Google: para a empresa, legislação australiana "danificaria fundamentalmente" a busca do site (Justin Sullivan/Getty Images)
Laura Pancini
Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 12h20.
O Google está fazendo experimentos com os resultados de busca na Austrália. A gigante afirmou que removeu alguns links de notícias locais que atingiram "cerca de 1% dos usuários australianos", mas recebeu diversas críticas pela ação.
Os experimentos acontecem em meio a uma briga com o governo australiano, após o mesmo anunciar uma nova legislação que obrigaria a empresa-filha da Alphabet a pagar sites de notícia por exibir seus conteúdos nas buscas.
A legislação, intitulada "Código de negociação da mídia de notícias", vem sendo criticada pelo Google, que acredita que pagar por links para determinados editores "danificaria fundamentalmente" a busca do site. "Apesar do valor que eles já recebem em tráfego gratuito de usuários do Google", explicou a empresa em seu comunicado.
"Em 2018, o valor que fornecemos aos editores apenas por meio de tráfego foi estimado em 218 milhões de dólares", disse um porta-voz do Google.
A proposta do Google para o código é pagar pelas notícias através do Google News Showcase, um novo programa que "paga editores por conteúdo de alta qualidade". Portanto, em vez de pagar por conteúdos que apareceriam nos resultados de pesquisa, a empresa faria isso por meio de sua própria plataforma voltada para notícias.
De acordo com informações do Australian Financial Review (AFR), os engenheiros do Google estariam trabalhando em um projeto secreto desde dezembro para remover os australianos das suas pesquisas (os tais "experimentos" citados anteriormente), caso o governo não concordasse com a proposta de mudança da legislação.
"Na época, entendeu-se que o Google estava explorando uma série de cenários para avaliar o efeito que o código poderia ter sobre seus produtos", afirmou o AFR.
A Nine, empresa de mídia dona do AFR, disse em entrevista para o The Guardian: "O Google agora está demonstrando como é fácil fazer com que os provedores de notícias australianos desapareçam da Internet - uma ilustração assustadora de seu poder de mercado".
Para minimizar a repercussão dos experimentos, a gigante de tecnologia disse que realiza "dezenas de milhares de experimentos" todos os anos e que o atual acabaria em fevereiro.