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Microsoft chama de "medíocre" o Chrome, navegador criado pelo Google

Para Steve Ballmer, presidente mundial da Microsoft, sua empresa está à frente da rival em produtividade e browser

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2011 às 12h46.

Em visita ao Brasil, o presidente mundial da Microsoft, Steve Ballmer, falou sobre a concorrência com produtos e serviços do Google - como o navegador Chrome, que o executivo classificou de "medíocre" -, a oferta fracassada pelo Yahoo!, a aposentadoria de Bill Gates e as mudanças no modelo de negócios da companhia.

Ballmer participou, na terça-feira (14/10), de uma mesa-redonda com cinco jornalistas brasileiros para discutir sua passagem pelo país e os negócios da empresa. Conhecido pela personalidade expansiva, ele chegou ao local marcado para o encontro, uma sala do prédio da subsidiária brasileira da Microsoft em São Paulo, apresentando-se aos repórteres com a frase "Hi, I’m Steve" (Oi, sou Steve) e distribuindo cartões de visita.

Veja os principais trechos da entrevista, que Ballmer conduziu tomando um chá da rede americana de cafeterias Starbucks.

Qual a estratégia da Microsoft para conseguir o mesmo status que o Google tem hoje entre os consumidores?
Ballmer -
Acho que não temos deficiência em relação a isso, principalmente no Brasil. O que temos de saber é como o Google vai competir conosco. Eles têm um programa de texto muito inferior ao nosso, um programa de planilhas pior, um sistema de mensagens instantâneas pouco competitivo, um browser medíocre e que exige muito tempo de download. Eles só têm um bom produto de busca. E nós não dependemos das informações pessoais de usuários como eles. No mercado de buscas, estamos na casa deles. Em produtividade e browser, eles estão na nossa casa.

Qual fica a estratégia de internet da Microsoft sem a aquisição do Yahoo?
Ballmer -
Comprar o Yahoo! foi uma tática para conseguir massa crítica. Os consumidores são influenciados por marca, e hoje não temos a marca que é referência em busca. A segunda coisa pela qual os consumidores são influenciados são os resultados de busca. Estamos fazendo um bom trabalho, que vamos melhorar no Brasil com pesquisas que fazemos no Rio de Janeiro. Mas a terceira coisa que é avaliada em busca é a publicidade, que é parte do conteúdo. E o Google tem mais anunciantes e mais anúncios relevantes. O Yahoo! poderia nos ajudar a alcançar isso. Agora temos de fazer pesquisa e desenvolvimento para nos tornarmos tão relevantes quanto o Google.

Você está aliviado por não ter comprando o Yahoo! a 33 dólares por ação, agora que as ações da companhia despencaram?
Ballmer -
Não diria aliviado. Até porque grande parte de nossa oferta seria paga com nossas próprias ações, e nossos papéis também caíram um pouco. Certamente, se fosse hoje, não ofereceríamos 33 dólares por ação.


Com as ações do Yahoo! despencando, é possível que a Microsoft volte a discutir a aquisição da empresa?
Ballmer -
Não. Tivemos uma discussão séria, colocamos um preço significativo na mesa. Não fez sentido para o Yahoo! e eu respeito isso. O que nós entendemos no processo é que, mesmo que não fizéssemos a aquisição, poderia fazer sentido uma parceria em termos de busca. E discutimos isso mesmo depois que a proposta de aquisição foi rejeitada. Agora existe um processo regulatório sobre o acordo entre Yahoo! e Google. Se isso for à frente, não existe a possibilidade de parceria para nós. Do contrário, podemos retomar as conversas.

A Microsoft está interessada em comprar a Research in Motion (RIM), como anunciaram recentemente alguns analistas?
Ballmer -
Não. Em aquisições, olhamos para companhias que tenham valor entre poucos milhões de dólares e um bilhão de dólares. No caso da RIM, acho que a estratégia vencedora para aparelhos portáteis não é trabalhar com hardware e software. A RIM faz um bom trabalho, assim como a Apple. Mas acho que, com o tempo, o mercado de portáteis vai ser como o de PCs. Pode haver alguns players de nicho que produzam hardware e software, como a Apple, mas acho que, com o tempo, haverá uma ou duas plataformas presentes em uma porcentagem grande de aparelhos. E para conseguir essa posição, a solução é encontrar parceiros no setor de hardware, e não estar nele.

