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Governo dos EUA recupera mais de US$ 1 bi em bitcoins do Silk Road

Marketplace que vendia drogas pela internet foi fechado em 2013 em uma operação do FBI, mas o dinheiro movimentado ainda não foi recuperado

Bitcoin: cada moeda virtual está sendo negociada por cerca de 15 mil dólares nesta sexta-feira (6) (Foto/Reuters)

Bitcoin: cada moeda virtual está sendo negociada por cerca de 15 mil dólares nesta sexta-feira (6) (Foto/Reuters)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 12h23.

No começo desta semana, uma carteira digital com mais de 1 bilhão de dólares em criptomoedas (principalmente bitcoin) e que era relacionada ao site Silk Road, que operava com a venda de drogas pela internet, foi esvaziada. Havia dúvida sobre quem havia feito a retirada. O mistério acabou ontem, com a revelação de que a retirada foi feita pelo governo americano.

Em um anúncio feito na quinta-feira (5), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que foi capaz de reaver a carteira digital com a ajuda de um hacker, que permaneceu anônimo e que já teria atacado virtualmente o Silk Road em algum período entre 2012 e 2013. A wallet recuperada contava com mais de 70 mil bitcoins.

É preciso explicar que carteiras digitais de bitcoin são protegidas por senhas e, caso o usuário perca este código de acesso, pode ser impossível acessá-la. Como a bitcoin funciona de forma descentralizada, não há exatamente um mecanismo para recuperar a senha, como em serviços de e-mail, redes sociais e afins.

Há diversos casos em que usuários que compraram as moedas virtuais quando elas valiam centavos tentam recuperar as chaves de acesso de suas contas. Segundo o Decrypt, um dos usuários afirmou que conseguiu recentemente recuperar um computador antigo e poderia dar a ele acesso a uma carteira com 533 bitcoins. Isso equivale a mais de 8 milhões de dólares.

De acordo com o que foi divulgado pelo governo americano, o hacker que ajudou a recuperar a carteira digital já havia sido procurado e ameaçado por Ross Ulbricht, fundador do site e que cumpre duas sentenças de prisão perpétua desde 2015. O hacker, porém, recusou ajudar Ulbricht.

Não está claro se o invasor está ajudando o governo americano porque foi preso e tenta utilizar isso como um acordo ou se sua cooperação é livre de qualquer obrigação com órgãos federais americanos.

O Silk Road foi a plataforma mais sofisticada de venda de drogas na internet, como define o próprio governo americano. O site funcionava em um esquema de marketplace, permitindo o livre comércio de drogas entre os usuários. A plataforma ficava com uma fração das vendas realizadas.

 

Toda a movimentação de dinheiro era feita por bitcoins e estima-se que a plataforma faturou mais de 600 mil bitcoins em comissão durante o período, o que equivale hoje a mais de 9,2 bilhões de dólares. O site foi encerrado em uma operação feita peo FBI ainda em 2013.

Em nota à imprensa, o procurador dos EUA, David L. Anderson, afirmou que a operação foi um grande sucesso. “A prisão do fundador do Silk Road, em 2015, deixou em aberto uma questão de bilhões de dólares. Para onde foi o dinheiro? O confisco de hoje responde a esta questão em aberto, pelo menos em parte”, disse.

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