Tecnologia

As tecnologias que melhoraram em 2020, e as que precisam melhorar em 2021

De videoconferências a apps fitness, a melhor tecnologia nos ajudou em um ano difícil. Mas ainda houve pontos baixos

De videoconferências a apps fitness, a melhor tecnologia nos ajudou em um ano difícil. Mas ainda houve pontos baixos. (Glenn Harvey/The New York Times)

De videoconferências a apps fitness, a melhor tecnologia nos ajudou em um ano difícil. Mas ainda houve pontos baixos. (Glenn Harvey/The New York Times)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 07h00.

Última atualização em 6 de janeiro de 2021 às 11h47.

Para ser gentil, 2020 foi barra-pesada. Mais do que nunca, recorremos às tecnologias pessoais neste ano em busca de relaxamento, saúde e conexão com as pessoas com quem nos importamos.

Aplicativos de chat por vídeo, como o Webex e o Google Meet, tornaram-se ferramentas de trabalho cruciais. Depois do fechamento das academias, aplicativos de exercícios virtuais como o Peloton passaram a ser produtos de primeira necessidade. Bicicletas e patinetes elétricos, que já foram fonte de frustração, encontraram seu momento quando as pessoas buscaram alternativas ao transporte público e aos aplicativos de carona.

Ainda assim, muitas tecnologias nos decepcionaram.

Alguns dos aparelhos da Amazon, como a câmera de vigilância Ring, mostraram-se mais sinistros que úteis. Aplicativos de entrega com acréscimos secretos elevaram o preço dos pedidos. Os novos smartphones com a tela dobrável não passaram de um truque. O mesmo vale, ao menos por enquanto, para o 5G, a próxima geração de tecnologia celular que não cumpre a promessa de fornecer velocidades estonteantes.

Nos últimos anos, tenho revisado as tecnologias que melhoraram consideravelmente e as que ainda precisam de conserto. A seguir, os pontos altos e baixos de 2020.

Tecnologias que melhoraram

Videochamadas

'Você consegue me ouvir agora?'

Antes da pandemia, muitas pessoas odiavam as reuniões por videochamada. A qualidade de áudio e vídeo geralmente era baixa e havia atraso. Além disso, muita gente não sabia como silenciar o próprio microfone quando estava falando.

Então, no início da pandemia, o aplicativo Zoom começou a aparecer nas manchetes, por razões positivas e negativas. Centenas de milhões de pessoas, desesperadas para manter o contato com amigos e colegas de trabalho, fizeram contas no serviço de videoconferência para virtualizar as reuniões de trabalho, as salas de aula, os happy hours e até as aulas de ioga. Porém, com a popularidade do Zoom, percebemos falhas na segurança que permitiram a invasão de reuniões privadas, entre outras falhas.

Mas algo positivo surgiu das falhas do Zoom: elas criaram uma demanda por alternativas mais robustas.

Ao longo do último ano, muitos aplicativos de videoconferência melhoraram significativamente. O Google fez atualizações significativas no Meet, permitindo conversas por vídeo com centenas de participantes; a Microsoft e a Cisco também atualizaram seus produtos, o Teams e o Webex. O Zoom, que ainda está sendo avaliado, corrigiu alguns dos problemas de segurança.

Nesse ritmo, muitos vamos continuar a usar aplicativos de videoconferência para executar muitas tarefas, mesmo depois que a vida voltar mais ou menos ao normal.

Tecnologias esportivas

Embora aparelhos como o Fitbits e o Apple Watch sejam populares há anos, muitas de suas aplicações ainda estão engatinhando. A contagem de passos feitas por esses aparelhos é imprecisa, e os dados podem causar mais ansiedade e tirar nosso sono. Ainda não se sabe se o monitoramento de oxigênio no sangue oferecido pelo novo Apple Watch será útil.

No entanto, com as academias de ginásticas fechadas, fomos forçados a encontrar maneiras de manter a forma sem sair de casa. A Peloton, conhecida por vender bicicletas ergonômicas e esteiras caras, chamou a atenção de todos. Seus vídeos de exercícios guiados, que não dependem de aparelhos da Peloton, são tão bem produzidos que se tornaram fortes candidatos a substituir treinadores reais. Em dezembro, a Apple lançou uma cópia, o Fitness+, serviço de assinatura exclusivo para usuários do Apple Watch, com qualidade tão alta quanto a do Peloton.

Este ano representou uma virada para as tecnologias de saúde e bem-estar: começamos a ter acesso a produtos que realmente podem nos tornar mais saudáveis. Sem truques.

Veículos motorizados de duas rodas

Antes de 2020, os patinetes elétricos causavam muitas dores de cabeça. Empresas como a Bird enchiam as ruas das cidades com patinetes que podiam ser alugados por meio de aplicativos. Mas as cidades não tinham regulamentação para os veículos de duas rodas. Como consequência, muitas pessoas andavam e estacionavam ilegalmente nas calçadas, colocando em risco pedestres e pessoas com deficiência.

