Embraer inaugura centro de engenharia de conforto
Objetivo do laboratório é harmonizar padrões de estética e de funcionalidade de modo a aperfeiçoar o conforto no interior das aeronaves
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2012 às 17h59.
São Paulo - A Embraer e a Universidade de São Paulo (USP) inauguraram no dia 5 de abril, nas dependências da Escola Politécnica (Poli), na capital paulista, o Centro de Engenharia de Conforto (CEC).
Construído no âmbito de um projeto realizado pela Embraer com apoio da Fapesp e em parceria com a USP, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o centro de pesquisa visa aperfeiçoar o conforto no interior de aeronaves, harmonizando padrões de estética e de funcionalidade.
Para atingir esse objetivo serão realizados testes com participantes treinados e habituados a viagens aéreas sobre os fatores que influenciam a sensação de conforto no interior de uma aeronave. Entre eles estão vibração, temperatura, pressão, ergonomia e iluminação.
Avaliados nos últimos anos de forma isolada por diferentes grupos das universidades participantes do projeto, juntamente com a equipe técnica da Embraer, esses fatores deverão ser estudados de forma integrada no CEC.
“Os pesquisadores que participam do projeto vinham trabalhando nos últimos três anos em projetos específicos, como os de conforto térmico e vibração. Com a inauguração do centro será possível verificar, por exemplo, como esses dois aspectos se relacionam”, disse Jurandir Itizo Yanagihara, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Poli e coordenador do projeto.
O centro de pesquisas reproduz um aeroporto, com sala de espera para o embarque, painéis de chegada e partida de vôos e rampa de acesso a um simulador de vôo, que simula todas as características do interior da cabine de uma aeronave.
Desenvolvido a partir de um modelo em tamanho real (mock up) e reformado de partes de cabines de jatos comerciais modelos 170 e 190, fabricados pela Embraer, o simulador – que tem 30 assentos e está instalado dentro de uma câmara de pressão –, reproduz condições muito próximas de um vôo real.
“Esse tipo de câmara é única no mundo. Só existe outra similar no Instituto Fraunhofer, na Alemanha, mas que é voltada para aviões de grande porte”, contou Yanagihara.
Segundo Yanagihara, uma das questões que serão avaliadas no novo centro de pesquisas é a influência da pressão interna na cabine sobre o conforto dos passageiros, sobre a qual há divergência na avaliação entre os dois maiores fabricantes de aviões no mundo (Boeing e Airbus) em relação à altitude ideal de vôo para não fazer com que os passageiros sintam mais cansaço durante uma viagem.
“Além de desenvolver modelos para prever o desconforto com variações de pressão dentro da cabine, os modelos também serão alimentados pelo trabalho experimental que estamos desenvolvendo”, disse Yanagihara.
Outros aspectos que estão sendo estudados no projeto são os efeitos da iluminação interna da cabine sobre a sensação de conforto e calor dos passageiros. Por meio de um novo sistema de iluminação de LED aeronáutico, que ainda não está presente nos aviões da Embraer, os pesquisadores avaliam qual a cor e a intensidade mais adequadas para diferentes fases do vôo, como uma cor mais fria e suave na decolagem e mais quente durante o serviço de bordo.
Em outro mock up, também instalado no centro de pesquisa, serão estudadas as possibilidade de controlar a temperatura ao redor dos passageiros (microclima) por meio das saídas de ar ou com sistemas de ventilação e de aquecimento das poltronas.
Os pesquisadores desenvolvem um difusor com uma geometria que cria uma corrente de ar mais circunscrita a uma região, de tal forma que o ambiente e microclima de um passageiro não altere o de seu vizinho de poltrona. “Existe um leque grande de possibilidades de estudos que poderemos realizar”, disse Yanagihara.
Para viabilizar o Centro de Engenharia de Conforto foi necessário desenvolver sistemas inéditos, como o de controle de variação de temperatura e umidade no interior da cabine – criado por uma empresa fundada por um engenheiro formado pela Poli –, e o sistema responsável por reproduzir os efeitos acústicos e de vibração dentro da cabine, construído por pesquisadores participantes do projeto.
