Trump vs. China: smartphone Mate 50 é o símbolo da resiliência chinesa frente aos embargos aplicados pelo ex-presidente americano (harlotte Observer/Tribune News Service/Getty Images)
Repórter
Publicado em 13 de setembro de 2022 às 19h10.
Última atualização em 6 de outubro de 2023 às 16h23.
O ano era 2019, e o ex-presidente americano Donald Trump travava uma guerra comercial com a China. No embate, acusava a Huawei, de telecomunicações, de ser um risco para segurança digital dos EUA com seus dispositivos, principalmente os de infraestrutura de 5G.
Como resultado das acusações, Trump assinou um embargo que impediu a gigante chinesa de usar algumas tecnologias americanas. Na área dos smartphones, condenou a fabricante a não ter mais o sistema Android, da Google, para instalar nos aparelhos que lançaria dali pra frente.
Ainda em 2020, a Huawei dava indícios de que enfrentaria o embargo como fosse possível. Aprimorou o combalido Harmony OS, que funcionava de forma semelhante ao Android e, na medida em que as restrições de Trump relaxavam, firmou parcerias para ter um n número de dispositivos com o sistema da Google, mas sem a loja de aplicativos Play Store.
Em mais um capítulo, apresentado na semana passada, a empresa deu mais um passo em direção a independência dos recursos americanos. Com a nova linha Mate 50, além do Harmony, chega também ao mercado um sistema de mensagens por satélite usando a alternativa chinesa ao GPS, o sistema de satélite de navegação BeiDou.
O produto, anunciado na mesma semana do iPhone, chega também com uma série de similaridades ao concorrente, mas de produção local.
A tela é um dos destaques nesse quesito. Desenvolvida pela Huawei, a Kunlun Glass substitui o fornecedor americano Corning, que tem o Gorilla Glass adotado como padrão pela Apple e outras gigantes.
Contudo, a líder mundial em redes sem fio não resolveu alguns componentes cruciais que ainda precisam vir dos rivais ocidentais. É o caso dos processadores da Qualcomm, que alimentam a série Mate 50 e vários outros smartphones da marca.
Para os analistas do mercado, é nessa parte em que o governo da China e outras empresas de tecnologia se sentem mais ameaçados.
O motivo é a delicada relação comercial que envolve os chips, já que a fabricação de processadores globais se concentra nas americanas Intel e Qualcomm e na taiwanesa TSMC - que no momento não são os parceiros comerciais ideias para os chineses.