Qual é a estratégia da Microsoft para competir em países emergentes?
Ballmer -
Hoje o Brasil está na sexta posição mundial em termos de vendas mundiais de computadores. Dentro de três ou quatro anos, o país deve estar provavelmente entre os quatro primeiros. Temos muitas questões de pirataria aqui. Mas vejo grandes oportunidades de fazer parte da explosão de consumo de PCs no Brasil. O país deve ter 11 milhões de computadores vendidos, praticamente o mesmo que o Reino Unido e a Alemanha. O maior mercado é o dos Estados Unidos, de quase 60 milhões. Vejo grandes possibilidades de crescimento, principalmente por causa da expansão da classe média. Conversei com Hélio Rotenberg, da Positivo, sobre como chegar à classe média e fiquei ainda mais empolgado com as oportunidades do país.

Como você vê o modelo dos serviços gratuitos?
Ballmer -
De tudo o que há na internet, há serviços interessantes para consumidores e outros interessantes para empresas. A maioria do que há hoje na internet é voltada para consumidores - e o volume de informação dedicado a empresas vai crescer enormemente. E grande parte disso não será de graça. Uma companhia não gostaria de um sistema baseado em publicidade que rastreasse as informações de todos os funcionários para criar anúncios direcionados.

Haverá um dia em que a receita da Microsoft virá principalmente de publicidade e assinaturas?
Ballmer -
Hoje grande parte das nossas maiores contas já funciona num sistema parecido com o de assinaturas, porque as empresas pagam certa quantia por alguns anos. No lado de negócios, estamos bem estabelecidos para essa mudança para assinaturas. No mercado de consumo, se conseguirmos manter produtos como o Office com qualidade boa e preço baixo, a venda continua um bom modelo de negócios. Um pouco do que hoje vendemos para os consumidores passará a ser sustentado por publicidade.


Mas a Microsoft vem testando um sistema de pagamento por tempo de uso, correto?
Ballmer -
Sim, mas não está funcionando. Muitas pessoas preferem usar cópias piratas a pagar pelo uso. As pessoas que buscam a pirataria não gostam da inconveniência do modelo atrelado ao tempo de uso. As companhias também não se mostram interessadas nisso. 

Estamos próximos de chegar ao modelo de computação nas nuvens?
Ballmer -
Ainda não temos ferramentas para isso. Essa não é a primeira coisa que o consumidor quer - ele deseja ter acesso ao melhor software, capaz de balancear as coisas entre o cliente e a rede. Por exemplo, seria ótimo ter um Facebook que usasse todo o poder do Windows ou Linux. Nós ainda temos trabalho a fazer em infra-estrutura. Temos pelo menos três, quatro anos à frente no mercado de consumo. Mais no mercado de empresas.

Como a crise financeira mundial pode afetar a Microsoft?
Ballmer -
De todo o gasto mundial, 50% vai para tecnologia de informação, e essa despesa vai ser reduzida de alguma forma porque está mais difícil conseguir dinheiro hoje. Um computador é um dos investimentos mais altos em uma casa hoje, depois da própria casa e do carro. Nossa indústria e nossa companhia serão afetadas. Mas não é possível prever como, até que saibamos como o governo vai lidar com a crise.

Como a aposentadoria de Bill Gates mudou a companhia? Veremos mudanças na diretoria?
Ballmer -
Bill ainda se encontra com quatro ou cinco de nós todos os meses, e com a nossa equipe de busca uma vez por mês para ter idéias. Mas ele está dedicado a sua fundação. É uma mudança importante, porque Bill Gates tem uma grande personalidade. Acho que a equipe está fazendo um bom trabalho. Mudanças? Sempre há mudanças, isso faz parte do fluxo normal da companhia. Trocamos algumas pessoas recentemente, mas se olharmos para alguns de nossos diretores, temos uma equipe fantástica. Em 2006, tivemos um jantar com todos os diretores em minha casa antes de anunciar a aposentadoria de Bill, e todos assumiram o compromisso de que estavam prontos para essa saída.

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