Tecnologia

O professor sul-coreano que é pioneiro dos veículos autônomos

Antes de gigantes como Tesla e Google mergulharem na corrida dos veículos autônomos, um professor sul-coreano aperfeiçoou um carro sem motorista (mas abandonou a pesquisa)

O professor sul-coreano Han Min-hong, em seu veículo autônomo, em 29 de março de, em Seul: pioneiro (AFP/AFP)

O professor sul-coreano Han Min-hong, em seu veículo autônomo, em 29 de março de, em Seul: pioneiro (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 3 de abril de 2021 às 16h27.

Última atualização em 3 de abril de 2021 às 16h27.

Décadas antes das gigantes Tesla e Google mergulharem na corrida dos veículos autônomos, um professor sul-coreano aperfeiçoou um veículo sem motorista, que testou em vários países antes de abandonar sua pesquisa.

O carro de Han Min-hong, de 79 anos, surgiu em 1993, uma década antes da criação da Tesla por Elon Musk.

Dois anos depois, sem ninguém ao volante, seu veículo percorreu a rodovia mais movimentada do país ao longo dos 300 quilômetros que separam Seul da cidade portuária de Busan.

Um computador de escritório equipado com tela e teclado ficava no banco do motorista, enquanto Han ficava no banco de trás.

"Foi extraordinário", lembra o inventor que, com a sua equipe de entusiastas, dedicou horas a este "projeto inédito".

Na época, a Coreia do Sul, mais inclinada à indústria pesada, ainda estava longe de se tornar a potência tecnológica atual.

Seus projetos eram vistos como arriscados. Alguns se preocupavam se ele tinha seguro de vida e se sua esposa estava ciente de suas "atividades malucas".

"Audaz e arriscado"

O professor estava tão convencido de que seus carros eram seguros que quase nunca colocava o cinto de segurança.

O governo, que não via interesse em seu projeto, parou de financiar suas pesquisas na Universidade da Coreia.

Hoje, a empresa de veículos elétricos de Elon Musk é um mastodonte, enquanto Han tem apenas um funcionário em sua pequena empresa em Yongin, sul de Seul, onde desenvolve sistemas de alerta para veículos autônomos.

Musk é "formidável e excepcional", diz Han, com admiração.

Mas ele lamenta que sua invenção poderia ter facilitado a Coreia do Sul dominar esse setor hoje.

Raj Rajkumar, professor de engenharia do Instituto de Robótica da Carnegie Mellon University, nos Estados Unidos, observou para a AFP as imagens da década de 1990.

Para ele não há dúvida de que "fazem parte dos melhores trabalhos feitos em veículos autônomos naquela época". "O professor e seu colega nem sequer se sentavam no lugar do motorista", era "muito ousado e arriscado", segundo ele.

Na sua opinião, é lamentável que o financiamento do projeto tenha cessado, porque "olhando agora, certamente não foi uma decisão razoável".

A Universidade da Coreia chama Han de "pioneiro e herói no cenário internacional de inteligência artificial". O professor também concebeu o primeiro sistema de navegação automotiva da Coreia do Sul e um mini-helicóptero que prenunciava drones.

Gênio

Ele é considerado em seu país um gênio à frente de seu tempo e os vídeos da década de 1990 foram vistos mais de 1,5 milhão de vezes desde sua publicação no YouTube em fevereiro passado.

Os veículos autônomos são agora o assunto de uma acirrada disputa tecnológica. Gigantes como a Alphabet, controladora do Google, gastam bilhões de dólares nesse mercado promissor.

No ano passado, a Tesla anunciou que estava "muito perto" do nível 5 para a tecnologia de direção autônoma, que corresponde à autonomia completa.

Para Han, esse é um nível comparável ao alcançado por seu trabalho nos anos 1990.

"Como o Tesla é considerado o melhor carro do mundo, se a ocasião se apresentar, gostaria de comparar nossa tecnologia com a sua", acrescentou.

O sonho seria ver os dois modelos dirigindo pela Bugak Skyway, uma estrada estreita e sinuosa que passa sobre uma montanha no norte de Seul.

"Claro que a Tesla investiu muito nos testes, por isso é possível que essa tecnologia seja mais sofisticada", pondera. "Mas não deve haver muitas diferenças no funcionamento básico", acrescentou.

No entanto, para ele, a tecnologia tem seus limites: a verdadeira autonomia de direção é quase inatingível, pois os veículos não se adaptam tão bem quanto os humanos a situações imprevistas.

Para Han, os veículos autônomos serão amplamente utilizados para o transporte de mercadorias e não tanto para o transporte de pessoas.

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