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Buscas na web podem identificar câncer de pulmão, diz Microsoft

O estudo mostra que é possível utilizar dados de buscas para dar a médicos motivos suficientes para realizar exames de detecção de câncer mais cedo

Bing: os pesquisadores avaliaram pessoas que buscaram no Bing algo que indicasse um diagnóstico recente de câncer de pulmão (Scott Eells/Bloomberg)

Bing: os pesquisadores avaliaram pessoas que buscaram no Bing algo que indicasse um diagnóstico recente de câncer de pulmão (Scott Eells/Bloomberg)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 11 de novembro de 2016 às 17h03.

Seattle - Pesquisadores da Microsoft querem dar a pacientes e médicos uma nova ferramenta para identificar o câncer mais cedo: as buscas na internet.

O câncer de pulmão pode ser detectado um ano antes do que com os métodos atuais de diagnóstico em mais de um terço dos casos por meio da análise das buscas que um paciente faz na internet por sintomas e dados demográficos que os coloquem em maior risco, segundo pesquisa da Microsoft publicada na quinta-feira na revista científica JAMA Oncology.

O estudo mostra que é possível utilizar dados de buscas para dar a pacientes e médicos motivos suficientes para realizar exames de detecção de câncer mais cedo, melhorando as perspectivas de tratamento de câncer de pulmão, a principal causa de morte por câncer em todo o mundo.

Para treinar seus algoritmos, os pesquisadores Ryen White e Eric Horvitz escanearam buscas anônimas no Bing, o motor de busca da companhia.

Eles avaliaram pessoas que buscaram no Bing algo que indicasse um diagnóstico recente de câncer de pulmão, como perguntas sobre tratamentos específicos ou a frase “acabo de ser diagnosticado com câncer de pulmão.”

Depois, eles recuperaram as buscas anteriores do usuário para ver se havia outras perguntas que pudessem indicar a possibilidade de câncer antes do diagnóstico.

Eles analisaram por exemplo buscas relacionadas aos sintomas, incluindo bronquite, dor no peito e sangue na expectoração.

Os pesquisadores avaliaram outros fatores de risco, como gênero, idade e raça e verificaram se as pessoas que efetuavam as buscas moravam em áreas com níveis elevados de amianto e radônio, que aumentam o risco de câncer de pulmão.

Também procuraram indicativos de que o usuário fosse fumante, checando se eles buscaram produtos para ajudar a deixar o fumo, como chiclete Nicorette.

A efetividade desse método pode depender de quantos falsos positivos -- pessoas que acabam não tendo câncer, mas são informadas de que podem ter -- você está disposto a aceitar, disseram os pesquisadores.

Ter mais falsos positivos também significa detectar mais casos mais cedo. Com um falso positivo em 1.000, 39 por cento dos casos podem ser detectados um ano antes, segundo o estudo.

A redução para um falso positivo por 100.000 pode permitir que os pesquisadores detectem 3 por cento dos casos um ano antes, disse Horvitz. A companhia publicou uma pesquisa similar sobre câncer de pâncreas em junho.

O braço de pesquisa da Microsoft está trabalhando em uma série de abordagens tecnológicas diferentes para melhorar o tratamento e o diagnóstico do câncer.

Em setembro, a companhia publicou uma pesquisa sobre o uso de algoritmos de aprendizagem de máquina para formular melhores combinações customizadas de medicamentos contra o câncer para um tumor particular e uma iniciativa que tem como objetivo possibilitar que algum dia os cientistas programem células para combater a doença.

“Esta é uma ferramenta muito poderosa”, disse Joe Gray, professor de engenharia biomédica da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, nos EUA.

“Estamos interessados em identificar grupos de pacientes que possam estar sob risco de câncer. Uma das dificuldades que temos na comunidade em geral é, se quisermos realmente nos concentrar em desenvolver exames melhores, como encontramos os pacientes?”

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