Escassez global de chips começa a atingir indústrias além da eletrônica
Escassez de semicondutores está impactando indústria pesada de alumínio, com redução na demanda do setor automotivo, que cortou produção
Thiago Lavado
Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 15h11.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 16h12.
A escassez mundial de semicondutores que paralisou algumas linhas de produção de montadoras começa a causar preocupação no mercado de alumínio, quando os principais fornecedores se preparam para uma potencial queda das vendas.
A Norsk Hydro, maior fornecedora de alumínio europeia, diz que as montadoras mantiveram as compras, mas a demanda pode ser impactada se a escassez continuar, disse o diretor financeiro da empresa, Pal Kildemo, em entrevista à Bloomberg TV na sexta-feira.
O déficit global de semicondutores é causado pela explosão da demanda por eletrônicos e veículos cada vez mais sofisticados, que processam grandes quantidades de dados. Enquanto isso, gargalos de fornecimento relacionados à pandemia agravaram o problema, o que levou fabricantes de chips a investirem bilhões de dólares em novas unidades para lidar com o aperto, mas a perspectiva deve piorar até que a situação seja aliviada.
A escassez de chips deve eliminar US$ 61 bilhões em vendas apenas das montadoras, mas, embora difícil de quantificar neste estágio inicial, o impacto para a indústria eletrônica pode ser muito maior.
Qualquer queda das vendas seria um golpe para a Norsk Hydro, que superou as estimativas de lucro no quarto trimestre com a recuperação das vendas para os setores automotivo e de construção. Como um metal amplamente utilizado em carros e aviões, o alumínio foi atingido de forma particularmente forte nos primeiros estágios da crise e sua recuperação ficou abaixo de outros metais, incluindo o cobre e o estanho.
Por enquanto, as vendas automotivas são um ponto positivo para a empresa, mesmo com restrições e novas variantes do coronavírus ameaçando a demanda.
“Com base em nosso diálogo com os clientes, eles não estão reduzindo as compras” devido à escassez de chips, disse Paldemo à Bloomberg TV. “Vemos crescimento das vendas automotivas, e isso realmente sustenta a demanda por alumínio.”
Mas, se a escassez de chips se prolongar, o risco é que as vendas de alumínio para montadoras possam cair drasticamente se mais linhas de produção forem paralisadas.