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HP TouchPad chega hoje para competir com o iPad

O tablet TouchPad , da HP, começa a ser vendido hoje nos Estados Unidos com a difícil missão de enfrentar o iPad, da Apple

O HP TouchPad roda o sistema operacional webOS, desenvolvido pela Palm (Reprodução)

O HP TouchPad roda o sistema operacional webOS, desenvolvido pela Palm (Reprodução)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 1 de julho de 2011 às 15h16.

São Paulo — A HP começa a vender hoje, nos Estados Unidos, seu tablet TouchPad, que roda o sistema WebOS, desenvolvido originalmente pela Palm. O tablet chega envolto numa mistura de expectativa com descrédito. A HP acha que pode vencer a turma da maçã, conquistando usuários e desenvolvedores de aplicativos, e está investindo bastante no produto. Mas muita gente duvida que ela tenha sucesso.

Acompanhar o incrível sucesso do iPad deve ser uma experiência amarga para os diretores da HP. A empresa, que lidera o mercado de computadores e fatura 41 bilhões de dólares por ano, vinha desenvolvendo seu próprio tablet há mais de cinco anos. Em janeiro do ano passado, o tablet Slate, criado por ela, foi exibido por Steve Ballmer, da Microsoft, durante a feira CES, em Las Vegas. Era um formato de computador que nunca havia tido sucesso até então, mas que prometia, enfim, decolar.

O sucesso, como previa Ballmer e o pessoal da HP, veio, mas não para eles. Menos de um mês depois, o outro Steve, o Jobs, subiu ao palco para apresentar o iPad e tudo mudou. Em junho deste ano, as duas gerações do tablet da Apple já somavam 25 milhões de unidades com participação no mercado estimada em 85%. Já o Slate foi lançado sem muito alarde meses depois daquela apresentação no CES. A HP nunca divulgou o número de unidades vendidas. Mas basta olhar em volta e procurar alguém com um Slate para concluir que esse número deve ser inexpressivo.

HP + Palm = TouchPad

Mas a HP parece não ter se conformado com a derrota. No ano passado, ela pagou 1,3 bilhão de dólares pela Palm e seu sistema WebOS, que agora roda no TouchPad. Além de trocar de sistema operacional (o Slate roda Windows), ela mudou radicalmente de estratégia. A HP cresceu e fez sucesso seguindo o modelo do mercado de PCs, em que tanto o hardware como o software seguem padrões do mercado. É quase um negócio de commodities, em que os produtos não se diferenciam muito entre si. Em parte, esse modelo também vem sendo seguido pelos rivais da Apple que usam o sistema Android, do Google.

Com o TouchPad, a HP vai numa direção diferente. Seu modelo é a Apple, que adota soluções tecnológicas exclusivas e controla rigidamente tanto o hardware como o software do tablet. Não por acaso, um dos executivos responsáveis pelo TouchPad na HP é Jon Rubinstein, que ajudou a criar o iMac e o iPod na Apple. 


Três desafios

As dificuldades à frente são grandes. Para superá-las, é preciso vencer três desafios. Primeiro, é preciso garantir que o produto seja tão atraente e fácil de usar quanto o iPad com seu iOS. O WebOS tem recebido elogios quase unânimes por sua boa usabilidade, de modo que ele parece atender a esse requisito. Em segundo lugar, é preciso atrair mais desenvolvedores. O TouchPad chega às lojas com 300 aplicativos na loja online da HP, um número ridículo perto dos 90 mil aplicativos específicos para o iPad na App Store. Não há garantia de que a HP vá ter sucesso nisso. Mas ela conta com uma bem montada estrutura global que pode ajudar no apoio aos desenvolvedores.

Por fim, vem a parte mais difícil, que é convencer as pessoas a comprar o TouchPad. Os dois modelos apresentados até agora, ambos sem conexão 3G, têm preços similares aos das versões equivalentes do iPad 2. As características também são parecidas, com tela de 9,7 polegadas e 16 ou 32 gigabytes de memória para armazenamento. Por que, então, alguém compraria um TouchPad que conta com 300 aplicativos e não tem muito charme em vez de um iPad 2 com 90 mil apps e a valorizada marca da maçã? No mínimo, parece haver algo errado com o preço do TouchPad, que deveria ser mais baixo que o do iPad 2.

Ataque à maçã

A HP parece ter um plano que consiste usar sua poderosa força de vendas global para chegar aos usuários corporativos, que não são prioridade para a Apple. Além disso, a empresa tem ótimo trânsito nas lojas de varejo por causa da sua liderança no mercado de PCs. Nos Estados Unidos, ela vem investindo massivamente em treinar vendedores e montar estandes específicos para o TouchPad nessas lojas. A empresa também está gastando milhões de dólares, segundo estimativas do mercado, numa campanha publicitária que inclui o rapper Jay-Z e outras celebridades.

Se o volume de vendas crescer, mais desenvolvedores serão encorajados a criar aplicativos para o WebOS. E isso, por sua vez, deve estimular as vendas. Na teoria, o plano parece viável. Na prática, é difícil imaginar que os executivos da HP não sintam uma pontinha de medo ao pensar que estão enfrentando Steve Jobs e sua poderosa máquina de seduzir consumidores.

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