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Apple revê estratégia de lançamentos anuais e adota novo ritmo

A empresa pode estar abandonando o ciclo anual de produtos, optando por lançamentos mais distribuídos ao longo do ano

Apple tem flexibilizado o lançamento de produtos e revê estratégia de novidades anuais. (Leandro Fonseca/Exame)

Apple tem flexibilizado o lançamento de produtos e revê estratégia de novidades anuais. (Leandro Fonseca/Exame)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 7 de outubro de 2024 às 12h15.

Apple, conhecida por seu rígido ciclo anual de lançamentos, parece estar mudando sua estratégia. A empresa, que por anos atualizou seus produtos mais populares anualmente, como iPhones e iPads, está adotando um ritmo mais flexível para suas novas introduções. Essa mudança, ainda que sutil, sinaliza uma nova abordagem que visa adaptar-se ao mercado dinâmico, respondendo a desafios e oportunidades com mais rapidez. As informações são da Bloomberg.

Historicamente, a Apple realizava uma apresentação em junho para seus lançamentos de software, seguida por dispositivos em setembro e outubro. Esse padrão permitia que a empresa sincronizasse o desenvolvimento de produtos com a expectativa do mercado. Os consumidores e investidores esperavam o lançamento de novos iPhones e iPads, enquanto os funcionários da empresa se preparavam para um calendário fixo, direcionando esforços para as principais atualizações do segundo semestre. Isso, sem dúvida, impulsionava as vendas de final de ano, um período crucial para a Apple.

Esse modelo de lançamento padronizado sempre teve várias vantagens. Primeiro, ele permitia que a Apple mantivesse sua equipe concentrada em metas definidas, eliminando dúvidas sobre quando produtos específicos precisavam estar prontos. Em segundo lugar, fornecia ao mercado financeiro uma previsibilidade que ajudava a definir expectativas, beneficiando a avaliação da empresa por investidores e analistas. Além disso, facilitava o planejamento de marketing e relações públicas, criando um grande evento anual que atraía atenção global e assegurava a mídia de volta ao trabalho pós-verão para cobrir o lançamento do iPhone.

Contudo, à medida que a linha de produtos da Apple se expandiu, essa abordagem tem se mostrado cada vez menos prática. A empresa atualmente oferece não só múltiplas versões de iPhones, mas também iPads, Macs, e dispositivos como o Apple Watch e AirPods, cada um com especificidades de desenvolvimento e ciclo de vida. Atualizar todos esses dispositivos em uma base anual coloca uma pressão considerável sobre a equipe e pode resultar em lançamentos apressados.

Flexibilização nos lançamentos

Já em 2023, a Apple demonstrou sinais de flexibilização. Novos iPads foram lançados em maio, e um HomePod atualizado chegou ao mercado em janeiro. Além disso, o MacBook Air de 15 polegadas foi apresentado em junho, no evento WWDC. Esse movimento indica que a empresa está cada vez mais disposta a romper com seu tradicional cronograma de outono, favorecendo uma abordagem mais diluída ao longo do ano.

Essa mudança reflete uma percepção dentro da Apple de que nem sempre é vantajoso manter um calendário rígido. Recentemente, a empresa também teve de lidar com atrasos em funcionalidades anunciadas, como ocorreu com o iPadOS 18, que sofreu com falhas técnicas no modelo iPad Pro. O watchOS também enfrentou problemas em suas versões beta, evidenciando a dificuldade de entregar inovações de software junto com o lançamento dos dispositivos.

Nos próximos meses, a Apple deve continuar essa tendência de lançamentos espaçados. Novos MacBook Pro, iMac e iPad mini devem chegar ao mercado até o final de outubro. No primeiro semestre de 2025, a empresa já planeja apresentar novos modelos de MacBook Air e iPhone SE, além de atualizações para o iPad Air e o AirTag. Esse cronograma diluído permite que a empresa coordene lançamentos de hardware com atualizações de software, evitando a pressão de realizar grandes anúncios em um único evento.

Para o consumidor, essa abordagem oferece um fluxo contínuo de novidades, permitindo que novos dispositivos cheguem ao mercado quando realmente estiverem prontos, em vez de forçar a empresa a seguir um calendário inflexível. Além disso, os lançamentos em períodos variados ao longo do ano ajudam a Apple a manter uma presença constante no mercado, reforçando a percepção de inovação contínua.

Para a Apple, esse novo modelo de lançamentos contínuos também representa uma oportunidade de diversificar suas fontes de receita ao longo do ano. Enquanto o iPhone deve continuar com seu ciclo anual, produtos como o Apple Watch Ultra e o SE podem seguir um ciclo de atualização bienal. Essa abordagem não apenas dilui o risco de depender do sucesso de um único evento, como também permite que a empresa seja mais seletiva sobre quais produtos atualizar, e quando.

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