Modelo de cooperação
Na avaliação de Mauro Kern, vice-presidente executivo de engenharia e tecnologia da Embraer, o projeto de pesquisa sobre conforto e design de cabines que a empresa conduz em parceria com as universidades está na vanguarda das pesquisas realizadas nessa área e representa um modelo de cooperação entre empresa e instituições de pesquisa para se fazer inovação.
“Ninguém consegue mais evoluir sozinho, somente com base em seus próprios esforços. Cada vez mais precisamos avançar na colaboração, fundindo ideias, como será feito nesse centro de pesquisas de classe mundial, que exigirá um esforço muito grande de coordenação”, disse.
A Embraer já mantinha parcerias de cooperação tecnológica com as universidades do projeto, como a UFSC, com quem realizava pesquisas sobre conforto vibroacústico, além da UFSCar, na área de ergonomia, e com a USP, sobre conforto térmico e pressão de cabine. Em 2005, a empresa procurou Yanagihara para construir uma rede de pesquisa envolvendo as três universidades e grupos de pesquisadores com quem a empresa já vinha realizando projetos.
A rede de pesquisa foi formada por integrantes dos departamentos de Engenharia Mecânica e de Engenharia de Produção da Poli e dos Institutos de Ciências Biomédicas e de Psiquiatria da USP, da engenharia de produção da UFSCar e da engenharia mecânica da UFSC.
Um dos resultados do projeto já absorvidos pela Embraer no desenvolvimento de suas aeronaves foi um modelo de predição de ruídos que a empresa utiliza no desenvolvimento do sistema de ar condicionado de algumas de suas aeronaves.
“Todo conhecimento gerado pelo projeto está sendo absorvido. A ideia é não esperarmos até a conclusão do projeto para usar as ferramentas que estão sendo criadas, mas aproveitarmos as janelas de oportunidades de aplicações”, disse André Gasparotti, gestor de projetos de desenvolvimento tecnológico nas áreas de conforto de cabine, design e ruído externo da Embraer.
O projeto está recrutando voluntários para participar dos testes de conforto em aeronaves. Os interessados podem se cadastrar pela página de internet.
São Paulo - A Embraer e a Universidade de São Paulo (USP) inauguraram no dia 5 de abril, nas dependências da Escola Politécnica (Poli), na capital paulista, o Centro de Engenharia de Conforto (CEC).
Construído no âmbito de um projeto realizado pela Embraer com apoio da Fapesp e em parceria com a USP, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o centro de pesquisa visa aperfeiçoar o conforto no interior de aeronaves, harmonizando padrões de estética e de funcionalidade.
Para atingir esse objetivo serão realizados testes com participantes treinados e habituados a viagens aéreas sobre os fatores que influenciam a sensação de conforto no interior de uma aeronave. Entre eles estão vibração, temperatura, pressão, ergonomia e iluminação.
Avaliados nos últimos anos de forma isolada por diferentes grupos das universidades participantes do projeto, juntamente com a equipe técnica da Embraer, esses fatores deverão ser estudados de forma integrada no CEC.
“Os pesquisadores que participam do projeto vinham trabalhando nos últimos três anos em projetos específicos, como os de conforto térmico e vibração. Com a inauguração do centro será possível verificar, por exemplo, como esses dois aspectos se relacionam”, disse Jurandir Itizo Yanagihara, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Poli e coordenador do projeto.
O centro de pesquisas reproduz um aeroporto, com sala de espera para o embarque, painéis de chegada e partida de vôos e rampa de acesso a um simulador de vôo, que simula todas as características do interior da cabine de uma aeronave.
Desenvolvido a partir de um modelo em tamanho real (mock up) e reformado de partes de cabines de jatos comerciais modelos 170 e 190, fabricados pela Embraer, o simulador – que tem 30 assentos e está instalado dentro de uma câmara de pressão –, reproduz condições muito próximas de um vôo real.
“Esse tipo de câmara é única no mundo. Só existe outra similar no Instituto Fraunhofer, na Alemanha, mas que é voltada para aviões de grande porte”, contou Yanagihara.
