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Comportamento é chave para sucesso das cidades inteligentes

Em meio a tantas tecnologias inovadoras, o elemento mais “humano” ainda é uma incógnita para a implantação de cidades inteligentes

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 1 de novembro de 2011 às 12h34.

São Paulo – População crescendo, demandas de energia maiores, escassez de espaço, trânsito caótico. Esses e outros problemas urbanos poderão ser solucionados em um futuro não muito distante pelas chamadas cidades inteligentes. Criadas do zero (como Masdar, em Abu Dhabi) ou desenvolvidas a partir de uma cidade já existente (como Nova York, nos Estados Unidos), elas integram tecnologias e sistemas que organizam a sociedade de forma mais sustentável.

Alguns exemplos de recursos são os bancos de dados integrados, sistemas de GPS, câmeras de vigilância, controladores de temperatura e gasto de luz e grandes geradores de energia renovável. Em Masdar, a refrigeração dos prédios, que usa energia solar, é ligada automaticamente apenas quando entra alguém.

Já na cidade integrada Corpus Christi, nos Estados Unidos, um computador faz o controle das operações municipais, como tráfego, abastecimento de água, iluminação e aeroportos. Tudo para aumentar a eficiência das operações e reduzir gastos.

Na cidade de Songdo, na Coreia do Sul, um sistema de teleconferência é a esperança para realizar consultas médicas, fazer reuniões de trabalho ou ter aulas sem sair de casa, reduzindo o trânsito. E em King Abdullah Economic City, na Arábia Saudita, a intenção é fazer com que todas as repartições públicas funcionem 24 horas por dia, sete dias por semana e resolvam tudo em até 60 minutos.

A tecnologia, no entanto, não basta para que esses poderosos sistemas high-tech tenham êxito. Um obstáculo que a ciência ainda não transpôs é o comportamento humano. Ninguém, a princípio, discorda da ideia de que o planeta precisa aproveitar melhor seus recursos e criar formas de desacelerar a degradação do ambiente, mas basta afetar a rotina de um grupo para que a reação se torne imprevisível. “Mesmo que haja uma mudança, não tem como saber o resultado efetivamente”, diz Ulisses Mello, diretor do programa de recursos naturais da IBM Brasil.

Para fazer com que as cidades do futuro tenham mais chances de sair do plano das ideias, Mello afirma que a IBM tem feito pesquisas para entender como funciona o comportamento das pessoas e, assim, controlar as reações diante de mudanças na implantação de novos sistemas. “A educação é um meio óbvio, mas a gente está fazendo projetos pilotos em algumas áreas para ver como as pessoas reagem a incentivos para mudar”.


Os testes consistem em dar recompensas para quem estiver disposto a abrir mão de um hábito em prol da comunidade. “Vamos supor que cada casa tenha um medidor de temperatura e que seja possível controlar o nível de ar condicionado dos prédios, de acordo com a necessidade, para economizar energia. Se as pessoas fizerem esse controle, elas pagariam menos pela energia em determinados horários e teriam mais iniciativa para mudar”, afirma.

Às vezes, a recompensa pode ser o próprio resultado da mudança. Ele dá o exemplo de Estocolmo, na Suécia, que, em 2006, implementou um pedágio (no valor de R$ 0,68 a R$ 2,80) para quem quisesse circular com o carro no centro da cidade em determinados horários. Inicialmente criticada pela população, a medida drástica foi aprovada definitivamente um ano depois por plebiscito. Essa mudança só ocorreu porque a população percebeu uma queda de 35% no trânsito e uma forte diminuição da poluição.

Condições

Além do comportamento, as outras duas condições para que as cidades do futuro possam realmente dar certo, de acordo com o diretor da IBM, são a integração de dados e a gestão de processos.

Para fazer uma cidade funcionar sem maiores problemas, é preciso que todos os serviços e informações estejam sincronizados, para evitar, por exemplo, que seja feita uma manutenção de canos subterrâneos em uma rua que, dias antes, passou por uma “operação tapa-buracos”.

Algumas cidades no mundo já possuem essa consciência, como Londres, Nova York e Paris, consideradas cidades “maduras”. Há ainda as cidades na situação média e as “em transição”, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Segundo Ulisses Mello, por estarem em estágios diferentes de desenvolvimento, cada uma tem uma prioridade específica, mas, apesar de parecer impossível solucionar alguns problemas, como a violência e o trânsito, ele tem esperanças. Basta a combinação certa de tecnologia e boa vontade.

