Tecnologia

Apple desenvolve telas para abandonar as da Samsung

O ambicioso empreendimento é o mais recente exemplo de uma tentativa da Apple de desenvolver internamente componentes fundamentais

iPhone X configurando reconhecimento facial durante apresentação para mídia em Pequim, China (Thomas Peter/Reuters)

iPhone X configurando reconhecimento facial durante apresentação para mídia em Pequim, China (Thomas Peter/Reuters)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 19 de março de 2018 às 11h25.

A Apple está projetando e produzindo as telas de seus próprios dispositivos pela primeira vez, usando uma instalação secreta de fabricação perto de sua sede, na Califórnia, para fazer pequenas quantidades de telas para testes, de acordo com pessoas a par da situação.

A gigante da tecnologia está fazendo um investimento significativo no desenvolvimento de telas MicroLED da próxima geração, disseram as pessoas, que pediram anonimato ao comentar o planejamento interno. As telas MicroLED usam compostos emissores de luz diferentes dos que são usados pelas telas OLED atuais e prometem tornar os futuros aparelhos mais finos e brilhantes e reduzir o consumo de energia deles.

Essas telas são muito mais difíceis de produzir do que as telas OLED, e a empresa quase descartou o projeto há mais ou menos um ano, disseram as pessoas. Desde então, os engenheiros progrediram e a tecnologia agora está em estágio avançado, disseram, mas é provável que os consumidores tenham que esperar alguns anos para ver os resultados.

O ambicioso empreendimento é o mais recente exemplo de uma tentativa da Apple de desenvolver internamente componentes fundamentais. A empresa cria os chips que alimentam seus dispositivos móveis há vários anos. A incursão para o âmbito das telas poderia prejudicar a longo prazo diversos fornecedores de fabricantes de telas, como Samsung Electronics, Japan Display, Sharp e LG Display, a empresas como a Synaptics, que produzem telas de interface para chips. Também poderia afetar a Universal Display, uma das principais desenvolvedoras da tecnologia OLED.

Controlar a tecnologia MicroLED ajudaria a Apple a se destacar no mercado de smartphones, que está amadurecendo, e a superar rivais como a Samsung, que conseguiram promover telas superiores. Ray Soneira, que administra a DisplayMate Technologies, que testa telas, diz que produzir o próprio design é uma "oportunidade de ouro" para a Apple. "Todos podem comprar uma tela OLED ou LCD", diz ele. "Mas a Apple poderia ser dona da MicroLED."

Nada disso será fácil. A produção em massa das novas telas exigirá novos equipamentos de fabricação. Quando ficar pronta, talvez a tecnologia já tenha sido suplantada por outra coisa. A Apple pode se deparar com obstáculos intransponíveis e abandonar ou adiar o projeto. Este também é um empreendimento caro.

No fim, a Apple provavelmente terceirizará a produção de sua nova tecnologia de tela para minimizar o risco de prejudicar seus resultados por problemas de fabricação. A instalação da Califórnia é muito pequena para produzir em massa, mas a empresa quer manter a tecnologia própria longe de seus parceiros o maior tempo possível, diz uma das pessoas. "Nós investimos muito dinheiro nessa instalação", disse esta pessoa. "Ela é grande o suficiente para as etapas de engenharia [e] nos permite manter tudo em casa durante os estágios de desenvolvimento."

Uma porta-voz da Apple preferiu não comentar.

Atualmente, os smartphones e outros dispositivos usam tecnologia de telas padrão. A tela do Apple Watch é feita pela LG Display. Assim como a do telefone Pixel, do Google, que é maior. O iPhone X, o primeiro telefone OLED da Apple, usa tecnologia Samsung. As fabricantes de telefone ajustam as telas às suas especificações, e a Apple há anos calibra as telas do iPhone para aumentar a precisão de cores. No entanto, esta é a primeira vez que a Apple projeta telas do início ao fim.

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