia para a cidade e evita-se o investimento público na construção de hidrelétricas e cabos de transmissão. Todos saem ganhando.”

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