ICANN libera novos domínios e gera disputa na web
São Paulo - A instituição ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers), responsável por controlar a concessão de domínios e extensões de internet no...
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h27.
São Paulo - A instituição ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers), responsável por controlar a concessão de domínios e extensões de internet no mundo, iniciou um processo que permitirá às empresas de todo o mundo criarem milhares de novos endereços online. Na prática, empresas como o Google e Microsoft, por exemplo, poderão ter domínios .google ou .microsoft.
A concessão de novas extensões é o principal tema em debate no encontro anual dos membros da ICANN, que acontece esta semana em Durban, na África do Sul. Este processo é considerado importante para o crescimento da web, uma vez que as extensões convencionais, como .com, .org e .net estão praticamente estagnadas.
O processo para obter uma nova extensão é, aparentemente, simples. Uma empresa ou organização (pessoas físicas não podem comprar novas extensões) vai até a ICANN e faz o pedido. O domínio .com, por exemplo, é de propriedade da empresa Verisign. No Brasil, o domínio .com.br é controlado pela Registro.br, empresa ligada ao Comitê Gestor da Internet (NIC.br) do Brasil e que decide quais domínios podem ter essa terminação. Cada pedido ao ICANN de nova extensão custa 185 mil dólares.
A abertura de pedidos para novos domínios gerou uma enxurrada de solicitações, que são encarados por especialistas como um novo filão de mercado na internet. As marcas perceberam o forte efeito que a extensão própria pode ter na questão de branding. Por isso, investiram muito dinheiro em pedidos neste ano, afirma o advogado Eduardo Otero, especializado em propriedade intelectual na internet.
Apenas para a reunião desta semana, foram feitos 1930 pedidos. Apenas o Google solicitou 101 novas extensões, incluindo termos como .you, .free e .play, além de outras terminações inusitadas como .lol, ou .fyi, por exemplo.
Alguns casos são simples e facilmente aprovados. Normalmente isto ocorre quando o pedido está diretamente relacionado às marcas conhecidas, como a rede Wal-Mart solicitar a extensão .walmart. No Brasil, por exemplo, o portal Universo Online obteve permissão para usar a extensão .uol. Em outras situações, no entanto, os pedidos feitos ao ICANN são genéricos demais e solicitados por mais de uma empresa, o que pode gerar conflitos. De todos os pedidos feitos durante encontro de Durban, apenas 552 não geraram disputa.
Quando há conflito de pedidos, a comissão do ICANN se reúne e decide qual empresa pode ter o direito de explorar aquela terminação. Em outros casos de maior apelo ou polêmica, a entidade abre consulta popular para saber se a terminação deve ser concedida. Quando há mais de um interessado por um termo, às vezes não é possível saber qual o critério para definir quem será o dono do termo, diz Eduardo Otero, advogado do escritório carioca Daniel Advogados, especializado em marcas e patentes.[quebra]
Alguns casos são ainda mais controversos. Entre os 76 termos pedidos pela Amazon, que incluem .video, .book e .app, está o termo .amazon. Os governos do Brasil e do Peru, que possuem parte do território dentro da floresta Amazônica, solicitaram ao ICANN que o pedido fosse negado. Os países alegaram que o nome em inglês da floresta não pode ser exclusivo de uma marca. A comissão do ICANN decidiu, então, negar o controle do domínio para a empresa de varejo americana.
Uma decisão semelhante também aconteceu em relação à extensão .patagonia, que foi pedida pela marca de roupas de inverno de mesmo nome. Patagônia é uma região do Sul da América do Sul, dividida entre Argentina e Chile. De acordo com um comunicado da ICANN, quando um grupo de países afirma que uma extensão não pode ser aprovada, isso cria uma forte presunção de que o domínio não pode ser autorizado.
O advogado Eduardo Otero comemora a decisão. Não é certo que esses termos sejam apropriados por uma empresa ou marca. Em alguns casos, a concentração da extensão pode não ser benéfica, afirma.
Algumas empresas também pediram o direito de obter registros em diferentes alfabetos. Três administradoras compraram o direito de operação dos domínios .rede, .website e .game, em árabe, russo e chinês, respectivamente. Para o presidente da ICANN, os novos domínios devem internacionalizar ainda mais a administração da internet: Irá começar a nova era da internet. Mal posso esperar pelos próximos acontecimentos, afirmou o libanês Fadi Chehadé.
Cinco empresas brasileiras tiveram domínios próprios aprovados pela ICANN: Itaú, Bradesco, Natura, UOL e Vivo. De acordo com o Otero, o alto preço para o pedido é o principal entrave. O valor de 180 mil dólares ainda é um custo alto para uma extensão. Por isso, apenas as grandes empresas têm condições de fazer as requisições, afirma.
A composição do ICANN é de engenheiros e especialistas em internet de todo o mundo, com predomínio de americanos. O ICANN é um órgão subordinado ao governo dos Estados Unidos.