NSA tem novo programa de guerra cibernética, diz Snowden
Antivírus conhecido como 'MonsterMind' é uma arma duvidosa que permite agir automaticamente contra o computador que abriga o endereço no qual o ataque se originou
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2014 às 14h31.
A Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos dispõe de um programa informático capaz de contra-atacar automaticamente hackers, sem nenhuma intervenção humana, afirmou o ex-consultor de inteligência americano Edward Snowden.
Segundo Snowden, hoje refugiado na Rússia, este antivírus, conhecido como "MonsterMind", é uma arma duvidosa: em caso de ataques de hackers contra interesses americanos, permite agir automaticamente contra o computador que abriga o endereço no qual o ataque se originou, mesmo quando estas represálias não estão bem fundamentadas, explicou em uma longa entrevista à revista Wired divulgada nesta quarta-feira.
Estas são as primeiras revelações públicas sobre a existência deste programa. De acordo com Snowden, este tipo de resposta automática gera problemas, já que os hackers habilidosos fazem seus ataques se passarem por endereços eletrônicos de fachada. O MonsterMind agirá, então, em represália contra este endereço de fachada, em vez de buscar os verdadeiros culpados.
"Você pode ter alguém na China, por exemplo, que lança um ataque através da Rússia. E então (podemos) nos encontrar contra-atacando um hospital na Rússia", lamentou Snowden.
Snowden também declarou durante a entrevista que o programa é uma ameaça à privacidade porque exigiria virtualmente o acesso a todas as comunicações privadas provenientes do exterior para residentes nos Estados Unidos.
"O argumento é que a única maneira que temos de identificar estes fluxos de tráfego malicioso e de responder a eles consiste em analisar todos os fluxos de tráfego", declarou à Wired.
Na mesma entrevista, o ex-consultor disse que foram comentários desonestos do chefe da inteligência americana que o levaram a divulgar à imprensa os documentos sobre segurança nacional.
Afirmou que estava abalado há anos com as atividades da NSA, mas que tomou a decisão depois de ter lido em março de 2013 que o chefe da inteligência, James Clapper, havia dito a uma comissão do Senado que a NSA recolhia, de maneira não deliberada, informação de milhões de americanos.