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Os 6 poluentes tóxicos que mais ameaçam o planeta

Segundo a organização ambientalista Blacksmith Institute, cerca de 100 milhões de pessoas correm risco de contaminação

(Orlando Brito/Divulgação)

Vanessa Barbosa

Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 17h59.

Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h38.

São Paulo - O acidente radiológico ocorrido em Goiânia, em 1987, com o Césio-137, entrou pra história como o retrato do descaso do governo brasileiro em relação à manipulação e descarte adequados de poluentes tóxicos. Mais de duas décadas depois, episódios trágicos como esse ainda ameaçam a vida de populações em diversas partes do globo.  Em março deste ano, os Médecins Sans Fronteiras (os Médicos Sem Fronteiras) descobriram um surto de intoxicação por chumbo em  aldeias no norte da Nigéria. Seis meses depois, vilarejos e povoados da Húngria foram devastados por uma lama tóxica provocada pelo vazamento de um reservatório que abrigava os resíduos de uma usina química. Atualmente, mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo estão expostas à poluição tóxica - de metais pesados, pesticidas aos radionuclídeos (como o césio) - em níveis superiores aos tolerados pelas organizações internacionais de saúde. Com ações de monitoramento e mitigação em regiões vulneráveis, a organização ambiental Blacksmith Institute listou os principais poluentes tóxicos que ameaçam o mundo hoje. Confira a seguir.
  • 2. Chumbo: uma neurotoxina devastadora

    2 /7(Blacksmith Institute/Divulgação)

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    São Paulo - Metal pesado encontrado em abundância na crosta terrestre, o chumbo é o poluente de maior ameaça em escala global: estima-se que 10 milhões de pessoas vivam em regiões contaminadas. Material químico chave para a criação de baterias de carro ( ¾ de sua produção anual é destinada à indústria automotiva), o chumbo é frequentemente liberado no meio ambiente através de processos de reciclagem informais, sem controle de segurança ambiental, e também pela atividade de mineração. As principais formas de contaminação se dão pela ingestão de alimentos ou água contaminados e por inalação de partículas de poeira da substância, que pode se armazenar por até 30 anos no tecido ósseo. Os efeitos da exposição ao chumbo são devastadores e incluem danos neurológicos, redução de QI, anemia, distúrbios nervosos, perda de controlo muscular e, em graus elevados, até a morte. De março a outubro deste ano, mais de 400 crianças menores de cinco anos morreram pelo envenenamento por chumbo no norte da Nigéria, e outras 18 mil pessoas podem ter sido envenenadas. Na ocasião, o minério garimpado nas redondezas, que é levado aos vilarejos para processamento - trabalho realizado com frequência por mulheres e crianças pequenas - teria contaminado o solo, ar e fontes de água locais.
  • 3. Mercúrio pode contaminar mais de 8 milhões

    3 /7(Blacksmith Institute/Divulgação)

  • São Paulo - Usado em centenas de aplicações, da produção de gás cloro e soda cáustica à composição de amálgamas dentárias e baterias, o mercúrio assume sua forma mais ameaçadora à saúde humana durante o garimpo de ouro. Na mineração, ele auxilia o processo de purificação do metal valioso conhecido como "amalgamação", sendo liberado na forma de vapor no meio ambiente. Os trabalhadores, que lidam dia-a-dia na atividade garimpeira, são os mais suscetíveis a aspirar esse vapor tóxico e imperceptível. A contaminação também pode acontecer por ingestão de peixes oriundos de águas poluídas. Estima-se que 8.6 milhões de pessoas vivam em regiões vulneráveis à contaminação. Neurotoxina potente, o mercúrio pode causar danos irreversíveis ao cérebro. Entre os sintomas da contaminação estão dormência em braços e pernas, visão nebulosa, letargia e irritabilidade, problemas renais e intoxicações pulmonares, além de prejudicar o desenvolvimento fetal.
  • 4. Cromo: 75% das regiões afetadas estão no sudeste asiático

    4 /7(Blacksmith Institute/Divulgação)

