Financiamento escasso freia mercado de software na AL
73% dos entrevistados na América Latina relataram dificuldades para receber investimentos
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2012 às 16h36.
São Paulo - O acesso limitado a investimentos de venture capital é a maior barreira para o crescimento da indústria de software na América Latina , segundo estudo da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) divulgado nesta quarta-feira. O Relatório da Economia da Informação 2012 coloca a dificuldade de captação de aportes na área à frente de outros entraves como carência de mão de obra e falta de incentivo do governo.
Para chegar a esse resultado, a Unctad compilou respostas de 38 associações ligadas a desenvolvimento de software no mundo. Na América Latina, 73% dos que responderam à pesquisa apontam as dificuldades para receber investimento como barreira. A porcentagem só é maior no Oriente Médio e na África (86%).
O órgão da ONU levantou o número de projetos de desenvolvimento de software e serviços de tecnologia da informação que receberam aportes de fundos de Private Equity e Venture Capital em diversos países entre 2008 e 2011. No Brasil, foram encontrados apenas dez projetos, que, juntos, somam investimentos de US$ 541 milhões. O número está bastante abaixo de outros Brics. A Índia teve 83 projetos, no valor de mais de US$ 1,6 bilhão. A China, com 79 projetos, somou investimentos de US$ 916 milhões. A Rússia, com 20 projetos, alcançou total de aportes um pouco menor do que o brasileiro, de US$ 482 milhões.
Para o conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), Carlos Afonso, que participou da apresentação dos dados da ONU nesta quarta-feira, em São Paulo, os números revelam que os investimentos do setor privado no Brasil são "absolutamente incipientes". "Acredito que há uma cultura aqui que faz os investidores quererem evitar risco", opina.
Para ele, diante dessa realidade, seria necessário que financiadores públicos como a Agência Brasileira de Inovação (Finep) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cumprissem o papel de injetar verba em jovens companhias de desenvolvimento de software. Segundo Afonso, esses órgãos ainda fazem exigências de contrapartidas que o mercado não consegue cumprir. Para o conselheiro do CGI.br, os desenvolvedores brasileiros "dependem da sorte" de encontrar investidores.
O gerente do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), Alexandre Barbosa, lembra que por aqui as startups costumam receber aportes de investidores-anjo, que investem como pessoas físicas. O contexto nacional difere bastante do norte-americano. Segundo a Unctad, a indústria de software é, nos Estados Unidos, a maior receptora de verbas de venture capital. Apenas no último trimestre de 2011 esse setor atraiu mais de US$ 1,8 bilhão. Além desse montante, os serviços de tecnologia da informação, sozinhos, receberam mais US$ 450 milhões.
São Paulo - O acesso limitado a investimentos de venture capital é a maior barreira para o crescimento da indústria de software na América Latina , segundo estudo da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) divulgado nesta quarta-feira. O Relatório da Economia da Informação 2012 coloca a dificuldade de captação de aportes na área à frente de outros entraves como carência de mão de obra e falta de incentivo do governo.
Para chegar a esse resultado, a Unctad compilou respostas de 38 associações ligadas a desenvolvimento de software no mundo. Na América Latina, 73% dos que responderam à pesquisa apontam as dificuldades para receber investimento como barreira. A porcentagem só é maior no Oriente Médio e na África (86%).
O órgão da ONU levantou o número de projetos de desenvolvimento de software e serviços de tecnologia da informação que receberam aportes de fundos de Private Equity e Venture Capital em diversos países entre 2008 e 2011. No Brasil, foram encontrados apenas dez projetos, que, juntos, somam investimentos de US$ 541 milhões. O número está bastante abaixo de outros Brics. A Índia teve 83 projetos, no valor de mais de US$ 1,6 bilhão. A China, com 79 projetos, somou investimentos de US$ 916 milhões. A Rússia, com 20 projetos, alcançou total de aportes um pouco menor do que o brasileiro, de US$ 482 milhões.
Para o conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), Carlos Afonso, que participou da apresentação dos dados da ONU nesta quarta-feira, em São Paulo, os números revelam que os investimentos do setor privado no Brasil são "absolutamente incipientes". "Acredito que há uma cultura aqui que faz os investidores quererem evitar risco", opina.
Para ele, diante dessa realidade, seria necessário que financiadores públicos como a Agência Brasileira de Inovação (Finep) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cumprissem o papel de injetar verba em jovens companhias de desenvolvimento de software. Segundo Afonso, esses órgãos ainda fazem exigências de contrapartidas que o mercado não consegue cumprir. Para o conselheiro do CGI.br, os desenvolvedores brasileiros "dependem da sorte" de encontrar investidores.
O gerente do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), Alexandre Barbosa, lembra que por aqui as startups costumam receber aportes de investidores-anjo, que investem como pessoas físicas. O contexto nacional difere bastante do norte-americano. Segundo a Unctad, a indústria de software é, nos Estados Unidos, a maior receptora de verbas de venture capital. Apenas no último trimestre de 2011 esse setor atraiu mais de US$ 1,8 bilhão. Além desse montante, os serviços de tecnologia da informação, sozinhos, receberam mais US$ 450 milhões.