Segundo Yanagihara, uma das questões que serão avaliadas no novo centro de pesquisas é a influência da pressão interna na cabine sobre o conforto dos passageiros, sobre a qual há divergência na avaliação entre os dois maiores fabricantes de aviões no mundo (Boeing e Airbus) em relação à altitude ideal de vôo para não fazer com que os passageiros sintam mais cansaço durante uma viagem.
“Além de desenvolver modelos para prever o desconforto com variações de pressão dentro da cabine, os modelos também serão alimentados pelo trabalho experimental que estamos desenvolvendo”, disse Yanagihara.
Outros aspectos que estão sendo estudados no projeto são os efeitos da iluminação interna da cabine sobre a sensação de conforto e calor dos passageiros. Por meio de um novo sistema de iluminação de LED aeronáutico, que ainda não está presente nos aviões da Embraer, os pesquisadores avaliam qual a cor e a intensidade mais adequadas para diferentes fases do vôo, como uma cor mais fria e suave na decolagem e mais quente durante o serviço de bordo.
Em outro mock up, também instalado no centro de pesquisa, serão estudadas as possibilidade de controlar a temperatura ao redor dos passageiros (microclima) por meio das saídas de ar ou com sistemas de ventilação e de aquecimento das poltronas.
Os pesquisadores desenvolvem um difusor com uma geometria que cria uma corrente de ar mais circunscrita a uma região, de tal forma que o ambiente e microclima de um passageiro não altere o de seu vizinho de poltrona. “Existe um leque grande de possibilidades de estudos que poderemos realizar”, disse Yanagihara.
Para viabilizar o Centro de Engenharia de Conforto foi necessário desenvolver sistemas inéditos, como o de controle de variação de temperatura e umidade no interior da cabine – criado por uma empresa fundada por um engenheiro formado pela Poli –, e o sistema responsável por reproduzir os efeitos acústicos e de vibração dentro da cabine, construído por pesquisadores participantes do projeto.
Modelo de cooperação
Na avaliação de Mauro Kern, vice-presidente executivo de engenharia e tecnologia da Embraer, o projeto de pesquisa sobre conforto e design de cabines que a empresa conduz em parceria com as universidades está na vanguarda das pesquisas realizadas nessa área e representa um modelo de cooperação entre empresa e instituições de pesquisa para se fazer inovação.
“Ninguém consegue mais evoluir sozinho, somente com base em seus próprios esforços. Cada vez mais precisamos avançar na colaboração, fundindo ideias, como será feito nesse centro de pesquisas de classe mundial, que exigirá um esforço muito grande de coordenação”, disse.
A Embraer já mantinha parcerias de cooperação tecnológica com as universidades do projeto, como a UFSC, com quem realizava pesquisas sobre conforto vibroacústico, além da UFSCar, na área de ergonomia, e com a USP, sobre conforto térmico e pressão de cabine. Em 2005, a empresa procurou Yanagihara para construir uma rede de pesquisa envolvendo as três universidades e grupos de pesquisadores com quem a empresa já vinha realizando projetos.
A rede de pesquisa foi formada por integrantes dos departamentos de Engenharia Mecânica e de Engenharia de Produção da Poli e dos Institutos de Ciências Biomédicas e de Psiquiatria da USP, da engenharia de produção da UFSCar e da engenharia mecânica da UFSC.
Um dos resultados do projeto já absorvidos pela Embraer no desenvolvimento de suas aeronaves foi um modelo de predição de ruídos que a empresa utiliza no desenvolvimento do sistema de ar condicionado de algumas de suas aeronaves.
“Todo conhecimento gerado pelo projeto está sendo absorvido. A ideia é não esperarmos até a conclusão do projeto para usar as ferramentas que estão sendo criadas, mas aproveitarmos as janelas de oportunidades de aplicações”, disse André Gasparotti, gestor de projetos de desenvolvimento tecnológico nas áreas de conforto de cabine, design e ruído externo da Embraer.
O projeto está recrutando voluntários para participar dos testes de conforto em aeronaves. Os interessados podem se cadastrar pela página de internet.