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Apple tem vantagem em relação ao Google em realidade aumentada

Apple pode colocar o software em seus aparelhos com mais facilidade, uma vantagem que ajudará a empresa a recuperar rapidamente o terreno perdido

Apple: realidade virtual submerge os usuários em uma experiência completamente digital (Lucy Nicholson/Reuters)

Apple: realidade virtual submerge os usuários em uma experiência completamente digital (Lucy Nicholson/Reuters)

Fernando Pivetti

Fernando Pivetti

Publicado em 14 de julho de 2017 às 12h00.

Última atualização em 14 de julho de 2017 às 17h22.

Até o fim do ano a Apple colocará software de realidade aumentada em um bilhão de dispositivos móveis.

A Google, da Alphabet, se antecipou à Apple em três anos com o lançamento de ferramentas RA, mas seus recursos estão em muito poucos telefones e não ganharam uma ampla aceitação.

Em contrapartida, a Apple pode facilmente colocar o software em seus aparelhos, uma vantagem que ajudará a empresa a recuperar rapidamente o terreno perdido, dizem os desenvolvedores.

“Quando estiverem disponíveis, meus aplicativos chegarão a milhões de telefones”, disse Alper Guler, que produz programas de RA. “Trata-se de uma grande atualização que nos permite avançar muito mais.”

A RA sobrepõe informações digitais -- por exemplo, personagens de videogames ou preços de produtos -- à visão de uma pessoa do mundo real.

A realidade virtual, por outro lado, submerge os usuários em uma experiência completamente digital. O mercado para ambas as tecnologias poderia valer US$ 182 bilhões em 2025, segundo o Goldman Sachs.

No mês passado, a Apple revelou o ARKit, a primeira incursão da empresa com sede em Cupertino, Califórnia, neste campo. A ferramenta permite que os desenvolvedores criem aplicativos de RA para o iPhone e o iPad.

A Google revelou o Tango, seu sistema de software AR, em 2014, e exibiu a versão mais recente em janeiro passado. Diferentemente do ARKit, ele requer sensores infravermelhos de percepção de profundidade, e atualmente existem apenas dois celulares com a tecnologia: o Phab 2 Pro da Lenovo Group e o ZenFone AR da Asustek Computer.

O ARKit da Apple usa o hardware do iPhone, como câmera e giroscópio, para obter resultados similares.

O problema central para a Google é a chamada fragmentação. Quando a empresa atualiza seu sistema operacional para dispositivos móveis Android, os fabricantes de hardware e as operadoras das redes de celulares muitas vezes demoram para enviar o novo software aos telefones.

Com isso, os recursos mais novos, como o Tango, chegam a apenas uma fração dos mais de 2 bilhões de dispositivos ativos mensais do Android.

A Apple projeta tanto o software quanto o hardware, o que lhe garante um maior controle sobre quando e como seu sistema operacional é carregado no iPhone.

O resultado: 86 por cento dos dispositivos móveis da Apple rodam o último software iOS, enquanto 11,5 por cento dos aparelhos Android rodam o sistema operacional Android mais recente.

Esta é uma grande desvantagem para quem busca construir um novo ecossistema de RA que leva aplicativos produzidos por desenvolvedores terceirizados a milhões de consumidores usuários de smartphones.

O Tango está em tão poucos aparelhos Android que os desenvolvedores não querem correr o risco de produzir aplicativos para o sistema, porque temem que ninguém vai usá-los.

Com a Apple acontece o contrário: se apenas metade de seus aparelhos ativos baixar o novo sistema operacional iOS 11 no último trimestre do ano, serão 500 milhões de unidades de iPhone e iPad com ARKit (mais de 1 bilhão de dispositivos Apple rodam o iOS, mas alguns modelos anteriores serão incompatíveis com o novo sistema operacional). Ainda assim, esse é um mercado enorme e quase instantâneo a ser explorado pelos desenvolvedores de RA.

A Google preferiu não comentar o assunto. No entanto, a empresa está tentando resolver o problema da fragmentação. O Project Treble, revelado em maio, reprojetou o Android para que a atualização de aparelhos se torne mais rápida e barata para as fabricantes.

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