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Intel tem queda de 21,5% no pré-mercado – e deve demitir até 15 mil funcionários

Resultados fracos e medidas de reestruturação abalam confiança dos investidores, afetando também o desempenho de concorrentes globais no setor

Intel sofreu perdas grandes no pré-mercado americano e deve demitir 15 mil funcionários. (David Paul Morris/Bloomberg via/Getty Images)
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 2 de agosto de 2024 às 07h26.

Última atualização em 2 de agosto de 2024 às 07h31.

As ações da Intel registraram uma queda expressiva de 21,5% nesta sexta-feira, 2, no pré-mercado nos Estados Unidos, refletindo a reação negativa do mercado aos resultados financeiros do segundo trimestre e ao anúncio de cortes significativos em sua estrutura operacional. A empresa, que vinha tentando se recuperar de uma série de desafios no mercado de semicondutores, revelou que cortará 15% de sua força de trabalho, o que representa cerca de 15 mil funcionários, além de reduzir em 20% seus investimentos de capital previstos para este ano. As informações da CNBC.

Essa queda acentuada nas ações da Intel desencadeou uma onda de vendas em todo o setor de semicondutores, com impactos significativos em empresas asiáticas como Samsung e TSMC, cujas ações também fecharam em baixa, e em companhias europeias como ASML. O movimento reflete a crescente preocupação com a capacidade da Intel de se reestruturar com sucesso em um ambiente de mercado cada vez mais competitivo e dominado por rivais como AMD e Nvidia.

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Medidas emergenciais

A Intel, que já vinha enfrentando dificuldades para recuperar sua posição de liderança no mercado de semicondutores, teve que tomar medidas drásticas após mais um trimestre de desempenho abaixo do esperado.A receita da empresa caiu 1% no segundo trimestre, totalizando US$ 12,8 bilhões (cerca de R$ 73,6 bilhões), um valor inferior ao que Wall Street havia previsto. Além disso, o lucro por ação ajustado foi de apenas US$ 0,02 (R$ 0,12), bem abaixo dos US$ 0,13 (R$ 0,75) do ano anterior e dos US$ 0,10 (R$ 0,58) que os analistas esperavam.

Para tentar reverter sua trajetória de queda, a Intel anunciou não apenas cortes de pessoal, mas também a suspensão do pagamento de dividendos e uma revisão significativa de seus planos de investimento em capital. A empresa planeja reduzir seus investimentos em 20%, uma decisão que levantou preocupações entre os analistas de que a Intel possa estar perdendo terreno para seus concorrentes em um momento crucial para o setor.

Impacto global

O impacto dessas notícias não se limitou à Intel. Empresas de semicondutores ao redor do mundo também sentiram os efeitos, com quedas generalizadas em suas ações. A Samsung e a TSMC, dois dos maiores players do mercado, encerraram o dia com perdas significativas, refletindo o pessimismo dos investidores em relação ao futuro do setor.

A Intel, por sua vez, enfrenta críticas sobre sua capacidade de se reestruturar e voltar a ser competitiva em um mercado dominado por inovações rápidas, especialmente em chips voltados para inteligência artificial, onde Nvidia e AMD têm ganhado espaço. Pat Gelsinger, CEO da Intel, reconheceu os desafios, afirmando que as tendências para o segundo semestre do ano são mais desafiadoras do que o esperado e que a empresa precisará se ajustar rapidamente para manter a competitividade.

Repercussões no mercado

A situação da Intel é particularmente preocupante dado o apoio significativo que a empresa recebeu do governo dos EUA, incluindo uma promessa de US$ 8,5 bilhões (cerca de R$ 48,9 bilhões) em financiamento direto para fortalecer sua posição como líder nacional no setor de semicondutores. Esse apoio foi parte de um esforço mais amplo para reconstruir a base de manufatura avançada de chips nos EUA, em meio a preocupações com a dependência de fornecedores estrangeiros.

Com a Intel agora sob pressão para demonstrar que pode reverter sua sorte, os próximos meses serão críticos para o futuro da empresa e para o mercado global de semicondutores como um todo. A capacidade da Intel de entregar novos produtos e recuperar participação de mercado será um teste crucial para a liderança de Gelsinger e para o futuro da empresa em um setor cada vez mais competitivo.

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