    São Paulo - Processos industriais são os principais responsáveis pela poluição através do chamado cromo hexavalente, a forma mais perigosa deste metal pesado e altamente cancerígena. As indústria que mais contribuem para a contaminação envolvem operações de tratamento de metais, soldagem de aço inoxidável, produção de cromato e processo de curtimento de couro. De todas as regiões afetadas e identificadas até agora pelo Blacksmith Institute, aproximadamente 75% estão localizados no Sul da Ásia. Destas, quase um terço são associadas a operações de curtume que carecem de controles ambientais e despejam seus resíduos líquidos e sólidos nas margens de rios e em campos perto de áreas residenciais. As comunidades locais utilizam a água contaminada para vários fins, incluindo irrigação de cultivos, higiene pessoal e para lavar louças e roupas. Conhecido carcinógeno humano, o cromo apresenta impactos drásticos na saúde, de lesão gastrointestinais e respiratórias até anomalias genéticas em fetos em desenvolvimento.
  • 5. Arsênio: perigo difícil de se detectar

    5 /7(Blacksmith Institute/Divulgação)

    São Paulo - Em seu estado elementar, o arsênio é um material cinza sólido, frequentemente encontrado no meio ambiente combinado com outros elementos. Seus compostos geralmente formam um pó branco ou incolor que não tem cheiro ou sabor, o que dificulta identificação do tóxico em alimentos, na água ou na atmosfera. Segundo o Blacksmith Institute, em todo o mundo, pelo menos 3,7 milhões de pessoas vivem em regiões contaminadas. Boa parte das ocorrências são de origem natural em nascentes que apresentam alta concentração do metal no sul e leste asiáticos, onde consumo de arroz cultivado com água contaminada e a ingestão do líquido são os responsáveis pelo envenenamento. O arsênio também é largamente empregado em processos de fundição de metais e na conservação de madeira. Quando aquecido, é liberado no ar como poeira, e pode ser inalado pelos trabalhadores. A intoxicação por arsênio provoca, em casos menos graves, o aparecimento de feridas na pele que não cicatrizam e diminuição da produção de glóbulos vermelhos. Em um estado mais crítico da contaminação, podem aparecer gangrenas, danos a órgãos vitais, câncer de pele e até levar a morte.
  • 6. Pesticidas intoxicam três milhões de trabalhadores por ano

    6 /7(Hennio Brauns/Veja)

    São Paulo - Os pesticidas usados na agricultura, muitas vezes migram para proximidades de córregos, rios, lagos e fontes de água subterrâneas. Muitos se acumulam nos tecidos dos organismos aquáticos, que se tornam fontes potenciais de contaminação caso ingeridos. Aqueles que trabalham com o cultivo, estão expostos aos agrotóxicos através da exposição dérmica. Na maioria dos países de baixa e média renda, os pesticidas são aplicados normalmente sem o uso de equipamentos de proteção. Os pesticidas também entram no corpo humano por inalação quando se respira o vapor de sprays químicos durante a aplicação nos campos. Outra fonte de intoxicação é por consumo de água contaminada. Segundo a Organização Mundial de Saúde, em conjunto com a United Nations Environment Programme, a cada ano, 3 milhões de trabalhadores agrícolas sofrem de casos agudos de intoxicação por agrotóxicos, muitos dos quais ocorrem em países de baixa e média renda. Os efeitos agudos da exposição a pesticidas podem incluir dores de cabeça, tonturas, náuseas, convulsões e até a morte.
  • 7. Radionuclídeos: não há níveis seguros de exposição

    7 /7(João Ramid/Veja)

    São Paulo - Da mineração de urânio para a produção de armas e reatores nucleares à fabricação de produtos radiológicos de uso hospitalar, os radionuclídeos são uma verdadeira bomba atômica para a saúde de qualquer ser humano. Segundo Blacksmith Istitute, cerca de 3.3 milhões de pessoas vivem em regiões vulneráveis à contaminação. Não há nível seguro de exposição à radiação. Intoxicados com doses não letais podem sofrer alterações sanguíneas, náuseas e fadiga. As crianças são particularmente vulneráveis. Durante o seu crescimento, as células se dividem sem parar, e mais oportunidades existem para a radiação interferir no processo. Durante o desenvolvimento fetal, isso pode resultar em anomalias genéticas. Em 1987, um acidente radiológico no Brasil envolveu o Césio-137. Uma cápsula contendo o elemento foi encontrada nos escombros do Instituto Goiano de Radioterapia e vendida a um ferro-velho (foto). A luminescência do césio atraiu a atenção de moradores da região que o passaram de mão em mão. Mais de 800 pessoas foram contaminadas e pelo menos outras 200 morreram devido aos efeitos da radiação.
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