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São Paulo – População crescendo, demandas de energia maiores, escassez de espaço, trânsito caótico. Esses e outros problemas urbanos poderão ser solucionados em um futuro não muito distante pelas chamadas cidades inteligentes. Criadas do zero (como Masdar, em Abu Dhabi) ou desenvolvidas a partir de uma cidade já existente (como Nova York, nos Estados Unidos), elas integram tecnologias e sistemas que organizam a sociedade de forma mais sustentável.

Alguns exemplos de recursos são os bancos de dados integrados, sistemas de GPS, câmeras de vigilância, controladores de temperatura e gasto de luz e grandes geradores de energia renovável. Em Masdar, a refrigeração dos prédios, que usa energia solar, é ligada automaticamente apenas quando entra alguém.

Já na cidade integrada Corpus Christi, nos Estados Unidos, um computador faz o controle das operações municipais, como tráfego, abastecimento de água, iluminação e aeroportos. Tudo para aumentar a eficiência das operações e reduzir gastos.

Na cidade de Songdo, na Coreia do Sul, um sistema de teleconferência é a esperança para realizar consultas médicas, fazer reuniões de trabalho ou ter aulas sem sair de casa, reduzindo o trânsito. E em King Abdullah Economic City, na Arábia Saudita, a intenção é fazer com que todas as repartições públicas funcionem 24 horas por dia, sete dias por semana e resolvam tudo em até 60 minutos.

A tecnologia, no entanto, não basta para que esses poderosos sistemas high-tech tenham êxito. Um obstáculo que a ciência ainda não transpôs é o comportamento humano. Ninguém, a princípio, discorda da ideia de que o planeta precisa aproveitar melhor seus recursos e criar formas de desacelerar a degradação do ambiente, mas basta afetar a rotina de um grupo para que a reação se torne imprevisível. “Mesmo que haja uma mudança, não tem como saber o resultado efetivamente”, diz Ulisses Mello, diretor do programa de recursos naturais da IBM Brasil.

Para fazer com que as cidades do futuro tenham mais chances de sair do plano das ideias, Mello afirma que a IBM tem feito pesquisas para entender como funciona o comportamento das pessoas e, assim, controlar as reações diante de mudanças na implantação de novos sistemas. “A educação é um meio óbvio, mas a gente está fazendo projetos pilotos em algumas áreas para ver como as pessoas reagem a incentivos para mudar”.


Os testes consistem em dar recompensas para quem estiver disposto a abrir mão de um hábito em prol da comunidade. “Vamos supor que cada casa tenha um medidor de temperatura e que seja possível controlar o nível de ar condicionado dos prédios, de acordo com a necessidade, para economizar energia. Se as pessoas fizerem esse controle, elas pagariam menos pela energia em determinados horários e teriam mais iniciativa para mudar”, afirma.

Às vezes, a recompensa pode ser o próprio resultado da mudança. Ele dá o exemplo de Estocolmo, na Suécia, que, em 2006, implementou um pedágio (no valor de R$ 0,68 a R$ 2,80) para quem quisesse circular com o carro no centro da cidade em determinados horários. Inicialmente criticada pela população, a medida drástica foi aprovada definitivamente um ano depois por plebiscito. Essa mudança só ocorreu porque a população percebeu uma queda de 35% no trânsito e uma forte diminuição da poluição.

Condições

Além do comportamento, as outras duas condições para que as cidades do futuro possam realmente dar certo, de acordo com o diretor da IBM, são a integração de dados e a gestão de processos.

Para fazer uma cidade funcionar sem maiores problemas, é preciso que todos os serviços e informações estejam sincronizados, para evitar, por exemplo, que seja feita uma manutenção de canos subterrâneos em uma rua que, dias antes, passou por uma “operação tapa-buracos”.

Algumas cidades no mundo já possuem essa consciência, como Londres, Nova York e Paris, consideradas cidades “maduras”. Há ainda as cidades na situação média e as “em transição”, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Segundo Ulisses Mello, por estarem em estágios diferentes de desenvolvimento, cada uma tem uma prioridade específica, mas, apesar de parecer impossível solucionar alguns problemas, como a violência e o trânsito, ele tem esperanças. Basta a combinação certa de tecnologia e boa vontade.

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