Julian Assange, fundador do WikiLeaks: EUA não abriram investigação sobre as denúncias (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de novembro de 2010 às 10h50.
Genebra - O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, anunciou nesta quinta-feira que sua organização revelará em breve novos documentos secretos que envolvem os Estados Unidos e outros países, semanas após revelar 400 mil relacionados à Guerra do Iraque.
"Desde abril só publicamos documentos relacionados aos Estados Unidos - sobre a guerra no Afeganistão e no Iraque - e isso se deve ao fato de estarmos publicando por ordem de importância, porque temos recursos limitados", justificou Assange em entrevista coletiva em Genebra.
"Mas seguiremos publicando ao longo do ano milhares de documentos relacionados com muitos países, incluído os EUA", afirmou o fundador da WikiLeaks, quem denunciou ameaças e ataques a sua organização nos últimos meses.
Assange, que está em Genebra para falar sobre os abusos cometidos no Iraque pelos EUA, que na sexta-feira será submetido na ONU ao Exame Periódico Universal de direitos humanos, denunciou a recusa dos EUA de investigar os casos de torturas e abusos cometidos por suas forças no Iraque e Afeganistão e contidos nos documentos revelados pelo site.
"Estados Unidos não abriram nem sequer uma investigação sobre os casos denunciados, ao contrário de outros países, como o Reino Unido e Dinamarca, que anunciaram investigações" de alguns casos que os envolvem, lamentou Assange.
"Por outro lado, Washington realiza uma investigação agressiva em nossa organização, com ameaças públicas, e o pedido, que não aceitamos para destruirmos todos os documentos que temos", assinalou.
Para o fundador do site WikiLeaks - quem vai permanentemente acompanhado por dois guarda-costas e para esta visita as autoridades de Genebra mobilizaram um forte contingente policial - "este tipo de comportamento não é aceitável para a comunidade internacional".
"Não é do interesse dos Estados Unidos investigarem o assunto. Se querem ser vistos como um país crível e respeitoso das leis e dos direitos humanos devem investigar as possíveis violações", afirmou.
Ao longo deste ano, WikiLeaks revelou, em abril, 90 mil documentos secretos sobre a atuação dos EUA na guerra do Afeganistão, e em outubro outros 400 mil sobre a Guerra do Iraque nos quais denuncia a morte de mais de 100 mil iraquianos desde 2003.