Em 2020, as coisas mudaram. Em alguns estados, como a Califórnia e Nova York, regulamentações foram instituídas para tornar o uso dos patinetes mais seguro. E, depois que algumas autoridades passaram a desencorajar a população a usar o transporte público para trabalhar no início da pandemia, bicicletas e patinetes elétricos viveram seu momento de maior sucesso. Muitas pessoas descobriram que usar esses veículos elétricos de duas rodas é muito divertido e bom para o meio ambiente. A melhor parte é que elas deixaram os carros de lado.

O único ponto negativo é que a demanda por bicicletas elétricas de alta qualidade está tão elevada que é difícil encontrar uma para comprar.

Tecnologias que precisam melhorar

Aparelhos sinistros da Amazon

Qualquer um pensaria que um drone com inteligência artificial que voa ao redor de sua casa para gravar vídeos é algo digno de um filme distópico de ficção científica. Porém a Amazon achou que era uma boa ideia lançar um produto como esse, o que diz muito sobre a filosofia de seus produtos. A tecnologia não é necessariamente ruim; o problema é a falta de empatia.

O drone só será lançado em 2021, mas já dá para ver como alguns aparelhos da Amazon ficaram sinistros em 2020. O caso mais famoso é o da Ring. Empresa pertencente à Amazon que produz câmeras de vigilância, incluindo campainhas ligadas à internet, ela foi alvo de uma série de escândalos, entre os quais o de quatro funcionários que observavam os vídeos dos consumidores de maneira inapropriada.

Mais recentemente, a Amazon lançou a Halo, pulseira de monitoramento de exercícios físicos que tornou as coisas ainda mais sinistras. Ela conta com um pequeno microfone que escuta suas conversas para avaliar como seu humor soa para as pessoas. (No meu caso, a Halo relatou que eu parecia enojado e irritado quando comentei com minha esposa que aquele produto era uma ideia ruim.) Também conta com um aplicativo que tira fotos do seu corpo seminu para medir sua gordura corporal – ferramenta motivacional muito negativa para quem quer entrar em forma.

A Amazon já fez coisas melhores. O Kindle continua a ser o melhor produto para ler livros digitais. Tomara que os novos aparelhos sejam parte de um experimento temporário, e não de uma tendência duradoura.

Aplicativos de entrega

Por um lado, aplicativos de entrega como o Uber Eats, o DoorDash e o Postmates são fácies de usar e foram muito úteis em 2020. Por outro lado, muitos deles nos surpreendem com cobranças secretas pelos serviços.

Em uma análise que fiz em 2020, descobri que a maioria dos aplicativos tentou esconder aumentos nos preços misturando impostos e taxas de serviço como um único item na fatura. Os preços de muitos produtos eram maiores nos aplicativos do que nos restaurantes. No pior exemplo, descobri que pedir dois sanduíches do Subway pelo Uber Eats custava US$ 25,25, valor 91 por cento mais alto que aquele que se pagaria diretamente no restaurante.

No fim das contas, é melhor pedir à moda antiga e ligar diretamente para o restaurante.

Telefones dobráveis

Em 2020, fabricantes de telefones como a Samsung, a Motorola e a Huawei lançaram smartphones dobráveis, que podem ser dobrados e desdobrados para aumentar ou diminuir o tamanho da tela.

Para ter essa vantagem, você precisa aceitar as seguintes desvantagens: os aparelhos custam mais de US$ 1.300, a tecnologia das telas é frágil e as dobradiças costumam quebrar. Com o tempo, também fica entediante manusear os smartphones: antes de usá-los, você tem de escanear sua impressão digital ou seu rosto.

Os aparelhos dobráveis são a reinvenção de uma velha ideia. Funcionam como os dobráveis dos anos 1990 e do início dos anos 2000. Mas quem foi que pediu a volta desses telefones? Não consigo pensar em ninguém.

5G

Você já ouviu dizer que o 5G é super-rápido? Provavelmente, pois as operadoras gastaram milhões de dólares fazendo propaganda da nova geração de tecnologia sem fio.

Infelizmente, a realidade do 5G é mais complicada. A tecnologia pode ser mais rápida que seu antecessor, o 4G, mas com muitas limitações.

Existem dois tipos principais de 5G: uma versão que é extremamente rápida – capaz de baixar um filme em poucos segundos – e outra que é só um pouco mais rápida que o 4G.

Nos últimos dois anos, operadoras como a AT&T e a Verizon se gabaram das velocidades altíssimas, mas foram menos transparentes em relação às limitações técnicas. A versão rápida do 5G funciona em distâncias menores e não consegue atravessar paredes muito bem. Portanto, no futuro próximo só teremos conexão em áreas externas, como parques, mas não em casa e no escritório.

Por enquanto, o tipo menos empolgante de 5G é o que chegará à maioria dos lugares, e de maneira inconsistente. Em meus testes, o 5G era no máximo duas vezes mais rápido que o 4G. Com frequência, o 5G apresentava a mesma velocidade do 4G e às vezes era mais lento.

Novas tecnologias celulares sempre demoram a amadurecer, mas as operadoras fizeram promessas demais sobre o que poderiam oferecer neste momento. Tomara que as coisas melhorem em 2021.

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